Mensagens hackeadas

Deltan reconhece que procuradores cogitaram pedir suspeição de Gilmar

Segundo o coordenador da Lava Jato, uma série de medidas foram cogitadas relativas a decisões do ministro do STF

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O procurador Deltan Dallagnol e o ministro Gilmar Mendes. Foto: Reprodução

O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, confirmou que os procuradores da Lava Jato cogitaram encaminhar um pedido de suspeição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Em entrevista à revista Época, publicada nesta sexta-feira, 9, o procurador disse que uma série de medidas foram cogitadas relativas a decisões do ministro.

“Cogitamos recursos que sugerimos para a PGR (Procuradoria-Geral da República), cogitamos encaminhar pedido de suspeição de Gilmar Mendes, estudamos se os atos dele configurariam, para além de atos sob suspeição, infrações político-administrativas”, disse o coordenador, na entrevista.

Mensagens hackeadas e divulgadas pelo portal UOL nesta semana revelam que procuradores da Lava Jato agiram para tentar incriminar Gilmar Mendes. Segundo as mensagens, Dallagnol usou o partido Rede Sustentabilidade como uma espécie de laranja para propor uma ação no STF contra o magistrado.

Um dia antes, diálogos revelados pelo El País indicaram que o procurador cogitou a possibilidade de acionar até a Suíça para buscar provas contra o ministro do Supremo. Os dois veículos firmaram parceria com o site The Intercept Brasil, que obteve de uma fonte anônima uma série de diálogos dos procuradores da Lava Jato.

Na entrevista à Época, Dallagnol admite que os procuradores também conversaram sobre a possibilidade de solicitar o impeachment de Gilmar, mas que o ato não foi oficializado.

“Se tivéssemos entendido que era o caso de fazer isso, teríamos encaminhado uma representação pelo impeachment. Como é público, não fizemos. Nós encaminhamos, sim, como é público, uma representação pela suspeição do ministro Gilmar Mendes. E tudo isso aconteceu sempre de modo legal e legítimo”.

Como vem fazendo desde o início das publicações dos diálogos, Dallagnol colocou em dúvida a veracidade do conteúdo das mensagens, mas quando pressionado pelo jornalista de que esse seria um conteúdo que ele deveria se lembrar, Dallagnol respondeu: “É possível que tenhamos conversado isso em nosso grupo de mensagens. Mas, de novo: nada de errado, nada de ilícito”.

Nos diálogos divulgados na última terça-feira pelo site do jornal El País, em conjunto com o The Intercept Brasil, mostram que os procuradores da Lava Jato se mobilizaram para buscar ligações entre o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, tido como o operador financeiro do PSDB, e o ministro Gilmar Mendes.

Dallagnol teria dito nas mensagens que havia um boato em São Paulo que parte do dinheiro de Preto mantido em contas na Suíça seria de Gilmar. Procurado pelo UOL, o ministro negou ter conta fora do país.

Em declaração à Época, o procurador desmentiu as informações mostradas nos diálogos. “Jamais chegou essa informação de que contas do Paulo Preto teriam vinculação com o ministro Gilmar Mendes. Jamais chegou uma notícia…”, explicou.

Segundo ele, caso isso ocorresse, o caso seria encaminhado para a PGR e para o STF, por conta do foro privilegiado. (Com informações da Folhapress)

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