Turbulência mundial

Bolsa de Valores cai mais de 15% e aciona segundo circuit breaker do dia

Negócios foram suspensos novamente às 11h12 quando a queda chegou a 15,43%

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O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, enfrenta mais um dia de forte turbulência nesta quinta-feira, 12, chegando a ter negócios paralisados duas vezes na mesma sessão, acompanhando os mercados externos, onde as bolsas também despencam.

O mecanismo de circuit breaker ajuda a deter perdas maiores dos investidores. Ele é utilizado quando a Bolsa cai 10% e os negócios são interrompidos por 30 minutos. E depois de quedas de 15%, é suspenso por uma hora. Nesta quinta, o índice caiu 15,43%.

Este já é o quarto circuit breaker da semana, reflexo da piora da percepção dos danos que serão causados pelo coronavírus sobre a economia global.

Com o tombo, o índice é cotado ao redor de 72 mil pontos, no menor patamar desde setembro de 2018, período em que o país vivia a corrida eleitoral que elegeu Jair Bolsonaro presidente.

O novo gatilho de queda é a decisão do presidente americano, Donald Trump, de restringir voos entre Europa e Estados Unidos sob o pretexto de limitar a disseminação da doença entre americanos.

A consequência mais imediata da medida é uma nova queda no preço do petróleo, visto que a demanda das companhias aéreas pelo combustível deve cair. O petróleo foi o catalisador das perdas desta semana depois que a tentativa da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de combinar uma redução da produção. A Rússia, que não integra o bloco, não fechou acordo e, em resposta, a Arábia Saudita afirmou que aumentaria a oferta do combustível e reduziria o preço.

Há pouco, o Brent (referência internacional da matéria-prima) caía mais de 6%, cotado a US$ 33,61.

A Bolsa de Nova York também acionou o circuit breaker na abertura, quando o índice S&P 500 caiu mais de 7%. No momento, Dow Jones cai 8%, S&P 500, 7,3% e Nasdaq, 6,7%.

Na Europa, o índice Stoxx 60, que reúne as maiores empresas da região, cai 10%. Frankfurt recua 9%, Londres, 8,8% e Paris, 9,5%.

Mas não apenas fatores externos afetam os indicadores brasileiros.

Na quarta (11), quando a equipe econômica do governo Bolsonaro revisou de 2,4% para 2,1% a sua projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2020, o ministro Paulo Guedes (Economia) disse que o resultado pode ser ainda pior por causa da pandemia do coronavírus.

Para Guedes, no pior cenário, o PIB seria de 1%, ou seja, o crescimento da economia seria menor do que o resultado de 1,1% 2019. Seria o quarto ano seguido de baixo crescimento após a recessão.

O ministro, no entanto, considera que o quadro mais realista é de uma perda de 0,3 ponto percentual. Nesse caso, o PIB cresceria 1,8% neste ano.

“Primeiros estudos nossos: se for uma coisa suave, 0.1 [ponto percentual] de perda de PIB. Se for uma coisa mais grave, pode chegar a 0.3, 0.4 até 0.5 [p.p de corte]”, disse Guedes em reunião com congressistas na noite de quarta.

Também na quarta, o Congresso derrubou um veto do presidente Bolsonaro e ampliou o número de famílias atendidas pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a quem está em situação de extrema pobreza.

A medida aumenta o gasto do governo em R$ 20 bilhões por ano e coloca em xeque a sustentabilidade o teto de gastos.

O teto é considerado essencial pelo mercado financeiro para deter a trajetória de endividamento do governo.

Nesta quinta, o risco-país medido pelo CDS (Credit Defautl Swap) de cinco anos, medida acompanhada pelo mercado financeiro para avaliar a capacidade de um país honrar suas dívidas, salta mais de 45%, a 316 pontos. É o maior patamar desde novembro de 2016, quando o Brasil tinha acabado de atravessar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. (Com informações da Folhapress)

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