Nissan Frontier, a última colocada entre as picapes médias merece uma chance
Testamos a topo de linha da japonesa, a LE, que tem atributos de sobra para se destacar
Entre as picapes médias brasileiras, a Toyota Hilux lidera com folga há bastante tempo. A disputa fica um pouco mais acirrada pelo segundo lugar, com a Chevrolet S10 levando vantagem sobre a Ford Ranger. Fora do pódio, no quarto lugar, a Volks Amarok não é ameaçada pelas seguintes, a Mitsubishi L200 e a Nissan Frontier, que “brigam” para não ficarem em último.
Até setembro, a Frontier emplacou 5.441 unidades, ficando em último lugar entre as caminhonetes médias. Mesmo com toda a crise causada pela pandemia do coronavírus, o número é só um pouco menor do que no mesmo período de 2019, quando a marca emplacou 5.992 unidades da picape.
Ao ver esses números, você pode pensar, “ela não deve prestar, por isso está em último”. Longe disso! Testamos a picape e ela manda muito bem em vários aspectos. A questão é que a venda em volume sempre envolve diversos fatores, um deles é o interesse da própria marca em “queimar estoque”, coisa que a Nissan não faz a nível mundial. A montadora não está focando no “market share”, mas sim nos lucros.
Isso, junto com a recente alta do dólar, explica também o preço pedido pela marca. A versão que testamos, a topo de linha LE, sai por insanos R$ 223.370. Mas não é só ela que está neste preço surreal. Todas as opções mais completas das concorrentes já superam os R$ 220 mil, algumas passam até dos R$ 240 mil.
Entre as cinco, a Frontier está exatamente no meio, quando o assunto é preço, nem a mais cara, nem a mais barata. A versão que testamos ainda conta com pintura metálica (R$ 1.850) e capota marítima corrediça, que varia de preço em cada concessionária por ser um acessório, mas em média, sai por cerca de R$ 1,3 mil.
Não são pôneis
Na geração anterior da Frontier, a Nissan criou uma propaganda que muitos vão se lembrar, a dos “pôneis malditos”. Há época, a intenção era apontar que ela era a mais potente do mercado. Atualmente, ela perdeu esse título, mas ainda conta com um excelente motor, melhor que o dos “pôneis malditos”.
O conjunto mecânico conta o propulsor 2.3 biturbo (o menor entre as topos de linha) que gera bons 190 cavalos e 45,9kgfm de torque, aliado a uma transmissão automática de sete velocidades, direção hidráulica (já poderia ser elétrica) e a consagrada tração 4×4
O motor biturbo atende muito bem a picape, mesmo sendo de apenas 2.3 litros. No asfalto, ele não faz feio, claro que existe o lag natural das turbinas diesel, são necessários alguns mínimos instantes até ela “encher”, quando isso ocorre, a Frontier dispara com vigor pela pista. Tendo essa percepção do lag, as ultrapassagens e retomadas de velocidades são feitas com facilidade.
Tudo é feito com segurança e rapidez. O câmbio automático trabalha bem, sem trancos nas trocas e a sétima marcha da um desafogo ao motor, podendo atuar em alta velocidade mas em baixa rotação, o que acaba otimizando o consumo de combustível.
Durante o teste, rodamos pelas ruas de Brasília e em áreas fora de estrada, o consumo foi bom, marcando 8,5km/l. É um pouco abaixo do dado oficial da montadora para a cidade, mas como andamos bastante em pistas de terra, muitas vezes com o 4×4 ligado, os 8,5km/l marcados ficaram de bom tamanho.
Força na terra
Como uma boa picape, a Frontier manda muito bem no fora de estrada, seja ele leve ou mais pesado. A LE tem um ponto a ser considerado. Como de costume do mercado, a topo de linha vem com um pneu voltado para o asfalto, o que otimiza o conforto nessas situações, mas que pode ser um empecilho na terra. Um composto de uso misto seria bem-vindo.
Mesmo assim, com o sistema 4×4 ativo, principalmente com a reduzida (quando há necessidade), a picape vira um tratorzinho, usando bastante a força do motor. Em trechos acidentados, ela passa sem nenhum problema. Os pneus sofrem um pouco mais em valas com cascalho, onde o motorista precisa de um pouco mais de atenção e cuidado, mas nada que a impeça de transpassar.
Bem equipada
Atualmente, a maioria das picapes são muito próximas nas capacidades, tanto de motor, quanto de carga e off-road. Com isso, para se diferenciar das demais, é preciso focar em outros pontos, como segurança e comodidade. Por ser a versão topo de linha, a LE vai bem nisso.
Na parte do conforto, a japonesa conta com ar-condicionado automático, digital, de duas zonas e com saída para trás, banco do motorista com regulagem elétrica, painel de instrumentos com display digital de cinco polegadas e velocímetro digital, para-brisa dianteiro com proteção UV (ótimo para proteger do sol nesse nosso país tropical e quente).
Ela ainda vem com central multimídia com tela de oito polegadas e conexão com smartphone via Android Auto e Apple CarPlay, bancos em couro, duas portas USB, abertura das portas e partida do motor com chave sensorial e um item exclusivo da japonesa na categoria: teto solar elétrico. Além, claro, de vidros, travas e ajuste dos retrovisores elétricos.
Um item interessante que até pode passar despercebido na Frontier é o porta-copos no painel, bem na frente das saídas de ar-condicionado. Pela posição, é possível colocar uma garrafa de água e mantê-la gelada, algo muito útil e bastante funcional.
Na parte da segurança, o grande diferencial é o sistema de câmeras 360º que, além de ajudar nas manobras ao estacionar, é muito útil também no off-road, principalmente na hora de passar por uma ponte estreita ou um mata burro. A LE também conta com itens considerados básicos para uma caminhonete deste porte e preço.
Entre eles, controles de tração, estabilidade e de descida, seis airbags, auxiliar de partida em rampa, sensor de estacionamento traseiro, bloqueio de diferencial eletrônico, faróis com acendimento automático e luz de circulação diurna em LED e piloto automático.
A opinião do Diário Motor
A Frontier LE, como toda topo de linha, é muito bem equipada, com destaque para itens como a câmera 360º, ar-condicionado dual zone e o teto solar. O sistema 4×4 trabalha muito bem como da maioria dos veículos off-road. O grande porém, mas fácil de resolver, são os pneus, que basta trocar para um de uso misto que soluciona tudo.
Na estrada, seja ela de terra ou de asfalto, a japonesa anda bem, realizando manobras sem esforço e com muita força. Claro que, os ocupantes do banco de trás sempre sofrem um pouco mais, pois como qualquer picape, ela tende a quicar mais que veículos monobloco.
O preço é outro porém. Como qualquer veículo no Brasil custa mais do que deveria (ainda mais com a recente alta do dólar), mas ela ainda é melhor que algumas correntes. Como tem itens, principalmente de conforto e segurança, diferenciais, é uma boa escolha para quem procura uma picape deste porte. Vale a compra! Nota 8,5.
Ficha técnica
Motor: 2.3 turbodiesel
Potência máxima: 190cv
Torque máximo: 45,9kgfm
Direção: hidráulica
Suspensão: barra estabilizadora na dianteira e multilink na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Capacidade de carga: 1.050kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.855 x 1.850 x 5.250 x 3.150mm
Preço: R$ 223.370