Exteriores

Rei saudita e presidente turco conversam sobre morte de jornalista

Telefonema ocorreu pouco antes do governo saudita admitir morte de Jamal Khashoggi

acessibilidade:
Jamal Khashoggi entrando no consulado da Arábia Saudita

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz, conversaram por telefone, ao que tudo indica poucos momentos antes de o governo de Riad admitir, pela primeira vez, que o jornalista Jamal Khashoggi morreu no consulado saudita, em Istambul, no último dia 2, informou hoje o canal NTV.

Foi a segunda conversa telefônica realizada pelos líderes desde o desaparecimento do repórter, que não voltou a ser visto após entrar no consulado saudita.

Segundo informaram fontes da presidência, Erdogan e Bin Abdulaziz ressaltaram a importância de seguir com a colaboração para resolver o caso. Ao fazer revelação hoje (20) dos primeiros resultados da sua investigação, a Promotoria Geral do reino sustentou que Khashoggi morreu em um “confronto com as mãos”, uma “briga” que aconteceu após suas conversas com as pessoas que o receberam no consulado.

Prisões

Além disso, a Promotoria informou sobre as prisões de 18 pessoas de nacionalidade saudita supostamente vinculadas ao caso, e da destituição do subdiretor dos serviços secretos do país, disse a agência oficial saudita SPA.

Inicialmente, Riad havia armado que o jornalista tinha saído vivo do consulado em Istambul, rejeitando as acusações segundo as quais ele teria sido assassinado no local.

A versão saudita contrasta com a da mídia turca e americana. Ancara tem provas de que Khashoggi foi torturado e assassinado por agentes sauditas ligados ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. As autoridades turcas, que realizam as suas próprias investigações, não confirmaram oficialmente as informações da imprensa.

Também não se sabe sobre as reações do governo turco diante da publicação da versão saudita dos acontecimentos, nem se Bin Abdulaziz falou sobre isso com Erdogan.

Arábia Saudita diz que jornalista morreu em briga

A Procuradoria-Geral da Arábia Saudita armou, após investigações preliminares, que o jornalista Jamal Khashoggi morreu em uma briga dentro do consultado saudita em Istambul, segundo informou a agência de notícias pública SPA.

Outros veículos de imprensa do governo também anunciaram as demissões de dois funcionários de altos cargos, sem mencionar se há relação com o caso.

Khashoggi foi ao consulado para buscar documentos que necessitava para se casar com uma namorada turca. De acordo com a agência, a conversa entre o jornalista e as pessoas que o receberam derivou uma “briga” e uma “luta corporal” que causaram a morte.

Trump considera versão “crível”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou “crível” a versão dada pela Arábia Saudita sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi em uma “briga” no consulado do reino em Istambul.

No Arizona, Trump também comentou que a prisão de 18 pessoas por parte de Riad representa um “bom primeiro passo”. Além disso, o presidente americano armou que não acredita que os líderes sauditas tenham mentido para ele em suas conversas nos últimos dias e que preferiria que qualquer sanção contra o reino não incluísse o cancelamento de contratos envolvendo armas.

Mais cedo, o presidente já tinha dito que o Congresso terá um papel importante na determinação da resposta dos Estados Unidos a Riad em relação à morte de Khashoggi. No entanto, ele também disse que essa decisão deverá levar em conta que a Arábia Saudita “é um país muito rico” com “compras e investimentos” comprometidos no valor de US$ 450 milhões aos EUA.

A Casa Branca também emitiu um comunicado hoje na qual expressa “tristeza” pela morte do jornalista saudita que vivia nos EUA. “Estamos tristes de saber da confirmação da morte de Khashoggi e oferecemos as nossas mais sentidas condolências à família, à namorada e aos seus amigos”, disse em comunicado a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

Os EUA também anunciaram que acompanharão de perto as diversas investigações internacionais “sobre este trágico incidente”. (ABr)

Reportar Erro