Museu Henry Ford

Aos 84 anos, vendedor que salvou o Ford Mustang 001 reencontra o esportivo

O modelo, que seria destruído, foi vendido por engano e hoje está no museu da marca

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Primeiro Ford Mustang e o ex-vendedor Harry Phillips. Fotos: Ford/Divulgação.

Antes de iniciar a venda do Mustang na América do Norte, em 17 de abril de 1964, a Ford enviou modelos de demonstração para todas as suas concessionárias na região. Alguns eram carros de pré-produção, somente para exibição, que não podiam ser vendidos e teriam de ser devolvidos à fábrica. 

Entre eles, estava o primeiro Mustang produzido na linha de montagem, um conversível branco com número de identificação 5F08F100001, que assim como os demais da série, depois seria destruído.

O modelo foi sucesso imediato de vendas.

No entanto, graças ao vendedor canadense Harry Phillips, o carro foi preservado e desde os anos 80 faz parte do acervo do Museu Henry Ford, em Dearborn. 

Phillips, hoje com 84 anos, era vendedor da concessionária Ford em St. John’s, no Canadá, que recebeu o veículo. “Nós o colocamos em exposição no pátio perto da rua, onde todos pudessem ver”, lembra.

Logo um piloto de avião, o Capitão Stanley Tucker, entrou na loja e disse: “Este carro é meu”. “Foi a venda mais fácil que já fiz na vida. Eu só estava parado na porta”, conta Phillips. 

Primeiro Ford Mustang e o Capitão Stanley Tucker.

“Ele pagou o sinal, mas como o carro tinha de continuar exposto, combinamos que só seria entregue algumas semanas depois. Ele vinha na loja todo dia para ver o carro, conversava um pouco e ia embora.”

Demorou alguns meses para a fábrica dar falta do Mustang Nº 001, que ganhou importância com o estrondoso sucesso do carro. “Houve uma falha de comunicação e o número de série não significava nada para nós, não sabíamos que ele era o primeiro. Só descobrimos o valor do carro quando a Ford veio procurar por ele.”

O ex-vendedor Harry Phillips visita o primeiro Mustang no Museu da marca.

Foram necessários dois anos de negociação até a Ford convencer o Capitão Tucker a abrir mão do veículo, que marcava 16.000km no hodômetro e foi trocado por outro modelo histórico, o milionésimo Mustang, um conversível 1966 totalmente equipado.

A história do piloto se tornou famosa nos Estados Unidos, mas poucos sabiam da participação de Harry Phillips até sua neta, Stephanie Mealey, iniciar uma campanha nas redes sociais para homenagear o avô. 

O primeiro Ford Mustang foi um conversível branco, mas com interior preto.

Ela queria que Phillips fosse levado ao Museu Henry Ford para rever o famoso Mustang, e deu certo. Ele foi convidado pela Ford, junto com a filha e a neta, para visitar o museu, receber homenagens e reencontrar o carro que vendeu há 55 anos. 

“Ele me trouxe muitas memórias. E está exatamente do mesmo jeito que o vi pela última vez, um carro novo”, disse.

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