Teste da vez

Renault Duster Iconic, o SUV que seria uma boa opção, não fosse o preço

A versão topo de linha, com os opcionais, chegou a surreal barreira dos R$ 100 mil

acessibilidade:
Renault Duster Iconic. Fotos: Geison Guedes/DP.

Que carro no Brasil é caro, todo mundo sabe. Toda a nossa conjuntura histórica, política e econômica não ajuda em nada. A atual situação, causada pela pandemia global do novo coronavírus, piorou a nossa já combalida economia. Mas nada justifica uma montadora pedir R$ 100 mil em um SUV compacto de entrada. 

É o caso da Renault com o novo Duster. O modelo, apresentado em fevereiro — e que não chegou lá muito barato — está ainda mais caro. Em menos de seis meses o utilitário subiu quase R$ 10 mil e encostou na incrível barreira dos R$ 100 mil, custando exatamente (com todos os opcionais) R$ 99.940, na sua versão de entrada. 

A dianteira foi completamente renovada.

Existem rivais diretos mais caros? Sim! Infelizmente o surto dos preços não é exclusividade da francesa. Mas a grande virtude da Renault, e do Duster especificamente, era justamente o custo benefício, que tornava o SUV uma bela opção para quem procurava um veículo deste porte. Algo que a marca “jogou no lixo” com esses preço surreais. 

Testamos a versão topo de linha do utilitário, a Iconic. O preço base dela já está em surreais R$ 94.290, somando todos os opcionais: pintura metálica (R$ 1.650), bancos em couro sintético (R$ 1.700) e visual Outsider Pack (R$ 2.300), ele pula para insanos R$ 99.940, ou seja, por R$ 60 reais não chegou a R$ 100 mil. 

Revigorado 

O Outsider Pack deixa o visual ainda mais robusto.

Deixemos de lado, por enquanto — e se possível –, a questão do preço. Um dos principais “calcanhar de aquiles” do Duster era o visual. Mesmo estilo sendo uma questão de gosto pessoal, o SUV não agradava muito neste quesito. A primeiro facelift feito há cinco anos e não alterou muito o desenho do modelo, diferente deste, que modificou bem o utilitário. 

O estilo do Duster continua robusto, principalmente com o Outsider Pack, que agrega proteções extras nos para-choques, laterais e caixas de roda. Além disso, o desenho dianteiro e traseiro foi bem modificado, deixando o SUV mais moderno. Por se apenas um facelift, mesmo mais profundo, a base é a mesma. As laterais foram pouco alteradas. 

Interior completamente renovado também.

Se por fora o Duster evoluiu, por dentro a revolução foi — quase — completa. Apenas a alavanca do câmbio e os controles do som (atrás do volante) são iguais, de resto, tudo novo. Das saídas de ar aos bancos. Passando por forro das portas, volante e controles do ar-condicionado e, claro, da central multimídia, totalmente renovada. 

Mais uma vez, ela é o grande destaque da cabine. O equipamento, revolucionário quando surgiu, estava cansando e ganha uma nova vida. O Duster inaugura a nova central, que está mais moderna, bem posicionada e intuitiva. A tela, de oito polegadas, está levemente inclinada para o motorista, o que facilita a visualização sem comprometer a atenção no trânsito. 

O porta-malas, que já era grande, ficou ainda maior.

Outro destaque mantido pela marca é o excelente espaço interno. O Duster é um dos poucos modelos da categoria capaz de levar cinco adultos sem muito aperto. O problema, como sempre, é para quem vai no meio, mas por causa do túnel central, que atrapalha a posição das pernas. No espaço lateral, não há muito aperto, nem para os joelhos. 

Outro destaque é o tamanho do porta-malas, um dos maiores — senão o maior — da categoria. Ele cresceu para impressionantes 525 litros, maior até que muitos modelos médios. Com isso, não falta espaço para levar toda a bagagem da família. 

Podia ser um 10

O Duster inaugura a nova central multimídia da marca.

Na parte dos equipamentos, o Duster também evoluiu muito, superando, inclusive, o irmão Captur. Mas na hora de tirar o 10, a Renault cometeu um pequeno grande deslize, a quantidade de airbags. O SUV conta apenas com as bolsas de proteção obrigatórias por lei, ao contrário do Kwid e da família Sandero, que têm duas a mais, as laterais.

Por se tratar de um veículo com apelo familiar, a Renault deveria ter colocado os airbags a mais. Só com os obrigatórios, fica parecendo que, não fosse a lei, nem eles estariam presentes. E também estamos falando de um carro que, agora, bateu R$ 100 mil, inadmissível ter apenas dois airbags. 

A lista de equipamentos é interessante.

Tirando o deslize, a lista de equipamentos é bem interessante. Ele vem com controles de tração e estabilidade, luz de circulação diurna em LED, alerta de ponto cego (um dos diferenciais), faróis automáticos, sensor de estacionamento traseiro (bem que poderia ter dianteiro também), piloto automático e câmera de ré. 

Na parte da comodidade, a central multimídia, ar-condicionado digital e automático (faltou saída para a traseira), banco do motorista com regulagem de altura e traseiro bipartido, chave cartão com abertura das portas e partida do motor por sensor, sistema start/stop e o moderno sistema multiview com quatro câmeras, que permite uma visualização 360º do veículo. 

“Velho de guerra”

O motor é velho conhecido.

O conjunto mecânico é um dos pontos — por ser um facelift e não uma nova geração — que não passou por mudanças significativas. A grande questão é que, não tem mais as opções 2.0 e com tração 4×4. Mesmo a topo de linha, a que testamos, é equipada com o 1.6. O câmbio é o mesmo automático CVT. A grande novidade é a direção, que finalmente passa a ser elétrica. 

Até então, o Duster contava com um sistema eletro-hidráulico, mas o elétrico é muito superior. Manobrar em baixa velocidade demanda muito menos esforço e o volante fica firme em alta, passando muito mais segurança para o motorista.

Assim como a dianteira, a traseira também foi renovada.

No resto, o conjunto mecânico já é conhecido. Mesmo assim, houve melhorias, principalmente no isolamento acústico. Câmbios CVT, naturalmente, são barulhentos. Mas a Renault trabalhou bem na acústica do carro e o ruído não invade a cabine, o que deixa a direção mais confortável, já que não tem aquele barulho excessivo. 

Como qualquer CVT, a transmissão é confortável, até porque não tem trocas, apesar de ter marchas simuladas virtualmente, podendo ser alternadas direto na alavanca. Mas é só se o motorista realmente quiser. A aceleração, como de costume, é linear e nada esperta. Mas como estamos falando de um veículo familiar, não chega a ser exatamente um problema. 

Consumo foi um dos pontos altos do modelo.

O único ponto é na hora das retomadas. O motor não é muito forte, a caixa 1.6 gera apenas 120 cavalos e 16,5kgfm de torque e com a transmissão CVT, o motorista precisa de atenção e paciência na hora das acelerações. Isso com praticamente todo o tempo — durante a avaliação — com o carro vazio, em momentos com mais gente dentro, o peso extra exigia ainda mais do motor. 

Um ponto alto do conjunto mecânico foi o consumo. Rodando por Brasília, onde as ruas são mais largas e planas — lembrando mais rodovias que o trânsito de cidade — ele fez excelentes 12,3km/l com gasolina. Número muito bom para um veículo do porte dele com motor aspirado. 

A opinião do Diário Motor 

Renault Duster Iconic.

O grande diferencial do Duster — e da Renault no geral — sempre foi o custo benefício, que com essa nova versão do utilitário, “foi para o espaço”. É inacreditável pensar na possibilidade da marca cobrar quase R$ 100 mil nele. Lembrando que, mesmo com a renovação, é um projeto antigo e de origem romena e não francesa. 

O Duster poderia ser tranquilamente o carro da família, por tudo que ele entrega, mesmo com o deslize dos airbags a menos. Os alertas de ponto cego é uma ajuda a mais no trânsito da cidade, assim como as câmeras 360º, que ajudam bastante na hora de estacionar. Mas está longe de valer o que a marca pede. 

Não fosse o preço, seria um carro interessante.

Se não olharmos para o preço, ele melhorou em pontos que antes era defasado, como o visual — sempre questionado — a lista de equipamentos, que era bastante espartana, no isolamento acústico (que tá muito bom) e até no consumo. O “porém” do conjunto mecânico é a falta de força em momentos críticos como ultrapassagens e retomadas de velocidades. 

Com uma concorrência agressiva e esse preço fora da curva — mesmo para os padrões brasileiros — o Duster vai ter uma vida sofrida. A Renault tinha tudo na mão para deixar o modelo um excelente concorrente, mas errou muito no preço final. Só por causa do preço, não vale a compra! Nota: 5.

Ficha técnica 

Conjunto mecânico é quase o mesmo. 

Motor: 1.6

Potência máxima: 120/118cv

Torque máximo: 16,5kgfm 

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira

Porta-malas: 525 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.683 x 1.822 x 4.376 x 2.674mm 

Preço: R$ 99.940

Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
34º → Renault Duster → 19.476 unidades
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic. Fotos: Geison Guedes/DP.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.
Renault Duster Iconic.

Reportar Erro