Intromissão estrangeira

Alemanha suspende R$150 milhões para a Amazônia, após suposto desmatamento

Alemães e noruegueses, poluidores, não admitem reciprocidade na intromissão em seus assuntos internos

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A Alemanha vai suspender verbas para projetos de proteção à Amazônia enviados ao Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente alemão. A embaixada diz que a decisão “reflete a grande preocupação com o aumento do desmatamento na Amazônia brasileira”. O bloqueio dos recursos, contudo, não atinge o Fundo Amazônia.

O corte também não afetará outros projetos financiados Ministério Federal da Cooperação Econômica alemão. Segundo a Deutsche Welle, em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Svenja Schulze, ministra do meio ambiente do país, afirma que a suspensão pode ultrapassar os R$ 150 milhões.

O desmatamento na Amazônia estaria crescendo de modo acentuado. A destruição em junho teria crescido 88% e em julho 278% –em comparação a junho e julho de 2018– , segundo dados do Deter do Inpe. Mas os dados são contestados pelo próprio governo, que vê sensacionalismo na divulgação dos dados.

A chanceler alemã Angela Merkel já afirmou ver com grande preocupação as ações do atual governo em relação ao desmatamento. A Alemanha é um dos países que mais devastaram suas próprias florestas. Atualmente somente restam 2,5% da famosa Floresta Negra alemã.

Na última terça (6), o presidente Bolsonaro ironizou o contato que teve com os mandatários europeus durante a reunião do G20. “Imagina o prazer que eu tive de conversar com Macron e Angela Merkel”, disse, após afirmar que 60% do território de Roraima “está inviabilizado” por reservas indígenas.

Noruega e Alemanha têm tentado se imiscuir em assuntos internos do Brasil, manifestando “discordância” com mudanças na política ambiental do Brasil e defendendo “pluralidade” dos conselhos mantidos pelo governo brasileiro. Esses países não admitem reciprocidade nesse tipo de intromissão.

O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional do Planalto, chamou a atenção na última semana para o fato de a Noruega não ter autoridade moral para criticar as ações do Brasil na área ambiental. Essa avaliação tem sido feita reiteradas vezes pelo colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

O Fundo Amazônia também tem sido alvo de críticas por parte do governo Bolsonaro. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, afirmou, em maio, ter encontrado irregularidades graves em contratos do fundo com ONGs.

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