Operação Liberdade

Protestos da oposição começam de maneira tímida na Venezuela

Os protestos foram chamados pelo líder opositor Juan Guaidó

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Ainda não há informações se o próprio Guaidó irá discursar em algum dos eventos Foto: Ivan Alvarado

As manifestações oposicionistas convocadas para este sábado (4) na Venezuela permaneceram tímidas por toda a manhã em todos os 22 pontos de concentração em que estavam previstas.

Os protestos foram chamados pelo líder opositor Juan Guaidó, que selecionou os locais para os atos contra o ditador Nicolás Maduro acontecerem -todos eles próximos de bases militares.

A convocação da oposição pedia para a população sair às ruas “de forma pacífica” em direção aos quartéis “para entregar aos militares uma carta pedindo que se juntem à Operação Liberdade”, segundo as palavras de Guaidó na sexta-feira (3).

Num dos pontos, o Banco Provincial, próximo ao comando da Marinha -local uma região tradicionalmente chavista- jovens passavam de moto ou caminhando, paravam em grupos para conversar, mas logo se dissolviam. “Estamos esperando que junte mais gente, ninguém quer ser isca da Guarda Nacional”, disse à Folha Willy Fernández, 21.

Cerca de 100 pessoas estavam presentes quando o ato teve início.

Já no lado leste, via-se pouco movimento, e o dia amanheceu chuvoso. “Queremos ir protestar, mas vamos esperar juntar gente antes”, disse Aleida Michelino, 34, que tomava café com amigas usando camiseta da seleção venezuelana, em uma padaria de Altamira.

O temor dos oposicionistas é que voltem a se repetir as cenas de terça (30) e quarta (1º), quando as forças de segurança leais a Maduro reprimiram com violência as manifestações contra o ditador. O conflito deixou cinco civis mortos e quase 200 feridos.

Por isso, neste sábado muitos moradores retardaram sua ida para os protestos e às 11h locais (12h de Brasília), uma hora depois da que foi marcada, havia pouca gente pronta para marchar.

A maioria dos pontos não juntou muita gente ao longo da manhã. Foram lidos documentos por parte dos opositores, as pessoas compareciam com bandeiras e bonés com as cores da Venezuela, mas em pouco tempo se retiravam.

Às 11h30 locais (12h30 no horário de Brasília), já haviam se dissolvido três atos, o de San Bernardino, La Candelaria e El Paraiso. O policiamento e a presença da GNB (Guarda Nacional Bolivariana) eram intensos nos locais visitados pela Folha.

Ainda não há informações se o próprio Guaidó irá discursar em algum dos eventos.

Na sexta à noite, o procurador-geral do regime, Tarek Willian Saab, disse que além das 18 prisões realizadas durante a semana de “suspeitos de participar da tentativa de golpe contra Maduro, outras investigações estavam em marcha.

“Também realizamos 17 buscas e apreensões e reunimos evidências importantes sobre os que planejaram essa ação. Os envolvidos nesse complô serão sancionados por traição à pátria”.

Segundo a ONG Foro Penal, porém, mais de 200 pessoas foram presas pelo regime desde terça por participarem das manifestações contra o ditador.

Ao longo da manhã, os canais de TV oficiais mostraram Maduro realizando exercícios militares com jovens cadetes, acompanhado da mulher.

No domingo (5), está prevista uma vigília e uma missa da oposição para lembrar os mais de 250 assassinados desde que Maduro está no poder.(FolhaPress)

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