Testamos um gigante das estradas, o caminhão extrapesado Mercedes-Benz Actros
O veículo de carga conta com diversos auxiliares de condução
São Paulo (SP) — Desde 2015, a Mercedes-Benz fabrica o Actros no Brasil. O caminhão extrapesado é o maior modelo da marca alemã disponível no país. Testamos o gigante das estradas, que auxilia o motorista em diversos fatores, da condução ao conforto embarcado.
O Actros recebeu uma grande atualização no fim de 2017. Desde então é o caminhão mais completo da marca no Brasil. O gigante conta com três versões — 2546 (6×2), 2646 (6×4) e a 2651 (6×4) e três tipos diferentes de cabine (Leito, Super Leito e Megaspace). Dessa forma, os preços podem variar de R$ 300 a R$ 500 mil, dependendo da configuração e da negociação.
Os números do gigante impressionam. Do tamanho a capacidade de carga, passando pelo conjunto mecânico e a configuração da cabine. A versão Megaspace, a que testamos em São Paulo, tem medidas de uma quitinete, por dentro, são 1.920mm de altura e 2.260mm de largura.
O motor do alemão é um colossal seis cilindros em linha de 13 litros que gera ótimos 510 cavalos. O torque é ainda mais surreal, são 244kgfm em míseros 1.100rpm. Afinal, é preciso muita força para carregar a capacidade máxima de 74 toneladas.
Casa sobre rodas
Entre os acessórios que equipam a versão mais completa do Actros, estão tv, cama da largura da cabine (com espaço para acomodar um adulto grande com conforto), geladeira, climatizador no teto capaz de diminuir a temperatura em até 4ºC sem drenar a bateria do veículo e um sem número de nichos e porta-trecos
Os bancos são um caso à parte. O do motorista é equipado com um sistema de amortecimento a ar para otimizar o conforto do condutor, afinal, é onde ele passará mais tempo. O assento ainda conta com diversas regulagens, inclusive lombar. O do passageiro rebate, o que aumenta a área útil da cabine.
No balanço da boleia
Como qualquer caminhão de grande porte, o Actros precisa de muita força para poder levar com segurança a capacidade máxima de 74 toneladas de carga. Nisso o alemão não faz feio. O gigante motor de 13 litros gera impressionantes 244kgfm de torque já em 1.100rpm. Mostra que força inicial não é problema para ele.
Claro que para um veículo de carga, o foco é o torque, mas a potência não fica muito distante da força. O propulsor do Actros gera 510 cavalos de aceleração. O alemão conta com um sistema de frenagem auxiliar que gera o dobro disso, ou seja, 1.020 cavalos, de frenagem. Afinal, fazer parar um monstro como ele não é fácil.
Aliado ao motor, uma transmissão automatizada de dupla embreagem de 12 velocidades potencializa a direção. O legal é que a alavanca do câmbio fica no encosto de braço do banco do motorista, o que otimiza a utilização do sistema, por ele estar bem próximo da mão do condutor.
O Actros 2651 6×4 tem capacidade de carregar até 74 toneladas, mas a unidade que testamos estava carregada com “apenas” 57 mil quilos. O que mais impressiona no caminhão, depois do tamanho, é como todas as tecnologias embarcadas auxiliam para não parecer que está guiando um veículo carregado com 57 toneladas de carga.
Ao volante, que é regulável (a peça pode ficar na posição de um automóvel ou na clássica de caminhão), a grande dificuldade é lembrar que existe uma traseira de 30 metros e que as manobras, principalmente as curvas, precisam ser feitas com maior cuidado. De resto, a impressão é que estamos conduzindo um veículo de passeio, tamanha a facilidade.
Entre as outras tecnologias embarcadas, o Actros conta com piloto automático adaptativo (como nos carros, o sistema lê os veículos a frente, não importando o tamanho, e acelera e freia de acordo com a necessidade, tudo sozinho) e alerta de permanência em faixa (que avisa sempre que o veículo muda de pista sem ativar o pisca-alerta).
Ainda sobre segurança embarcada, o caminhão é equipado com controles de tração e estabilidade, bloqueio de deslocamento em rampa negativo e positivo (ou seja, em subidas e descidas), luz de circulação diurna em LED e freios a disco com sistema eletrônico e ABS.
Ele também conta com um sistema de freio motor com auxiliar de frenagem. Por meio de uma alavanca no volante é possível ativar o sistema, que conta com cinco níveis de ativação e auxilia o condutor na hora de diminuir a velocidade, sem precisar pisar ativamente no pedal do freio.
Representante máximo
O teste drive foi acompanhado pelo Embaixador da Voz das Estradas da Mercedes-Benz, o caminhoneiro João Moita. Com mais de 50 anos de estrada, 36 destes na marca da estrela, Moita fica em contato via telefone, e-mail e in-loco com motoristas de todo o Brasil.
Segundo ele, o objetivo é ouvir reclamações, dúvidas e sugestões dos caminhoneiros brasileiros. “Por causa desse contato, podemos aperfeiçoar o caminhão da forma que melhor atende quem mais utiliza ele, o caminhoneiro”.
Um exemplo disso é sobre a última alteração feita no para-choque do caminhão. Na linha 2018, a Mercedes resolveu dividir a peça em três partes, o que diminui o custo em eventuais trocas. De acordo com Moita, a ideia surgiu das conversas com os caminhoneiros Brasil à fora.
*Viagem a convite da Mercedes-Benz