Um gigante vem aí

FCA faz proposta de fusão com Grupo Renault para criar terceira maior montadora do mundo

Se concretizado, os dois grupos deteriam 50% de ações cada da nova marca

acessibilidade:
FCA propõe fusão com Grupo Renault. Fotos: Fiat e Renault/Divulgação

O Grupo Fiat Chrysler Automobile (FCA), proprietária de marcas como Fiat, Jeep, Chrysler, entre outras, apresentou uma proposta de fusão ao conselho diretor do Grupo Renault. A proposta, ainda em fase inicial, aponta que cada grupo terá 50% de ações da nova empresa.

De acordo com FCA, a combinação proposta criará uma montadora global, proeminente em termos de receitas, volumes, rentabilidade e tecnologia, beneficiando as respectivas empresas acionistas e as partes interessadas, podendo ser a terceira maior do mundo, atrás apenas dos grupos Toyota e Volkswagen.

O negócio combinado venderia aproximadamente 8,7 milhões de veículos anualmente e seria um líder mundial em tecnologias eletrificadas, marcas premium, SUVs, picapes e veículos comerciais leves. Além disso, teriam uma presença global equilibrada, com participação em praticamente todos os principais mercados do mundo.

Segundo o grupo ítalo-americano, a nova proposta não terá como base o fechamento de fábricas, mas sim de investimentos mais eficientes para a produção de veículos com plataformas mundiais, além da criação de arquiteturas, powertrains e tecnologias. O Conselho da FCA acredita que a combinação teria escala, conhecimento e recursos para mudar rapidamente a indústria automotiva.

A proposta

De acordo com o termo proposto pela FCA, os acionistas de cada empresa receberão uma participação igualitária do capital do novo grupo. A associação será realizada como uma operação de fusão sob uma empresa matriz holandesa. Inicialmente, o conselho da entidade combinada será composto por 11 membros, de maioria independente e com representação igualitária de quatro membros para cada uma e um da Nissan (que faz parte de uma aliança com a Renault).

Concluída a fusão, o novo conglomerado será listado nas principais bolsas de valores do mundo, na Itália, França e Estados Unidos. Além disso, todos os acionistas teriam a oportunidade de obter direitos de voto, após a conclusão da transação, em um programa de votação de fidelidade.

A fusão dos dois grupos criará uma carteira de marcas com uma ampla cobertura mundial, com presença em todos os segmentos, dos de entrada com Dacia e Lada, aos de luxo com Maserati e Alfa Romeo, isso sem contar Jeep, RAM e as próprias Fiat e Renault.

A FCA acredita que o novo grupo pode ter um aporte adicional de cinco bilhões de euros. E que essas novas sinergias serão voltadas, principalmente, para a convergência de plataformas, com a consolidação de powertrains e a eletrificação das gamas.

O grupo ítalo-americano aponta que, com base nas vendas globais da FCA e da Renault em 2018, a nova empresa criada com a fusão das duas ficaria em quarto lugar América do Norte, segundo na Europa, Oriente Médio e África e lideraria na América Latina.

Com uma simples base agregada dos resultados de 2018, as receitas anuais da empresa combinada seria de aproximadamente 170 bilhões de euros, com lucro operacional na casa dos 10 bilhões de euros e lucro líquido de mais de 8 bilhões de euros.

Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi

Em um primeiro momento, a FCA está combinando as forças apenas com o Grupo Renault. No entanto, a empresa francesa faz parte de uma aliança com as japonesas Nissan e Mitsubishi. O grupo ítalo-americano espera que a parceria seja expandida para as outras marcas, o que criaria o maior conglomerado automotivo do mundo com mais de 15 milhões de veículos fabricados por ano.

Enquanto não há certeza de que essa proposta resultará em uma transação, a diretoria da FCA apoiou e aprovou a proposta que foi encaminhada e será revista pelo Conselho Administrativo da Renault. Os acordos definitivos para a combinação proposta estão sujeitos a negociação e revisão final e aprovação pela FCA e do Groupe Renault Boards.

A conclusão da combinação proposta também estaria sujeita ao fechamento habitual de condições, incluindo a aprovação pelos acionistas de cada empresa, conforme regulamentos aplicáveis e a satisfação de requisitos antitruste e regulatórios.

Por meio de um comunicado, a Renault afirma que o Conselho de Administração da empresa se reuniu hoje (27/05) para analisar a proposta de fusão recebida pela FCA. Segundo o comunicado, após uma análise cuidadosa dos termos da proposta amigável da FCA, o Conselho de Administração decidiu estudar com interesse a oportunidade de tal combinação de negócios, que pode criar um valor adicional para a Aliança.

A empresa afirma que, assim que uma decisão for tomada, uma outra comunicação será emitida para informar o mercado dos resultados dessas discussões, de acordo com as leis e regulamentos aplicáveis.

Reportar Erro