Teste da Vez

Primeiras impressões: Peugeot 208, um tigre que mais parece um gatinho

A nova geração do hatch chama a atenção pelo visual, mas deixa a desejar no resto

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Peugeot 208 2021. Fotos: Geison Guedes/DP e Peugeot.

Após muito burburinho, a Peugeot apresentou a nova geração do 208 no Brasil. O modelo, lançado em 2019 na Europa, chegou rodeado de expectativas, principalmente por causa do visual agressivo, e sobre como seria o conjunto mecânico, lista de equipamentos e, claro, o preço. 

Neste último quesito a francesa errou feio. Há um bom tempo a montadora adotou uma política de tentar mudar a visão da marca perante o brasileiro com o Peugeot Total Car, mas o programa se “mostra inútil” com o valor exorbitante pedido no hatch compacto. 

A marca errou a mão no preço do compacto.

Não é de hoje que carro no Brasil está caro, o mercado nacional vem errando no quesito preço há um bom tempo, com modelos cada vez mais caros. Mas a Peugeot conseguiu ir muito além, pedindo quase R$ 100 mil em um veículo que não apresentada nada muito além de um visual diferenciado.

Não bastasse pedir R$ 95 mil na versão topo de linha, a Griffe — que tivemos um rápido primeiro contato –, a marca equipou o hatch com um motor ultrapassado, o 1.6 aspirado de 116 cavalos. Em um momento onde as marcas estão apostando em caixas pequenas e turbinadas, foi mais um “tiro no pé” da francesa. 

Agressivo

A luz de circulação diurna lembra as presas de um tigre dentes de sabre.

Como gostamos de afirmar, gosto é algo pessoal, cada um tem uma percepção sobre o que é bonito ou não. Mas há de se convir que, no quesito visual, a Peugeot acertou em cheio. No pouco tempo no qual tivemos contato com o 208, foi possível ver como ele atraiu olhares. Principalmente por causa da dianteira. 

A gigantesca grade frontal poderia ser a parte que mais chama atenção no hatch, mas é impossível não ficar impressionado com a luz de circulação diurna em LED. A marca adotou um visual que parece a boca de um tigre dentes de sabre, com três barras ao lado do farol como os dentes e uma quarta, grande, que faz a vez das presas do felino pré-histórico.  

A faixa em black piano liga as lanternas.

A traseira também ficou bem elegante, principalmente na versão topo de linha com as lanternas em LED. Uma barra em black piano liga as duas peças. Nela, o nome da marca foi centralizado. Um pequeno aerofólio na parte superior da tampa do porta-malas aponta para um lado esportivo que simplesmente não existe no hatch. 

Se a carroceria merece aplausos, o mesmo não podemos dizer da cabine, que é bem controversa. Enquanto o desenho é legal, diferente e ousado, os por materiais utilizados não conversam. Os bancos contam com um ótimo couro alcântara, o resto é todo em plástico duro e seco, o que mostra que o hatch é um carro de entrada, mas com preço de premium. 

O interior conta com plástico duro em tudo que é lugar.

A marca até tentou dar um ar diferenciado, com uma faixa centralizada de um lado a outro no painel no que deveria ser fibra de carbono, mas é apenas um plástico simplório com um desenho diferente. Pelo menos os encaixes são bem feitos e não há rebarbas em nenhuma parte. 

O ponto alto do interior é o volante, no estilo do 3008 com base dupla achatada e que encaixa perfeitamente na mão. O painel de instrumentos 100% digital também ajuda a melhorar a cabine. O mesmo não podemos dizer da tela da central multimídia, muito simplória e que poderia ser maior. Ela até ocupa uma área grande, mas a parte da visualização é bem diminuta. 

Mais que a obrigação 

Painel de instrumentos digital.

A lista de equipamentos da Griffe é até generosa, mas deveria ser ainda melhor para, ao menos, tentar justificar o alto valor pedido por ela. Ela vem com ar-condicionado digital e automático (poderia ser dual zone, mas não é), teto solar panorâmico (mas a tela é de acionamento manual), os bancos em couro (sem qualquer regulagem elétrica) e o painel de instrumentos digital.

Ele ainda conta com carregamento sem fio para smartphones, chave sensorial para abertura das portas e partida do motor, sensor de estacionamento (mas apenas traseiro, deveria ter dianteiro também), câmera de ré, faróis full LED, sensores de chuva e crepuscular. 

Chave por sensor para abrir as portas e dar a partida no motor.

Na parte da segurança ele ainda vem com alerta de colisão (avisos visual e sonoro apontam quando o veículo da frente está mais lento) com auxiliar de frenagem e assistente de farol alto e airbags de cortina (deveria ter de janela também). 

Os diferenciais ficam pela câmera 180º, sistema de reconhecimento de placas de velocidade e auxiliar de permanência em faixa, que quando ativo ajuda a evitar “invadir” a outra via sem dar seta. Mesmo eles não justificam o alto valor pedido. O 208 ainda deveria contar com sensor de ponto cego e até um piloto automático adaptativo, pelo preço, era mais que justo. 

Sem graça

O motor aspirado é um dos poréns do 208.

Com o visual agressivo do 208 e o formato do volante, era esperado um conjunto mecânico diferenciado, com um motor turbo esperto e bom de guiar. Mas não é o que acontece, pelo contrário. O ultrapassado 1.6 é lerdo, principalmente nas retomadas e ultrapassagens. 

No nosso primeiro contato com o modelo, rodamos pouco mais de 200 quilômetros pela BR 060, que liga Brasília a Goiânia. O trajeto, feito em asfalto de boa qualidade, poderia ser mais divertido em um veículo turbinado. O propulsor do 208 não é nada dinâmico, em subidas, ele perde o fôlego é é preciso afundar o pé no acelerador para não diminuir muito a velocidade. 

A informação da posição do câmbio fica em uma posição incomum.

Na hora de fazer uma ultrapassagem, é preciso redobrar a atenção, já que as respostas são longe de serem as melhores. De final, ele até vai bem, sem muita dificuldade em manter uma velocidade estabilizada, o problema é na hora de uma retomada mesmo. 

O câmbio é confortável, sem trancos nas trocas, mas nada esperto também. O modo “sport” só faz o giro subir mais, não melhora muito a dinâmica da direção. Quase não rodamos pela cidade, então não dá para dizer como ele se comporta nessas situações, será preciso uma avaliação completa e não só umas primeiras impressões. 

Visual externo é todo elegante.

O ponto alto do conjunto mecânico é a direção/volante. Como já falamos, a peça encaixa bem nas mãos, o que faz a condução ficar mais confortável. A direção elétrica funciona muito bem, ficando firme em alta velocidade. Com o auxiliar de permanência em faixa ativo, fica ainda mais fácil levar o hatch dentro do traçado correto na faixa de rolamento.

A opinião do Diário Motor

Peugeot 208 2021.

Enquanto a Peugeot acertou em cheio no visual da nova geração do 208, ela errou em praticamente todo o resto. O preço é praticamente um ultraje. Se pensar que ele sai por R$ 94.990, se for colocar pintura metálica ou perolizada (na média entre R$ 1.500 e R$ 2.000 a mais) ele quase bate em R$ 100 mil, para um hatch compacto aspirado, é muito dinheiro. 

A lista de equipamentos é até generosa, mas não faz valer o preço final. O interior ficou bem desenhado, mas erraram na escolha dos materiais, com muito plástico duro. O conjunto mecânico é fraco e sem fôlego. Só o visual não compensa. Não vale a compra! Nota: 3.

Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021. Fotos: Geison Guedes/DP e Peugeot.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
Peugeot 208 2021.
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