Puxado por privatizações

Fluxo de investimento estrangeiro recua no mundo, mas cresce 26% no Brasil

Programa de privatização foi o principal responsável pela entrada extra de US$ 15 bilhões no país em 2019, diz Unctad

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O Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Enquanto o fluxo de investimento direto estrangeiro global sofreu uma queda de 1% no ano passado, o Brasil viu essa corrente no país crescer 26%, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (20) pela Unctad (agência da ONU para comércio e desenvolvimento).

Em todo o planeta, o fluxo do IED (Investimento Estrangeiro Direto) recuou de US$ 1,41 trilhão em 2018, para US$ 1,39 trilhão no ano passado. Já no Brasil, a entrada do investimento de fora subiu de US$ 60 bilhões para US$ 75 bilhões.

Com isso, o Brasil subiu três posições (ultrapassando Hong Kong, Reino Unido e Holanda) e chegou ao quarto lugar no destino de IED no mundo, superando todos os países da Europa, África e Oceania e perdendo apenas para Estados Unidos, China e Singapura.

A comitiva brasileira em Davos, onde se inicia nesta terça-feira (21) o Fórum Econômico Mundial, comemorou o resultado e pretende apresentar os números a investidores. Esse foi o melhor resultado para o Brasil desde 2012, quando o país estava na terceira posição do ranking e o fluxo de IED chegou a US$ 82 bilhões.

PRIVATIZAÇÕES

Segundo o relatório publicado pela agência, parte do crescimento da corrente de aporte estrangeiro no ano passado ocorreu graças ao programa de privatização do país que se iniciou em julho.

O texto destaca a venda da TAG (Transportadora Associada de Gás, rede de gasodutos do Norte e Nordeste). Feita em abril, a negociação rendeu algo em torno de US$ 8,7 bilhões –ou R$ 33 bilhões, em valores relativos ao câmbio da época.

Para 2020, a entidade prevê mais atração de investimento estrangeiro para o Brasil com a privatização de grandes companhias como Eletrobras e Telebras. Dados preliminares sobre os chamados projetos greenfield (que ainda estão no papel) em áreas de energia renovável e na indústria automotiva corroboram a perspectiva de um fluxo maior neste ano, diz o documento da agência.

Nos países em desenvolvimento, o IED permaneceu estável, estimado em US$ 695 bilhões, enquanto cresceu 16% na América Latina e 3% na África. Embora o fluxo tenha recuado 6% nos países asiáticos em desenvolvimento, eles ainda representaram um terço do destino global dos aportes estrangeiros.

Na União Europeia, o recuo do fluxo de IED atingiu 15% na comparação entre os anos. Apesar disso, as duas maiores economias do bloco apresentaram uma alta: o fluxo na França avançou 40%, enquanto na Alemanha chegou a 232%. Esse último subiu dos US$ 12 bilhões para US$ 40 bilhões, principalmente devido aos empréstimos que matrizes alemãs fizeram a subsidiárias em ano de baixo crescimento no país.Já as economias desenvolvidas tiveram um recuo de 6%, saindo dos US$ 683 bilhões em 2018 para US$ 643 no ano passado, segundo o documento da Unctad. Na região da América do Norte, Os Estados Unidos permaneceram estáveis e o Canadá tiveram uma alta de 8%.

Para 2020, a projeção da agência é de um crescimento do fluxo global de IED moderado, em uma perspectiva de melhora do cenário atual, o mais fraco desde a crise global de 2009.

Se por um lado a Unctad prevê que os lucros se manterão sólidos e o conflito EUA-China será abrandado, por outro, a entidade afirma que a acumulação de altas dívidas entre economias emergentes em desenvolvimento deverá persistir, assim como políticas protecionistas. (Folhapress)

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