Para todos os caminhos! Testamos a versão Storm da Ford Ranger
A picape com maior apelo off-road é brava em qualquer terreno
Não é de hoje que as versões mais potentes — e completas — das picapes médias focam cada vez mais o conforto, e até o luxo, e meio que deixam de lado um dos principais atributos delas, a força no off-road. Pensando nisso, a Ford lançou em abril a versão Storm da Ranger, com foco total no 4×4, mas com conjunto mecânico da topo de linha.
Testamos a “Tempestade” americana produzida na Argentina exclusivamente para o mercado brasileiro — isso que é globalização! A picape conta com itens que forçam o lado off-road em conjunto como poderoso motor 3.2 de 200 cavalos. O principal porém, para variar, é o preço. Com a recente alta do dólar, a Storm pulou dos R$ 150.900 do lançamento para R$ 174.890.
São vários detalhes que reforçam a força 4×4 da picape, tanto visuais, quanto mecânicos. Ela conta com adesivos no capô e nas laterais e o nome Ranger grande na tampa da caçamba. Além disso, ela ainda vem com grade dianteira com o nome da versão, no melhor estilo Raptor e igual o EcoSport Storm e alargadores de para-lamas estruturais.
A Ranger também conta com santo antônio diferenciado acoplado diretamente na caçamba e com braços extensores, estribos laterais desenvolvidos especialmente para a versão (com acabamento em preto fosco e proteção extra ao rodar em terrenos soltos), lanternas baseadas na série Wildtrak e rodas escuras.
Os pneus Pirelli Scorpion Allterrain Plus 265/65 são um caso à parte. Feitos sob medida para a picape, eles têm uma utilização de 60% na terra e 40% no asfalto. Além disso, a Ranger é a primeira caminhonete no mundo a contar com estes compostos de série.
A unidade que testamos ainda conta com snorkel (R$ 3.800) e capota marítima (R$ 1.240). Mas eles são acessórios que devem ser instalados na concessionária. Pelo preço, e todo apelo da picape, deveriam ser de série, como foi durante a pré-venda da caminhonete.
Intermediária
Na parte dos equipamentos, a Storm é mais parecida com a versão XLS. Mesmo contando com uma configuração intermediária, ela não faz feio, contando com sete airbags, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático, faróis de neblina, tapetes emborrachados e bancos em tecido.
Ela vem também com central multimídia com tela de oito polegadas e conexão com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital e dual zone (mas sem saída para traseira), painel de instrumentos com duas telas digitais de 4,2 polegadas, ajustes de altura do volante e de altura e lombar do banco do motorista.
O console conta com compartimento climatizado, são três tomadas 12V, assistentes de partida em rampa e de descida, controles de tração, estabilidade, de oscilação de reboque, adaptativo de carga e anticapotamento. Mas faltou uma luz de circulação diurna.
Como falamos, o snorkel e a capota são acessórios. Eles podem ser adquiridos separadamente ou em conjunto. O snorkel conta com certificado global da Ford e é produzidos em polietileno com resistência UV. Já a capota foi desenvolvida em parceria com a Keko, conta com design exclusivo e sistemas de fixação e vedação feitos exclusivos para a picape.
Foco no 4×4
O sistema da americana é completo com 4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida, bloqueio do diferencial e auxiliar de descida. As funções são facilmente acessadas, por meio de botões no console central, ao lado do câmbio, bem a mão do motorista.
Os pneus Scorpion com 60% de capacidade de uso no fora de estrada são um verdadeiro reforço para a picape. Com eles, o uso do 4×4 fica ainda mais otimizado. Em trechos que seriam até necessários uma reduzida, não é preciso, pois os compostos dão conta do recado, seja em áreas de muito cascalho ou, literalmente, dentro d’água.
No geral, o sistema atua de forma exemplar e não há obstáculo que ele não consiga transpor sem esforço. Como falamos, mesmo em áreas repletas de cascalho, com muitas valas ou alagadas, o 4×4 faz a picape atravessar sem maiores problemas.
Na hora de encarar uma inclinação muito íngreme, basta ativar o controle de descida que o modelo faz tudo sozinho. Como esperado, a suspensão também trabalha bem no fora de estrada. Os ajustes que foram feitos na atualização da geração, ajudam a otimizar o conforto interno mesmo em terrenos totalmente acidentados.
No asfalto
Ainda falando da suspensão, é comum que picapes e utilitários (principalmente os off-road) sejam mais desconfortáveis na hora de rodar no asfalto, mas não é o caso da Ranger. A Ford não chegou a trocar o sistema, apenas recalibrou as peças. Mesmo assim, o rolar ficou muito mais confortável e macio, até quando vazia.
Ela não “quica”, a sensação é como se a caçamba estivesse sempre cheia, de tão firme e macio o rodar dela é. Falando em conforto, como em toda a linha, a tampa da caçamba é “mais leve”, o que facilita a abertura e o fechamento da peça. Ela não desaba ao abrir, se mantém estável e não cai sozinha, o que otimiza a segurança também.
Como a Storm é equipada com o poderoso motor 3.2 de cinco cilindros e seus 200 cavalos e 47,9kgfm de torque, força não falta para a picape. Auxiliado pela transmissão automática de seis velocidades e direção elétrica, a condução da americana é muito dinâmica.
A capacidade de aceleração da Ranger é impressionante. E olha que estamos falando de um veículo de 2.230kg e que, mesmo assim, acelera como um automóvel pequeno. Basta pisar no acelerador para a picape disparar pelo asfalto sem qualquer tipo de esforço.
Todas as manobras, de ultrapassagens a retomadas de velocidades, são feitas com tranquilidade e extrema segurança. A direção elétrica também deixa a condução mais segura, pois o volante fica firme em velocidades mais altas. O consumo foi razoável, dividido entre o fora de estrada e o asfalto, ela fez, em média, 8,1km/l.
Mesmo com seus 5.254mm de comprimento, ela se move com facilidade no trânsito do dia a dia. Como qualquer picape média, as manobras em estacionamentos são um pouco mais delicadas, mas a direção elétrica, o sensor na traseira e a câmera de ré auxiliam na hora de entrar e sair de uma vaga apertada.
A opinião do Diário Motor
A Ranger é uma das melhores picapes do mercado brasileiro. Com a Storm, a americana foca em uma versão com apelo ainda mais voltado para o off-road. Os maiores destaques são, como sempre, o forte conjunto mecânico e o sistema 4×4.
Os adereços que reforçam o lado 4×4 deixa o visual da picape ainda mais legal. Mesmo baseada na versão intermediária, a Storm é bem equipada. O único porém é o snorkel e a capota marítima não serem de série, assim como a falta de luz de circulação diurna.
No fora de estrada, como esperado, é que ela se destaca. Em seu “habitat natural”, a Storm manda muito bem por causa do excelente sistema 4×4 e dos pneus Allterrain. Não há obstáculos que ela não supere com facilidade. No asfalto ela também vai bem, graças ao forte motor 3.2 de 200 cavalos. Vale a compra! Nota: 9.
Ficha Técnica
Motor: 3.2 turbodiesel
Potência máxima: 200cv
Torque máximo: 47,9kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo transversal na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Capacidade de carga: 1.009kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.848 x 1.860 x 5.354 x 2.261mm
Preço: R$ 174.890