Ainda é março

Estrangeiros tiram R$ 44,8 bilhões da Bolsa, maior valor da história para um ano

Ibovespa cai 3,75% nesta sexta (6) e, no ano, tem queda de 15,4%

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Estrangeiros sacaram, até dia 4 de março, R$ 44,8 bilhões da Bolsa de Valores brasileira em 2020, numa velocidade recorde: cerca de R$ 1,05 bilhão por pregão, superando a média diária de 2008.

O valor supera o montante retirado em todo o ano de 2019, de R$ 44,5 bilhões, sem contar ofertas de ações (IPOs​ e follow-ons). A saída também supera a retirada de 2008, maior da série histórica da B3. Em valores corrigidos pela a inflação, foram sacados R$ 44,6 bilhões no ano da crise financeira.

O saldo de estrangeiros está negativo em R$ 33,4 bilhões neste ano, considerando IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) e follow-ons (oferta subsequente de ações). Em 2019, considerando essas operações, a saída foi de R$ 4,7 bilhões.

Investidores temem o impacto econômico do coronavírus. Também há impacto da desaceleração da economia global e demora no andamento das reformas administrativa e tributária no País, fazendo com que estrangeiros retirem dinheiro do Brasil e de demais emergentes.

A saída contribui para uma cotação do dólar mais elevada. Na quinta (5), a moeda americana bateu novo recorde nominal, a R$ 4,653. Nesta sexta-feira (6), a cotação cai 0,5%, a R$ 4,63 por volta das 13h10.

A Bolsa de Valores tem o segundo pregão seguido de forte queda, com recuo de 3,8%, a 98.357 pontos, menor patamar desde 28 de agosto de 2019.

O risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos, um tipo de contrato que funciona como termômetro da confiança dos investidores em relação a economias, sobe 10%, a 142 pontos, maior patamar desde outubro de 2019, antes da reforma da Previdência ser aprovada no Senado.

Na quinta, o CDS brasileiro subiu 14,4%, a maior alta percentual diária desde o chamado Joesley Day, em 18 de maio de 2017, dia em que veio a público a informação de que Joesley Batista gravara conversa com o então presidente Michel Temer (MDB). Na ocasião, o risco-país teve alta de 29%, para 265 pontos.

Se o CDS sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país; se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas. (Com informações da Folhapress)

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