Testamos o Ford Ka 100 anos, uma edição especial que foca no visual diferenciado
O modelo chama a atenção pela carroceria, mas peca na lista de equipamentos
Neste ano, em meio a um período turbulento, principalmente por causa do fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo e a extinção de modelos como o Focus e o Fiesta, a Ford completou 100 anos de Brasil. A montadora apresentou duas séries especiais em comemoração ao centenário da marca, o Ka e o EcoSport 100 Anos.
Testamos o hatch com visual diferenciado, com foco na pintura azul e detalhes em preto. Baseado na intermediária SE Plus, o compacto conta com motor 1.5 de 136 cavalos e câmbio automático de seis velocidades. Ao todo, foram produzidas mil unidades do Ka 100 Anos, com preço sugerido de R$ 65.990, R$ 3.250 a mais que a configuração básica.
O grande destaque do modelo, que o diferencia bem da versão SE Plus, é a pintura metálica em azul Belize em conjunto com detalhes escuros, como rodas, capas dos retrovisores, maçanetas, teto e detalhes nos para-choques dianteiros e traseiros. O tom da cor é tão diferente, que o modelo chama a atenção por onde passa.
Ele leva também, nas duas laterais, uma plaqueta alusiva à versão, com os dizeres “Ford Motor Company Brasil”, sobre o número 100 e a bandeira do Brasil estilizada. Por dentro, o tom escuro é predominante. Além disso, os bancos contam com desenho diferenciado e detalhes (como costuras) na mesma cor da carroceria.
Força bruta
Ao contrário de outras marcas, que estão apostando em motores turbo, a Ford ainda utiliza propulsores aspirados. Mesmo assim, a caixa de força é esplêndida. O Ka 100 anos, como a SE Plus, utiliza um 1.5 de três cilindros que gera 136 cavalos e 16,1kgfm de torque. Aliado a uma transmissão automática de seis velocidades, o hatch anda muito bem.
Como o modelo é compacto e leve, pesa apenas 1.128kg, são 8,3kg/cv. Assim, unindo o baixo peso com a alta potência, todas as manobras são feitas com extrema facilidade. Ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade, são realizadas sem qualquer esforço e com segurança.
O câmbio automático de seis velocidades é o mesmo utilizado em outros modelos, mas um pouco mais simples. Ele não conta com opção de troca manual, mas tem modo Sport. As trocas são feitas sem trancos e de forma confortável. Na função S, as rotações ficam mais elevadas, o que garante uma tocada mais agressiva.
Completa o conjunto mecânico direção elétrica e suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira. Durante o teste, o consumo foi bom. Abastecido com etanol, o Ka 100 anos fez, em média, 8,3km/l, pouco a mais que o dado oficial de 7,8km/h na cidade.
Deveria ser melhor
A lista de equipamentos é o calcanhar de aquiles da série especial. Mesmo baseada na versão intermediária do modelo, ela deixa a desejar. Na parte da segurança ele vem apenas com Isofix como diferencial. Nada de airbags extras, apenas os obrigatórios por lei, nem controles de tração e estabilidade, muito menos sensores de estacionamento ou câmera de ré.
Tudo bem que o Ka é pequeno, mede apenas 3.941mm, e é muito fácil de manobrar. Mas em pleno 2019 o mínimo esperado é um sensor de estacionamento. O mais estranho é que a SE Plus conta com o equipamento, apenas a 100 Anos que não.
Outro porém é o conjunto óptico, pois ele não conta com luz de circulação diurna, nem faróis automáticos que ligam e desligam com o motor. Em cidades como Brasília, onde quase todas as vias são consideradas rodovias e os veículos precisam rodar com as luzes acesas, faz muita falta.
Na parte do conforto, ele vai um pouco melhor, mas só um pouco mesmo. Destaque para a central multimídia com tela de sete polegadas e conexão com smartphone via Android Auto e Apple CarPlay e para o piloto automático. No mais, itens básicos, como ar-condicionado, vidros, travas e ajustes dos retrovisores elétricos.
Outro item básico que poderia ser melhor é o painel de instrumentos. A peça é bem simples, com o velocímetro analógico centralizado. Um pequeno computador de bordo mostra a autonomia, média de consumo e distância, parcial e total, percorrida. Um velocímetro digital faz falta.
A opinião do Diário Motor
O grande destaque do Ka 100 Anos é a pintura azul em conjunto com os detalhes escuros. Com isso, o modelo se destaca entre o “mar” de veículos pretos, pratas, brancos e vermelhos. Beleza é algo individual de cada um, mas é muito difícil alguém dizer que a série especial não é bonita.
Outra qualidade do hatch é o conjunto mecânico. O forte motor trabalha bem em conjunto com a direção elétrica e o câmbio automático de seis velocidades. O tamanho e o peso fazem com que o hatch ande bem, sem falar na praticidade de estacionar, mesmo sem auxiliares como sensor de estacionamento ou câmera de ré.
O grande porém é a lista de equipamentos, bastante básica, principalmente na parte da segurança, que conta apenas com itens obrigatórios. Na parte do conforto, o único ponto positivo é a central multimídia. De resto, apenas itens básicos.
O que diferencia o Ka 100 Anos é o fato dele ser uma série especial, com apenas mil unidades produzidas e comercializadas. Com o tempo, pode vir a ser um carro de colecionador. Até porque, no geral, ele é apenas “um rostinho” bonito sem muito conteúdo. Pensando pelo lado da exclusividade, vale a compra. Nota 7.
Ficha Técnica
Motor: 1.5
Potência máxima: 136/128cv
Torque máximo: 16,1/15,6kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Porta-malas: 257 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.525 x 1.695 x 3.941 x 2.490mm
Preço: R$ 65.990