Truculência x alternância

Cúpula do TSE vê invasão do Capitólio dos EUA como alerta para democracia no Brasil

Fachin e Barroso condenam revolta contra resultado das urnas, com quatro mortos em Washington

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Ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin

O ministro Luiz Edson Fachin, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta quinta-feira (7) que a democracia do Brasil deve ficar em alerta, por causa da invasão violenta ao Capitólio dos Estados Unidos para tentar impedir a certificação da eleição do presidente democrata Joe Biden, questionada sem provas pelo atual presidente republicano derrotado nas urnas, Donald Trump.

Para Fachin a alternância de poder não pode ser motivo para truculência, como a que deixou ontem (6) um saldo de quatro mortes, na capital dos EUA, Washington. Suas declarações foram publicadas em nota, horas depois de o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso também ter condenado a exposição do que chamou de verdadeira face: antidemocrática e truculenta.

“A violência cometida, nesse início de 2021, contra o Congresso norte-americano deve colocar em alerta a democracia brasileira. Na truculência da invasão do Capitólio, a sociedade e o próprio Estado parecem se desalojar de uma região civilizatória para habitar um proposital terreno da barbárie. A alternância de poder não pode ser motivo de rompimento, pois participa do conceito de república”, destaca.

Fachin também defendeu a responsabilização, processo público e transparente, daqueles que desestabilizarem a renovação do poder ou confrontem falsamente a integridade das eleições.

“Em outubro de 2022 o Brasil irá às urnas nas eleições presidenciais. Eleições periódicas de acordo com as regras estabelecidas na Constituição e uma Justiça Eleitoral combatendo a desinformação são imprescindíveis para a democracia e para o respeito dos direitos das gerações futuras. Quem desestabiliza a renovação do poder ou que falsamente confronte a integridade das eleições deve ser responsabilizado em um processo público e transparente. A democracia não tem lugar para os que dela abusam. Alarmar-se pelo abismo à frente, defender a autonomia e a integridade da Justiça Eleitoral e responsabilizar os que atentam contra a ordem constitucional são imperativos para a defesa das democracias”, completou Fachinm na nota.

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Foto: Reprodução de transmissão

Fascismo e sectarismo odioso

Na noite de ontem, o presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, se manifestou sobre o episódio no Congresso americano pelas redes sociais. “No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apoiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”.

O ministro do STF e ex-presidente do TSE, Gilmar Mendes, também se manifestou sobre o ataque à democracia. “A invasão do Capitólio norte-americano revela as graves consequências do sectarismo político odioso. O episódio reforça a importância de uma Justiça Eleitoral altiva. Notícias falsas e milícias digitais não apenas corroem a democracia: elas colocam em risco a vida humana”, destacou no Twitter.

Alcolumbre e Maia insistem em manipular Constituição para se reelegerem. Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia. Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

Congresso brasileiro reagiu

Pelo Twitter, o presidente do Senado brasileiro, Davi Alcolumbre (DEM-AP), comentou que a Casa “envia aos congressistas e ao povo americano nossa solidariedade e nosso apoio”. “Defendo, como sempre defendi, que a democracia deve ser respeitada e que a vontade da maioria deve prevalecer”, completou

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, classificou a invasão do Congresso norte-americano como “um ato de desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições”. “Fica cada vez mais claro que o único caminho é a democracia, com diálogo e respeitando a Constituição”, publicou.

O ataque

O protesto interrompeu os trabalhos dos congressistas durante várias horas, e o confronto entre manifestantes e policiais deixou pelo menos quatro pessoas mortas e mais de 50 detidas. Após a certificação pelo Congresso, Trump prometeu uma “transição ordeira”.

A sessão de confirmação começou ontem (6) por volta das 13h (15h no horário de Brasília), mas foi interrompida meia hora depois, após uma invasão violenta do Capitólio por manifestantes que participavam de um protesto em Washington. A sessão só foi retomada às 20h (22h, horário local). (Com informações da Agência Brasil)

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