Tratamento de terror

Brasileiros relatam agressões e tortura após desembarque no aeroporto de Lisboa

Visitantes 'barrados' são torturados em salinha, onde um ucraniano não resistiu à violência e morreu

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O comportamento dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, fazendo pose de "polícia", faz lembrar momentos de inspiração nazifascista que marcaram a Europa.

Após o assassinato do ucraniano Ihor Homeniuk por inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do governo socialista português, vários estrangeiros como a brasileira Kátia Gonçalves dos Santos, de 36 anos, têm relatado à imprensa de Portugal casos de violência e maus tratos nas instalações da repartição, no aeroporto de Lisboa.

Kátia contou ao jornal Diário de Notícias, de Lisboa, que ficou detida por quatro dias em um “Centro de Instalação Temporária (CIT)”, no aeroporto de Lisboa, para onde o SEF conduz estrangeiros que resolve impedir de ingressar em Portugal.

Segundo a curitibana, os inspetores “diziam para ficar quieta para não me levarem para a salinha”, local onde eles torturam e espancam estrangeiros a serem deportados de volta aos países de onde embarcaram para Portugal.

Itamaraty ainda não agiu

Apesar dos relatos de brasileiros submetidos a maus tratos pelos funcionários da imigração, não se conhecem iniciativas do Ministério das Relações Exteriores ou das representações diplomáticas brasileiras em Lisboa em relação ao governo português.

Os inspetores do SEF costumam apresentar comportamento de inspiração nazifascista.

Nitidamente despreparados, eles fazem pose de policiais truculentos, muito embora sejam apenas servidores públicos, e tratam mal tantos os turistas que chegam ao país para gastar dinheiro e quanto os que estão no aeroporto para sair de Portugal.

‘Apanhavam demais, muito, muito’

Ela relatou ao DN uma rotina de violência covarde contra os estrangeiros recolhidos ao tal CIT. Kátia disse que as pessoas levadas à “salinha” voltavam “bem quietos, bem amachucados, com sinais de que tinham apanhado, cabeça baixa”.

“Apanhavam demais”, disse ela. “Muito, muito”. Disse que só ouvia alguns gritos, porque eles tinham tudo fechado, não se ouvia bem. “Apanharam durante o dia e depois foram lá buscar eles de noite também”, revelou ela ao jornal lisboeta Diário de Noticias.

“A gente teve medo até de perguntar, pensou que ia apanhar também”, contou Kátia, revoltada. “É uma covardia muito grande o que eles fazem ali.”

Outra brasileira testemunha os horrores

Outra brasileira contou ao Diário de Notícias que esteve detida por várias semanas no tal “Centro de Instalação Provisória” do Aeroporto de Lisboa, onde morreu um cidadão ucraniano depois de ter sido submetido a maus tratos dos inspetores.

“Muita gente teve problemas”, disse a brasileira cuja identidade o jornal preservou. “Vi surras, muitos apanharam”, disse.

“Levam para aquela salinha que chamavam ‘dos remédios’ e batem”, diz. “Várias pessoas foram postas naquela sala e saíam roxas e arrebentadas, mancando”, continuou. “Algumas saíam de cadeira de rodas”.

A identidade dessa brasileira está sendo preservada por razões de segurança, porque ela é uma das testemunhas da ação criminosa dos inspetores que resultou no assassinato do ucraniano Ilhor Homeniuk.

“Ele apanhou logo no dia em que chegou”, disse ela. “Apanhou várias vezes e depois nos mostrava as marcas”. Ela disse que é mentirosa a alegação dos inspetores no sentido de que o ucraniano teria agredido outros detidos.

Cabo-verdiano conta como foi agredido

O cabo-verdiano Gilson Pereira também denunciou ao jornal Público ter sido agredido por inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que, claro, disse ter usado “apenas a força necessária”.

Ele disse que foi agredido por inspetores do SEF nesta sexta-feira (18), no aeroporto de Lisboa. Segundo ele, os inspetores tentavam obrigá-lo aa entrar num avião de volta para o seu país.

“Eles amarraram-me os pés, meteram-me em cima da cadeira de rodas, caí no chão e depois meteram-me o joelho no pescoço. Nenhum cão merece o que eles fizeram comigo”, protestou.

O relato de Gilson se assemelha a outros, divulgados pelo semanário Expresso.

 

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