EUA

Em discurso anual, Trump pressiona democratas por financiamento de muro

Presidente norte-americano pediu que Congresso governasse "não como dois partidos, mas como uma nação"

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O presidente dos EUA, Donald Trump, usou seu discurso anual sobre o Estado da União, nesta terça (5), para pressionar os democratas a aprovar o financiamento ao muro que ele quer construir na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes, em um impasse que ameaça jogar o governo em uma nova paralisação parcial.

Trump discursou na Câmara dos Deputados, em uma sessão conjunta que reuniu congressistas das duas Casas. Marcado para 21h (0h de Brasília), o discurso começou sete minutos depois, tempo que ele levou para chegar ao púlpito. Atrás do presidente sentaram-se o vice Mike Pence e a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi.

Trump abriu o pronunciamento pedindo que os membros do Congresso pudessem “governar não como dois partidos, mas como uma nação”.

“A agenda que eu vou expor nesta noite não é uma agenda republicana ou uma agenda democrata. É a agenda do povo americano”, disse. “Juntos, nós podemos romper décadas de impasse político”.

Mas logo criticou as políticas de “revanche, resistência e retaliação” e “investigações partidárias ridículas” como algo que poderiam comprometer essa união bipartidária.

A campanha eleitoral de 2016 do republicano é alvo de uma investigação da Procuradoria Especial por suspeita de conspiração com a Rússia para interferir no resultado.

“O Congresso tem dez dias para aprovar uma lei que vai financiar nosso governo, proteger nossa terra, e segurar nossa fronteira sul”, afirmou Trump, sobre a aprovação do orçamento e o que chamou de uma “crise nacional urgente”.

Trump afirmou que o país tem o “dever moral ” de criar um modelo que “proteja as vidas e os empregos” dos cidadãos americanos. E anunciou o envio de 3.750 soldados à fronteira com o México para se preparar para a chegada de mais uma caravana de imigrantes rumo aos EUA.

O impasse em torno do muro fez levou à paralisação mais longa da história do país (35 dias) e ao adiamento do próprio discurso de Trump, originalmente previsto para 29 de janeiro.

Agora, republicanos e democratas tentam chegar a um acordo para manter o governo financiado depois do dia 15 de fevereiro, quando termina o prazo para um acordo.

O presidente não descartou declarar emergência nacional, o que lhe permitiria financiar o muro com outros recursos.

Mas tal declaração não é assunto pacificado nas fileiras republicanas. O líder da maioria do partido no Senado, Mitch McConnell, por exemplo, já advertiu o presidente de que recorrer à medida poderia inflamar uma rebelião na legenda.

Trump também defendeu a política externa de seu governo. Sobre a Venezuela, afirmou apoiar a população “em sua nobre jornada pela liberdade” e voltou a condenar a “brutalidade do regime de Maduro, cujas políticas socialistas transformaram aquela nação de ser o mais rico da América do Sul em um estado de pobreza abjeta e desespero”.

Trump defendeu ainda a decisão de retirar as tropas americanas da Síria, afirmando que os EUA “virtualmente liberaram todo o território” controlado pelo Estado Islâmico no país e no Iraque das “garras desses assassinos sanguinários.”

No entanto, ele admitiu a existência de membros remanescentes do grupo extremista. Quando anunciou a retirada, havia dito que EI estava derrotado.

Trump confirmou ainda a realização de uma segunda cúpula com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, nos dias 27 e 28 de fevereiro no Vietnã. “Ainda há muito trabalho a ser feito, mas meu relacionamento com Kim Jong-un é bom.”

Em junho de 2018, os dois se encontraram em Singapura para debater a desnuclearização da Coreia do Norte.

Houve momentos de surpresa durante o discurso. Em um deles, congressistas democratas vestidas de branco, cor do movimento sufragistas, aplaudiram o presidente quando ele falou sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho -pegando o republicano desprevenido.

“Vocês não deveriam fazer isso”, brincou. “Muito obrigado. Todos os americanos podem se orgulhar de ter mais mulheres na força de trabalho do que antes.” (FolhaPress)

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