Operação Fogo do Sairé

Após audiência de custódia, juiz mantém prisão de brigadistas no Pará

Polícia suspeita que o grupo tenha relação com os incêndios ocorridos em setembro deste ano

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Incêndio em Alter do Chão. Foto: Marlena Pinheiro Soares/Arquivo pessoal

Após audiência de custódia realizada na manhã desta quarta-feira, 27, o juiz Alexandre Rizzi, da Justiça Estadual do Pará, decidiu manter a prisão preventiva dos quatro brigadistas detidos ontem, 26, em Alter de Chão, balneário de Santarém (1.231 km de Belém).

O magistrado prometeu reavaliar as prisões dentro de dez dias, quando será encerrado o prazo para a conclusão do inquérito pela Polícia Civil do Pará.

Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner foram presos no âmbito da operação Fogo do Sairé, que apura a origem dos incêndios que atingiram a áreas de proteção ambiental de Alter do Chão em setembro deste ano.

De acordo com o advogado Wlandre Leal, responsável pela defesa dos brigadistas, o juiz alegou a gravidade dos fatos e a repercussão do caso para justificar sua decisão, manter as prisões.

Segundo a Polícia Civil, há indícios de que ONGs, entre elas a Brigada de Incêndio de Alter do Chão, tenham atuado como causadoras do incêndio.

Responsável pela investigação da Polícia Civil, o delegado José Humberto Melo Júnior,  uma das provas de que os brigadistas estariam no local no início do incêndio foi um vídeo publicado por eles mesmos na plataforma YouTube. “Eles publicaram uma imagem de um local onde estão só eles e o fogo está começando.”

Em nota, a ONG Brigada Alter do Chão rebateu argumentos que embasaram a decisão da Polícia Civil de pedir a prisão dos brigadistas.

Sobre os vídeos publicados na plataforma YouTube, a Brigada informa que não teve acesso a tais vídeos, desconhece seu teor e elenca duas hipóteses.

Uma delas é que as imagens sejam de treinamento de voluntários da Brigada, em que focos de fogo controlados são criados para exercícios práticos. A outra hipótese é de que os vídeos mostrem uma ação conjunta de brigadistas e bombeiros utilizando a tática conhecida como “fogo contra fogo”.

Ainda de acordo com o delegado, a brigada obteve um financiamento de R$ 300 mil por causa dos incêndios, mas teria declarado publicamente apenas o recebimento de R$ 100 mil. “Estamos querendo saber para onde foi o restante desse dinheiro”, disse Melo Júnior.

As doações teriam sido feitas por meio das ONGs Aquífero Alter do Chão e Projeto Saúde e Alegria, que repassavam à Brigada em forma de prestação de serviços.

Sobre a relação entre a Brigada e o Instituto Aquífero Alter do Chão, a brigada informou que faz parte da organização para cooperação no combate a incêndios na região, com apoio de pessoas físicas voluntárias. “Sendo uma ação mantida pelo próprio Instituto Aquífero, é equivocada a informação de que a Brigada tenha recebido doações da organização”.

A brigada ainda alega que realizou a devida declaração de doações no final do mês de setembro e doações recebidas após esta data estão ainda sendo consolidadas em relatório.

Com a decisão do juiz de manter a prisão dos brigadistas, os advogados ingressarão com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Pará. (Com informações da Folhapress)

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