Museu Mário Fava

Há quase 100 anos, três brasileiros cruzaram a América em dois Ford Modelo T

Os expedicionárias rodaram mais de 27 mil quilômetros por 15 países do continente

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O Museu Mário Fava conta a história dos expedicionários. Foto: Reprodução.

O Museu Mário Fava, inaugurado em 2018, em Bariri, interior de São Paulo, conta a incrível história de três expedicionários brasileiros que, durante dez anos, cortaram a América de sul a norte, em dois Ford Modelo T. 

De 1928 a 1938, Giuseppe Mário Fava, natural de Bariri e mecânico da expedição, junto com Leônidas Borges de Oliveira e Francisco Lopes da Cruz percorrem mais de 27 mil quilômetros pelo continente. 

A expedição, uma das maiores aventuras automobilísticas mundiais, superou dificuldades impensáveis, como rios, pântanos, florestas e a temível Cordilheira dos Andes. Os aventureiros foram recebidos por presidentes e aclamados como heróis. 

O museu guarda em seu acervo fotos e livros sobre a façanha, uma estátua em tamanho natural de Mário Fava e um dos veículos da expedição, o Ford Modelo T 1918, batizado de Brasil, doado à época pelo jornal “O Globo” do Rio de Janeiro. O outro foi um Ford Modelo T 1925 picape, chamado São Paulo, doado pelo “Jornal do Comércio”, da capital paulista.

Entre outras aventuras, eles ficaram quatro meses perdidos na selva da Colômbia, um dos veículos capotou e tiveram de entrar no Panamá com os carros desmontados por causa do pântano. 

Quando ainda nem se sonhava com carros flex, chegaram a usar querosene e “chicha” (bebida fermentada usada pelos indígenas da Cordilheira) para abastecer, junto com banha de lhama e porco para o motor não ressecar.

A expedição cruzou 15 países das três Américas, onde foram saudados pelo público e recebidos por presidentes, como Isidro Cueva, do Equador, e Ricardo Oreamuno, da Costa Rica, que lhes deu ajuda financeira. 

Foram “hóspedes de honra” no Paraguai, Argentina, México e Nicarágua, onde tiraram fotos com o líder de oposição Augusto Sandino, dois dias depois fuzilado numa emboscada.

No Peru, levaram quatro meses para atravessar os Andes e percorreram 450 quilômetros de deserto de gelo a cinco mil metros de altitude. Tiveram de entrar no Panamá com os carros desmontados por causa do pântano, e encontraram atletas brasileiros que seguiam para a Olimpíada de 1932, em Los Angeles.

Nos Estados Unidos, se encontraram com Henry Ford, em Detroit, e foram recebidos pelo presidente Franklin Delano Roosevelt na Casa Branca, em Washington, como paladinos do progresso, além de representantes de indústrias, câmaras de comércio e universidades.

De Nova York, seguiram de navio para o Rio de Janeiro onde chegaram em 25 de maio de 1938, com os dois Ford T. Dias depois, o trio foi recebido no Palácio do Catete pelo presidente Getúlio Vargas, que mandou batizar ruas da capital com o nome da cidade natal de cada expedicionário.

Nos anos seguintes Mário Fava participou da Marcha para o Oeste, abrindo estradas e fundando cidades no interior de Goiás, inclusive Brasília, e no Norte do Paraná. Instalou-se em Paranavaí, onde faleceu em 2000, aos 92 anos. O Museu Mário Fava é aberto à visitação pública e também dispõe de publicações para venda, no site do museu.

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