Incertezas eleitorais

Real é a terceira moeda que mais perdeu valor em abril

Desvalorização é acentuada diante das incertezas eleitorais

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Abril tem sido um período ruim para a maior parte das moedas do mundo. Diante da expectativa de um novo aperto nos juros nos Estados Unidos e do cenário político brasileiro, além das incertezas das eleições de outubro, o real é a terceira moeda que mais perdeu valor ante o dólar em abril, em uma lista de 47 divisas com cotações à vista. O levantamento foi realizado pelo Broadcast/Estadão.

O desempenho do real só não foi pior que o bolívar venezuelano, que derrete com a crise humanitária, e o rublo russo, que sofre com a incerteza geopolítica.

A moeda norte-americana fechou nesta terça-feira, 24, em alta de 0,61%, a R$ 3,4706.

Segundo especialistas, a expectativa de que os juros americanos subam mais rapidamente que o esperado é o motor comum para a desvalorização de 33 divisas em todo o mundo neste mês. Isso reforça a perspectiva de migração de dinheiro de todo o planeta rumo aos EUA para se aproveitar dos juros, o que enfraquece as demais moedas.

“Ao longo do ano passado, também foi caindo a diferença entre os juros americanos e a Selic, a taxa básica de juros do Brasil”, lembra Julia Gottlieb, do Itaú Unibanco. “Isso acaba afetando o quanto o Brasil é atrativo para os investidores.”

Enquanto isso, problemas domésticos castigam algumas divisas mais fortemente e o Brasil está nessa onda. Em abril, o dólar ficou 5,2% mais caro na comparação com o real brasileiro. Essa perda de valor levou a moeda norte-americana a um patamar não visto desde o fim de 2016.

A eleição parece ser o grande risco no curto e médio prazo para o Brasil. Uma pesquisa do BofA Merrill Lynch enviada aos clientes na semana passada mostra que 45% dos entrevistados dizem que as eleições são o maior risco para os mercados da América Latina. Neste ano, as duas maiores economias da região – Brasil e México – irão às urnas.

Sobre a disputa no Brasil, há deterioração das percepções. Em março, a maioria dos entrevistados (56%) apostava que a chance de vitória de um presidente de agenda reformista de centro-direita estava entre 51% e 70%. Em abril, essa avaliação caiu para menos da maioria e 42% deram essa resposta.

A incerteza eleitoral é destacada pelos economistas do Itaú Unibanco. Ao citar a mais recente pesquisa do instituto Datafolha, o maior banco privado brasileiro diz em relatório que “as eleições permanecem sem um claro favorito”. Ao lembrar que indicadores econômicos domésticos têm tropeçado, o banco diz que “as incertezas estão maiores” para o Brasil. (Com informações da Agência Estado)

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