Sandero R.S. e Polo GTS, uma disputa ‘raiz vs nutella’ entre os esportivos de entrada
Especificamos o que cada modelo tem, na mais nova briga do mercado nacional
Ao longo da história, o Brasil já teve diversos hatches com apelo esportivo, muitos deles virando sonho de consumo dos apaixonados por velocidade. Mas com o tempo, os modelos foram desaparecendo, ficando apenas os de alto valor e a categoria ficou sem representantes de preço acessível.
Neste período, o comum foi as montadoras apresentarem versões apenas com o visual esportivado, sem modificar o conjunto mecânico, que é o que realmente importa. No entanto, em 2015, a Renault decidiu apresentar o Sandero R.S., um verdadeiro esportivo de entrada e que permanece até hoje — durante um bom tempo sem concorrente direto.
Com a aposentadoria dos Fiats Punto T-Jet e 500 Abarth em 2015 e 2016, o Sandero R.S passou a ser o único hot hatch compacto do Brasil, até agora. Neste ano, a Volkswagen resolveu retornar com uma consagrada linha, a GTS, com o Polo — e o Virtus também, mas aqui o assunto são os hatches. O alemão passa a ser o principal concorrente do francês.
Mesmo os dois sendo hot hatches, é complicado dizer que são exatamente concorrentes diretos, principalmente por causa do preço. O Sandero R.S. parte de R$ 69.690 e o Polo GTS de R$ 99.470, ou seja, praticamente R$ 30 mil de diferença. Além disso, enquanto o francês adota o estilo “raiz”, o alemão é mais “nutella”, principalmente por causa do conjunto mecânico. Vamos às diferenças.
Conjunto mecânico
O Sandero utiliza um motor aspirado 2.0 que gera 150 cavalos e 20,9kgfm de torque. O Polo utiliza um propulsor 1.4 turbo com os mesmo 150 cavalos, mas com um pouco mais de torque, 25,5kgfm. Como o francês é mais leve (1.181kg contra 1.230kg), ele é um pouco mais rápido no 0 a 100km/h: 8 segundos para o R.S. e 8,4 para o GTS. Ponto para o francês.
Para manter o estilo raiz, a transmissão do Sandero R.S. é manual de seis velocidades. Já o Polo GTS utiliza um câmbio automático — com opção de trocas no volante — com as mesmas seis velocidades. Aí vai de cada um, mas se tratando de um esportivo, a manual sempre vai partir na frente, vantagem para o Renault.
Os dois utilizam freios a disco nas quatro rodas, a diferença é que no francês todos são ventilados, no alemão apenas os dianteiros são assim, os traseiros são sólidos. Mais um ponto para o R.S. A direção é elétrica no Polo e eletro-hidráulica no Sandero, ponto para o alemão.
A suspensão é parecida. Em ambos a dianteira é independente do tipo McPherson. Na traseira, o Sandero tem sistema semi-independente e o Polo eixo de torção. Mais uma vez, leve vantagem para o francês.
Equipamentos
Se o Sandero R.S. leva vantagem no conjunto mecânico, o Polo GTS se dá melhor nos itens de série. A começar com o painel de instrumentos. O alemão conta com o surpreendente Active Info Display totalmente digital, enquanto o Sandero R.S. não conta nem com velocímetro digital.
Outros itens presentes no Polo que o Sandero não conta são a abertura das portas e a partida do motor sem a chave, sensor de estacionamento dianteiro, de chuva e crepuscular, indicador de pressão dos pneus e regulagem automática e dinâmica dos faróis, que são full LED, assim como as lanternas, no francês apenas a luz de circulação diurna é assim.
Em outros quesitos, empate técnico. Ambos os esportivos contam com central multimídia com navegador e conexão com smartphones, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro, quatro airbags, auxiliar de partida em rampa, piloto automático, controles de tração e estabilidade, modos de condução e rodas de 17 polegadas.
Visual
Os dois modelos contam com visual diferenciado com foco na esportividade. Mas o Sandero é o que mais muda em relação às versões comuns. Isso se dá pelo fato do Polo contar com spoiler traseiro em outras configurações.
Além do aerofólio, o francês ganha saias laterais e traseira, para-choque dianteiro redesenhado seguindo o estilo da linha esportiva da marca. O escape é duplo e o modelo conta com diversos detalhes alusivos à versão R.S.
O Polo também vem com a inscrição GTS espalhada pela carroceria, assim como um filete vermelho ligando os faróis. O para-choque dianteiro também conta com estilo diferente em relação às versões comuns, no traseiro não houve modificações e o escape é duplo.
O interessante é que, nos dois modelos, para indicar o estilo mais apimentado, a cabine ganha detalhes em vermelho nos bancos, volante, manopla do câmbio, painel de instrumentos. O francês ainda conta com pedais em alumínio.
O veredito
Como mostramos, o Sandero R.S. adota um estilo “raiz”, mais “old school”, com motor aspirado forte, câmbio manual e sem muitos apetrechos tecnológicos e pedindo menos de R$ 70 mil para isso.
Já o Polo GTS, aposta em mimos e na comodidade, como o painel de instrumentos digital, câmbio automático e motor turbinado e ainda pede caro por isso: R$ 100 mil.
Racionalmente, o francês é — de longe — a melhor opção de compra. Além de ter números melhores, principalmente no zero a 100km/h, é R$ 30 mil mais barato e deixará qualquer apaixonado por esportividade feliz.
Mas isso não tira os méritos do alemão, que também conta com bom conjunto mecânico. O grande problema dele é o surto da marca querer vender um veículo compacto — por mais completo que ele seja — por R$ 100 mil.