"Sapatos" do carro

Único elo entre o veículo e o solo, os pneus precisam de atenção durante o uso

Especialistas apontam como os pneus devem ser tratados para “viverem” melhor

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Cuidados com os pneus. Fotos: Pirelli e Continental/Divulgação

Em um veículo, é preciso ter cuidado com diversos fatores, do motor as palhetas do limpador de para-brisa, todas as peças necessitam de revisão constante e periódica. 

Com os pneus não é diferente, os compostos são importantes tanto para o bom funcionamento do carro, quanto para a segurança de todos à bordo. 

Único elo entre o veículo e o solo, os compostos exercem influência direta em todo o comportamento dinâmico de um carro, que é dependente deles para melhor funcionar. 

Em boas condições, os pneus proporcionam o aproveitamento total dos sistemas de suspensão, transmissão, tração, direção e frenagem, trazendo assim maior segurança ao motorista e aos passageiros

 

Os All Terrain são rotineiros em picapes e SUVs 4×4.

Dessa forma, se eles não estiverem em conformidade, podem causar acidentes, inclusive graves. Os problemas mais comuns são estarem “carecas”, mas pode ir além disso.

Ouvimos especialistas de três das maiores fornecedoras de pneus para saber quais são os cuidados corretos, tanto em manutenção, quanto no dia a dia na direção. Uma coisa é certa, na dúvida, confira o manual do proprietário e leve o veículo em um mecânico de confiança. 

 

Os cuidados

O TWI indica o tanto que o pneu pode rodar. 

O primeiro, mais básico e simples de resolver, cuidado com os pneus é a calibragem. O correto é calibrar os pneus semanalmente, de acordo com a indicação do manual do fabricante do veículo e, de preferência, com eles frios. 

“Dessa forma, o motorista pode identificar qualquer vazamento que possa conter nos compostos”, afirma Fabio Magliano, gerente de Produtos Car e Motorsport da Pirelli para América Latina.

“O principal e decisivo é sempre manter a pressão dos pneus ajustada à condição de carga do veículo. Isso garante estabilidade, respostas rápidas ao volante, redução da resistência ao rolamento, maior durabilidade e desgaste mais uniforme”, acrescenta Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus.

Uma direção mais agressiva pode diminuir a vida dos pneus.

José Carlos Quadrelli, gerente geral de Engenharia de Vendas da Bridgestone, atenta para o excesso de carga do veículo, que pode danificar os compostos. “Evite sobrecarga, o excesso de peso compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de danos ou de alterações estruturais”.

Os três especialistas apontam para a necessidade de se fazer rodízio dos pneus. “O rodízio é importante para evitar desgastes irregulares e deformações nos pneus”, afirma Astolfi.

“Veículos com pneus radiais a cada oito mil quilômetros rodados e modelos com pneus diagonais a cada cinco mil quilômetros”, aponta Quadrelli. “Não fazer em ‘X’, mantendo sempre o lado de direção, direito com direito e esquerdo com esquerdo”, acrescenta Magliano.  

Modelos esportivos tendem a ser mais finos.

O gerente da Bridgestone aponta também para a necessidade de verificar periodicamente o indicador de desgaste da rodagem (TWI). “Este indicador, existente em todo pneu, mostra o momento certo para se efetuar a troca, reduzindo o risco de rodar com o pneu careca”.

“O ideal é trocar os pneus antes de chegar no TWI. Após isso, eles estarão ‘carecas’. Com isso, a capacidade de drenagem de água fica pior, aumentando as chances de aquaplanar, comprometendo a dirigibilidade, o que prejudica toda a segurança do veículo”, completa Fabio Magliano.

No trânsito

O jeito de dirigir implica diretamente na vida útil dos pneus.

Segundo o gerente da Continental, o estilo de direção é, comprovadamente, o componente que, sozinho, apresenta o maior peso na durabilidade de um pneu.  “Modos de condução mais enérgicos, com acelerações e frenagens mais fortes, curvas em velocidades elevadas e manobras bruscas podem reduzir a durabilidade dos pneus em até 4,5 vezes”.

Quadrelli concorda com Astolfi na relação da direção agressiva. Mas ele acrescenta outros fatores que podem gerar desgastes dos pneus. “A falta de manutenção, principalmente da pressão de inflação e do alinhamento também podem gerar uma maior deterioração. Além de buracos e imperfeições no piso”.

Evitar buracos e meios fios ajuda a manter os compostos intactos.

Mesmo parecendo óbvio, os especialistas alertam para evitarem buracos. Mas o motorista também deve se prevenir de outros obstáculos, como “olhos de gato”, “tartarugas” e meios-fios. 

“Ao passar por buracos e outros obstáculos, o motorista pode modificar a geometria do carro, o que aumenta o desgaste do pneu. Até se deixar ele apoiado sobre uma guia pode danificá-lo”, alerta Magliano

É hora de trocar

Pneus off-road para uso extremo.

Na hora que for trocar os pneus, o primeiro passo é seguir as instruções do fabricante do veículo para manter os compostos originais pensados para o automóvel. O segundo passo é procurar uma revenda de confiança ou uma autorizada pela montadora. 

“Compare as classificações da etiqueta do INMETRO, as condições de garantia (evite as do tipo pro-rata), observe se os pneus têm protetores de rodas e verifique se a fabricante oferece canais de contato e se possui boa reputação junto aos consumidores”, alerta Rafael Astolfi.

De acordo com Quadrelli, é importante também observar o emparelhamento correto — ação que trata das diferenças entre as características dimensionais entre conjuntos pneumáticos montados em rodado simples ou duplo. 

Na hora da troca, sempre fique atento ao tamanho recomendado pelo fabricante do carro.

“O correto é manter a montagem no eixo dos pares perfeitos, ou seja, pneu da mesma marca, modelo, desenho, calibragem e ciclo de vida (novo com novo, reformado com reformado, usado com usado)”, aponta o gerente da Bridgestone.

Segundo Magliano, na hora da troca, o correto é substituir os quatro pneus. Mas se precisar trocar apenas dois, o ideal é colocar os mais novos na traseira e os usados na dianteira. 

“Em um caso de baixa aderência, como em uma curva com pista molhada, os pneus velhos na traseira tendem a destracionar e o motorista pode perder a direção, por isso o correto é os novos irem no eixo traseiro”.

Os pneus corretos 

Cada tipo de pneu conta com um desenho diferente.

Outra dica dos gerentes é sempre utilizar os pneus ideais para o uso do veículo. Se for um modelo esportivo, compostos de alta performance. Para os off-road, pneus de uso misto ou próprio para o 4×4. Em automóveis comuns, o motorista pode procurar por compostos que otimizem o consumo. 

“É fundamental utilizar o pneu indicado para cada tipo de solo. Rodar na cidade com um composto destinado ao uso no fora de estrada provocará perdas no consumo de combustível, na estabilidade e na durabilidade das peças do veículo. De qualquer forma, recomendamos sempre seguir as orientações do fabricante do veículo”, salienta Quadrelli.

Pneus esportivos para carros esportivos.

Segundo Magliano, toda a suspensão do carro foi pensada para um tipo de pneu. “Se o motorista trocar, pode aumentar o consumo, modificar o conforto a bordo e diminuir a estabilidade, prejudicando a segurança, pois o carro não foi dimensionado para o composto diferente”.

“Veículos que são preparados para pneus run flat e o motorista instala um comum, ou ao contrário, pode comprometer o conforto e a dirigibilidade, inclusive deixando o automóvel instável”, completa Astolfi.

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