Acordo cancelado

Presidente do Paraguai fala ao Ministério Público sobre caso Itaipu

Mario Abdo Benítez recebeu promotores para falar de acordo sobre uso de Itaipu

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O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, recebeu os promotores Marcel Pecci, Susy Riquelme e Liliana Alcaráz nesse domingo (11), na Quinta de Mburuvicha Róga, residência oficial, em Assunção.

O objetivo da visita era recolher de Abdo Benítez declarações sobre o acordo sobre o uso de Itaipu, assinado com o Brasil em maio e cancelado no último dia 1 de agosto, ante a possibilidade de causar o início de um julgamento político do presidente por parte da oposição.

O Ministério Público paraguaio investiga possíveis irregularidades contidas no acordo que permitiria que o Paraguai pudesse negociar com empresas privadas brasileiras parte de sua energia excedente.

A convocação do presidente se deu depois que foram vazadas conversas entre o advogado Joselo Rodríguez e o então presidente da Ande (entidade energética paraguaia), Pedro Ferreira, em que o primeiro se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente Hugo Velázquez, com o aval de Abdo Benítez, e dizia estar em contato com a empresa Leros, do Brasil, que estaria interessada na compra. Rodríguez também afirmava que a Leros estaria vinculada a integrantes da “família presidencial do Brasil”, segundo as conversas virtuais.

Por conta da divulgação dessas mensagens por parte de Pedro Ferreira, demitido de seu cargo, os investigadores também convocaram a prestar depoimento o vice, Hugo Velázquez, e os demais envolvidos no caso. Joselo Rodríguez, em entrevista à TV paraguaia, disse depois que havia mentido nas mensagens “para impressionar Ferreira”. Também Velázquez negou que o advogado fosse um funcionário seu.

Ao entrar na residência presidencial, a promotora Liliana Alcaraz disse que o depoimento de Abdo Benítez tinha como propósito “obter informação” e teria formato de entrevista informal, “não de interrogatório”.

E acrescentou: “nesta etapa, o Ministério Público não tem nenhum tipo de formalidade, não se trata de um julgamento oral, onde se recolhem provas”, disse.

O promotor Pecci disse que a investigação seguirá ao longo da semana, depois da entrega de um relatório e um cronograma sobre como foram as negociações entre a Ande e a Itaipu. Todos os telefones envolvidos nos chats devem ser entregues, por pedido do Ministério Público.

A pressão em torno da dupla presidencial tem sido grande, com alguns protestos tendo ocorrido em Assunção mesmo depois de a tentativa de impeachment, no último dia 1 de agosto, não ter ido adiante. Por ora, há uma espécie de trégua dentro do partido colorado, uma vez que o grupo liderado pelo rival interno de Abdo Benítez, o ex-presidente Horacio Cartes, ter se comprometido a não oferecer os votos necessários ao início do julgamento político –Cartes tem 24 deputados, sem os quais é impossível aprovar o impeachment.

Ainda assim, o principal partido opositor, o PLRA, protocolou novamente o pedido de uma ação para julgamento político, mas sem o número suficiente, por enquanto, para que tenha início. (Folhapress)

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