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Diplomata que critica o chefe não queria saber de Bolsonaro, mas não largou o cargo

Ele diz ter 'espírito libertário', mas ficou dois meses em cargo de confiança

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Paulo Roberto Almeida anunciou que não trabalharia no governo Bolsonaro, mas não largou o cargo.;

O diplomata Paulo Roberto de Almeida, que foi demitido da presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, do Ministério das Relações Exteriores, publicou em seu blog no dia 10 de setembro de 2018, em plena campanha eleitoral, que não votaria no atual presidente da República e nem participaria do seu governo. Apesar disso, dois meses após a posse de Bolsonaro, ainda ocupava o cargo de confiança do qual agora foi defenestrado.

“Não sou eleitor de Bolsonaro, nem vou integrar seu governo; já tenho candidato firme, e tendência de voto útil”, afirmou o diplomata de carreira no post de setembro, quando declarou voto no candidato a presidente João Amoêdo (Novo). Admirador do ex-senador e diplomata Roberto Campos, Almeida sofreu forte perseguição nos governos do PT, que o mantiveram “encostado”.

A demissão do diplomata coincide com a reprodução, em seu blog, de textos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do embaixador aposentado Rubens Ricúpero críticos à política externa do governo Bolsonaro e à atuação do seu chefe, ministro Ernesto Araújo. Publicou também texto do chanceler respondendo a seus críticos. Almeida disse que personalidades autoritárias não toleram “espíritos libertários” como o dele.

Almeida esperava ser substituído no cargo, mas afirmou que o “gatilho” da sua demissão foi a reprodução em seu blog dos textos críticos à polícia externa de Bolsonaro. O Palácio do Planalto negou enfaticamente essa versão: o diplomata teria sido demitido após ofender seus superiores.

O diplomata que perdeu o cargo de confiança do ministro não corre risco de ficar desempregado: ele é funcionário de carreira, já no posto de ministro de primeira classe, equivalente a embaixador.

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