Teste da vez

Honda HR-V Touring está longe de ser ruim, mas a marca errou a mão no preço

A versão topo de linha do SUV sai por impressionantes R$ 140 mil e faltam itens de série

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Carro no Brasil está caro, e não é de hoje. O preço de um veículo zero é bem acima do que os produtos realmente deveriam ser. Entre tanto valor exagerado, sempre tem um que consegue errar ainda mais. É o caso do Honda HR-V Touring e seus R$ 139.900. 

Testamos o SUV compacto mais caro do mercado brasileiro pelas ruas de Brasília. Com motorização turbo, anda bem e tem boa lista de equipamentos, mas que não é suficiente para justificar o alto valor pedido pela marca. 

Interior em dois tons.

O nipo-brasileiro utiliza o mesmo conjunto mecânico do Civic Touring. O motor é um 1.5 turbo de 173 cavalos movido apenas a gasolina. A transmissão é uma automática CVT com simulação virtual de sete velocidades. E, ainda sim, o sedã é mais barato que o primo, saindo por R$ 134.900.

Outros exemplos de como o SUV exagera no preço é que ele consegue sair mais caro que modelos médios, isso falando apenas nos que utilizam motor turbo. Um exemplo é o Chevrolet Equinox e seus 252 cavalos, que parte de R$ 132.490. Outros são o Tiguan Allspace 250, que parte de R$ 129.990, e o Hyundai Tucson, pelos mesmos R$ 139.900.

Visual traseiro não foi alterado.

Ao comparar com concorrentes diretos, da mesma categoria e que utilizam propulsor turbo, a diferença é ainda maior. O Peugeot 2008 THP é R$ 40 mil mais barato e o Citroën C4 Cactus custa ainda menos, R$ 97.090, e contam com motores parecidos. Já o Chevrolet Tracker, varia de R$ 94.990 a R$ 108.990, com todas versões utilizando um 1.5 turbo. 

Mesmo outro modelo, tão caro quanto o HR-V, ainda consegue ser mais barato que o japonês. O Volkswagen T-Cross, utiliza dois tipos de motor turbo, e varia de R$ 84.990 (no 1.0 manual) a R$ 109.990 (no 1.4 automático), mas pode chegar a R$ 126.740, valor tão impressionante quanto do modelo da Honda, mas ainda assim, mais baixo. 

Foco no interior

Acabamento em tom claro dá um charme a mais ao modelo.

Na parte do visual, a Touring pouco difere das outras versões do HR-V. Externamente, a grande diferença é o teto solar. Até porque, o SUV passou pelo facelift de meio de vida no fim do ano passado, onde alguns detalhes, como a dianteira, foram modificados. 

A grande diferença da versão turbo é o interior. A mudança é basicamente na cor. A Touring conta com opção de acabamento claro, que dá uma elegância a mais ao utilitário. De resto, tudo igual, principalmente no painel de instrumentos, totalmente ultrapassado e defasado. 

Porta-malas de 437 litros é um dos maiores da categoria.

A peça é tão antiquada, principalmente falando de um modelo de R$ 140 mil, que para trocar as informações do computador de bordo (que é bem simples), o motorista precisa apertar um botão por trás do volante, como era feito em veículos dos anos 1990. Isso sem falar na ausência de velocímetro digital, coisa que todos os concorrentes tem.

Um ponto alto da cabine é o espaço interno. Nisso, o HR-V sempre se destacou. O modelo conta com uma boa área para todos os ocupantes, levando até cinco adultos com conforto. Sem falar no porta-malas de 437 litros, um dos maiores da categoria e o sistema de ajustes de bancos, que permite levar objetos grandes dentro do veículo.

Pasteurização provocativa

O motor turbo é o mesmo do Civic Touring.

O HR-V conta com um excelente motor. O 1.5 turbo gera ótimos 173 cavalos de potência e 22,4kgfm de torque, a 1.700rpm. No entanto, como a caixa não trabalha sozinha, a transmissão automática CVT “pasteuriza” a capacidade do propulsor. 

Este tipo de transmissão não combina com motores turbo, pelo simples fato de ser um câmbio voltado para a progressão de velocidade, afinal, é uma transmissão variável contínua. A aceleração deste tipo de caixa é linear e progressiva, longe de ser explosiva como pede um propulsor turbinado. 

O câmbio automático CVT “pasteuriza” o motor turbo.

Com isso, mesmo com os 22,4kgfm de torque trabalhando em baixas rotações, as acelerações são monótonas e nada dinâmicas. Para fazer ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidades é preciso ter paciência e pisar fundo, ou acionar o modo Sport. 

A situação até melhora quando a alavanca do câmbio é direcionada para o S, de Sport. As respostas ficam mais dinâmicas e a dirigibilidade melhora consideravelmente, com acelerações mais ariscas. No entanto, o consumo, que já não é dos melhores, despenca.

Maçaneta invisível para as portas traseiras.

No modo normal, o HR-V fez, em média, 10km/l, que poderia ser melhor, principalmente em Brasília, onde as vias são muito mais planas que no resto do país. No entanto, na função Sport, cai para 8,5km/l. Com isso, o motorista precisa decidir se vai preferir uma tocada mais dinâmica ou um consumo otimizado. 

Completa o conjunto mecânico direção elétrica, que otimiza a condução no dia a dia, com um volante “leve” em manobras de estacionamento e “firme” em velocidade. E suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira, deixando o rolar mais confortável para todos os ocupantes. 

A identificação turbo indica que é a versão Touring.

Um ponto presente no Touring, que foi resolvido em todas as versões após o facelift, é o isolamento acústico. O reforço foi feito entre o cofre do motor e a cabine. Com isso, o barulho ocasionado pelo câmbio não chega no interior, o que melhora muito a vida à bordo.

Questionável 

Conjunto óptico em LED.

A lista de equipamentos do HR-V Touring é diferente. Ao mesmo tempo que ele conta com bons itens, o SUV peca em outros. Destaque para os seis airbags e a Lane Watch, uma câmera no retrovisor direito que elimina o ponto cego, assim como no Civic e no Accord. 

Ele ainda vem com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, de chuva e crepuscular, câmera de ré, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, Isofix, freios de estacionamento eletrônico com Auto Hold (mantém o veículo freado mesmo sem pisar no pedal), conjunto óptico em LED e piloto automático.  

Ar-condicionado digital, mas de apenas uma zona.

Na parte do conforto, abertura das portas e partida com chave presencial, central multimídia com tela de sete polegadas e conexão com smartphone via Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital, teto-solar panorâmico, direção, vidros, travas e ajustes do retrovisor elétricos. 

O problema não é o que ele tem, mas o que falta, tanto na parte da segurança, quanto na de comodidade. A lista até é recheada, mas poderia — deveria — ser melhor, principalmente quando modelos rivais e até de categorias inferiores e bem mais baratos contam alguns itens diferenciais.  

Faltou saída do ar para o banco traseiro.

Por R4 140 mil, ele deveria ter ar-condicionado dual zone e saída para trás, portas USB extras (ele só tem uma) e para a segunda fileiras de bancos, um painel de instrumentos mais moderno com, no mínimo, velocímetro digital e auxiliares de condução, como alerta e assistente de frenagem e de permanência em faixa e monitoramento de pressão dos pneus, para dizer o mínimo.

A opinião do Diário Motor

Honda HR-V Touring 2020.

Como falamos, o HR-V Touring está longe de ser um veículo ruim, pelo contrário, ele é bom. O grande problema é o preço pedido por ele, o mais caro da categoria. Além disso, a Honda não justifica o alto valor com uma lista de equipamentos extraordinária, ele conta apenas com itens, digamos, normais. 

O conjunto mecânico é outro ponto divergente. O motor é muito bom, mas o câmbio automático CVT não se mostrou a melhor escolha, pois “pasteuriza” a caixa turbinada, deixando a direção menos divertida do que poderia ser. O espaço interno, como de costume, é um dos pontos fortes. Vale o teste drive! Nota 5,5.

Ficha técnica

Falta equilíbrio para o conjunto mecânico.

Motor: 1.5 turbo

Potência máxima: 173cv

Torque máximo: 22,4kgfm 

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e barra de torção na traseira

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 393 litros 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.650 x 1.772 x 4.329 x 2.610mm 

Preço: R$ 139.990

Honda HR-V Touring 2020.
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