Teste da vez

Testamos o Peugeot 208 Griffe, mais um dos erros que 2020 nos trouxe

A nova geração do hatch decepciona pelo preço, motor ultrapassado e espaço ínfimo

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Peugeot 208 Griffe. Fotos: Geison Guedes/DP.

Quando apresentou a nova geração do 208 na Europa, a Peugeot causou um grande frisson, principalmente por causa do visual do modelo. A marca, conhecida pela qualidade visual, conseguiu se superar com o hatch. Ao divulgar como seria o modelo por aqui, a grata surpresa que ele seria, visualmente falando, igual ao europeu. 

Mas a alegria ficou por aí mesmo! Ao lançar o modelo no Brasil, a marca decepcionou primeiro com a confirmação que não traria o moderno motor 1.2 turbo, mas que utilizaria o ultrapassado 1.6 aspirado. Segundo, ao divulgar o preço da versão topo de linha (e depois das demais). O 208 Griffe chegou por insanos R$ 95 mil. 

A marca acertou em cheio no visual do hatch.

Para se ter uma ideia, é R$ 10 mil acima da versão completa do veículo mais vendido do país, o Chevrolet Onix. Além disso, olhando apenas as configurações normais, ele é o hatch compacto mais caro à venda no Brasil (o Volkswagen Polo GTS até custa mais, mas ele foge do padrão por ser uma versão esportiva). 

Testamos o 208 na versão Griffe, a mais completa do modelo. E podemos verificar de perto se as primeiras impressões se confirmavam ou não. Descobrimos que, além de pedir uma pequena fortuna em um hatch compacto, a Peugeot errou feio no motor, no espaço interno e até nos materiais do acabamento. De ponto positivo, o visual e a lista de equipamentos. 

Incoerente

Os LEDs da luz de circulação diurna impressionam.

Como já falamos, o visual da nova geração do 208 é o grande destaque do modelo. Certo que gosto é algo pessoal, pode haver pessoas que não curtam o estilo do hatch, mas é inegável que ele ficou bem elegante e evoluiu muito em relação ao anterior. 

Mesmo a versão que testamos ser na burocrática cor prata, o 208 chamou bastante atenção na rua, principalmente de motoristas da geração anterior do hatch. Até porque, é quase impossível o modelo passar despercebido. Os elegantes LEDs que fazem a vez de luz de circulação diurna dão um charme a mais ao pequeno, a grande grade também ajuda nisso. 

O uso de black piano aponta o visual elegante.

A traseira não faz feio perante a dianteira. O aerofólio bicolor (na cor da carroceria e em black piano) dá um ar mais esportivo ao hatch, enquanto a barra em preto brilhante que liga as lanternas de LED mostram o lado sofisticado do modelo. 

Mas é por dentro que a incoerência começa. O visual elegante se mantém, seguindo o padrão criado pelo 3008. O volante com base dupla achatada é um charme a mais, assim como o painel de instrumentos digital e as peças de comandos no estilo piano. O problema é a quantidade de plástico duro, principalmente em um veículo de R$ 95 mil. 

Por dentro, o uso excessivo de plástico duro decepciona.

Apenas olhando, a impressão é que o acabamento é premium, com estilo de fibra de carbono ligando o painel às portas. Mas ao se aproximar e tocar as peças, percebemos que apenas se trata de plástico duro com um visual diferente e que de premium não tem nada. Não há nada macio ao toque mas, pelo menos, as peças são bem encaixadas. 

Os bancos vão bem, com mistura de couro e alcântara, inclusive os traseiros. Falando deles, outro problema do 208, o espaço interno não é lá essas coisas. Levar cinco pessoas é quase impossível e qualquer um sofrerá com o aperto na parte de trás, a área para as penas é ínfima. O porta-malas também decepciona, com apenas 265 litros, um dos menores da categoria. 

O maior porém 

O ultrapassado motor 1.6 aspirado também decepciona.

Com um visual arrebatador, era esperado que o 208 tivesse um conjunto mecânico a altura. Na Europa ele utiliza um propulsor moderno, que deixaria os principais concorrentes por aqui “comendo poeira”, mas a marca resolveu que ela deveria ser a que “comesse poeira” ao utilizar o ultrapassado 1.6 de 118 cavalos. 

O propulsor não é nada dinâmico. Em subidas, ele perde o fôlego e o motorista precisa pisar forte no acelerador para não diminuir muito a velocidade, o que acaba fazendo o giro subir. Na hora de fazer uma ultrapassagem, é preciso ainda mais atenção, já que as respostas não são muito espertas. De final, ele até vai bem, sem muita dificuldade em manter uma velocidade estabilizada, o problema é na hora de uma retomada mesmo. 

O espaço traseiro é ínfimo.

O câmbio é confortável, sem trancos nas trocas, mas nada esperto também. O modo “sport” só faz o giro subir mais, não melhora muito a dinâmica da direção. Outro ponto positivo do conjunto é a direção, por ser elétrica, ela é leve e confortável. O volante pequeno encaixa bem na mão, se o motor fosse turbo, a condução seria muito mais divertida e econômica. 

Além de ser velho, o propulsor 1.6 não é nada econômico. Durante o nosso teste, ele fez média de 11.2km/l com gasolina. Para se ter uma ideia, o Onix que testamos marcou a mesma coisa só que com etanol. Mas pelo menos a suspensão absorve bem as imperfeições da pista, sem repassar os desníveis para a cabine. 

Pelo menos isso

O painel de instrumentos digital é um dos destaques do hatch.

Como falamos, um dos pontos positivos do 208 é a lista de equipamentos. Mas não era para menos, afinal, estamos falando de um veículo de quase R$ 100 mil. É mais que obrigação ele ter alguns itens diferenciados e até exclusivos. 

Os principais diferenciais são a câmera 180º (que no fim das contas tem pouca funcionalidade, já que você precisa dar ré para ela funcionar corretamente, melhor se fosse 360º), sistema de reconhecimento de placas de velocidade e auxiliar de permanência em faixa que, quando ativo, ajuda a manter o veículo na via correta, otimizado a condução principalmente na estrada. 

O teto panorâmico já é uma marca registrada da montadora.

Na parte da segurança, ele ainda conta com alerta de colisão (avisos visual e sonoro apontam quando o veículo da frente está mais lento) com auxiliar de frenagem, assistente de farol alto e airbags de cortina (deveria ter de janela também), sensor de estacionamento (mas apenas traseiro), câmera de ré, faróis full LED e sensores de chuva e crepuscular. 

No que se refere ao conforto, teto solar panorâmico (mas a tela de cobertura tem acionamento manual), painel de instrumentos digital e com opções de telas diferentes, ar-condicionado digital e automático (poderia ser dual zone), carregamento sem fio para smartphones, chave sensorial para abertura das portas e partida do motor e central multimídia.

Muita borda e pouca tela na central multimídia.

O equipamento é um caso à parte, a área utilizada para a tela é gigantesca, mas o display em si é normal, de sete polegadas e, ao dar ré, a área de visualização é ainda menor, o que atrapalha ao observar se há algo na traseira durante as manobras. Pelo menos ela tem conectividade com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay. 

Com o alto valor pedido pela marca, a lista de equipamentos do 208, que é boa, deveria ser melhor ainda. Alerta de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro, bancos com ajustes elétricos, retrovisor interno eletrocrômico e freio de estacionamento eletrônico são alguns itens não presentes no hatch e que poderiam estar, no mínimo. 

A opinião do Diário Motor

Peugeot 208 Griffe.

O novo 208 ficou muito bonito, isso é um fato! O hatch tem um estilo elegante e esportivo. O problema é que o conjunto mecânico escolhido para o Brasil não conversa com o visual. O motor 1.6 aspirado é ultrapassado, lento e nada econômico. Sem falar no preço surreal. 

A lista de equipamentos conta com três itens exclusivos e, no geral, é boa, apesar de que poderia ser melhor. Mas não faz feio. Outro porém é o espaço interno, tanto para os passageiros do banco traseiro, quanto do porta-malas, muito apertado. Não vale a compra! Nota: 3.

Peugeot 208 Griffe.
Peugeot 208 Griffe. Fotos: Geison Guedes/DP.
Peugeot 208 Griffe.
Peugeot 208 Griffe.
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