A 'Fúria' ficou mansa

Nos pênaltis, Rússia bate Espanha e segue em chave com menos campeões

Após 1x1 no tempo normal, nos pênaltis brilhou o goleiro Akinfeev

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O jogo foi chato e burocrático, mas acabou mais disputado na prorrogação.

Por essa nem Vladimir Putin esperava. A Rússia surpreendeu a Espanha, eliminou a campeã de 2010 e jogará as quartas de final da Copa do Mundo em casa, a melhor campanha de sua história.
A vitória veio na primeira disputa de pênaltis deste Mundial. Os russos anotaram os quatro chutes que fizeram, e o goleiro Igor Akinfeev pegou as cobranças de Koke e Iago Aspas para fechar o placar das penalidades em 4 a 3.
Era 19h41 (12h41 em Brasília) quando o atacante espanhol teve seu chute espalmado, e o Estádio Lujniki veio abaixo como se o título mundial tivesse sido conquistado.
Akinfeev, 32, consagrou-se, após ter sido duramente criticado no Brasil em 2014, quando falhou em um jogo crucial contra a Coreia do Sul.
Já a equipe de Andrés Iniesta foi o terceiro time com título mundial a voltar para casa mais cedo nesta Mundial.
O resultado coloca em xeque o envelhecimento de uma geração brilhante de espanhóis -quatro jogadores em campo neste domingo (1º) jogaram a final de 2010.
Foi o segundo fracasso seguido em Copas. No Brasil, os espanhóis foram humilhados e caíram na primeira fase.
Na Rússia, mantiveram o estilo de jogo até o fim, com 75% de posse de bola e deu 1.107 passes contra 279, 90% deles precisos Mas não foi o suficiente para se impor sobre a retranca montada pelos pelo técnico Stanislav Tchertchesov.
Acabaram punidos pela inapetência de gols. Seu único centroavante nato, Diego Costa, nada fez e acabou substituído por Aspas no fim do segundo tempo.
Do outro lado, os russos fizeram sua parte. A torcida empurrou incessantemente o time ao longo do jogo, mesmo nos lances em que sua limitação técnica ficava evidente.
Agora nas quartas de final, o time tem a melhor campanha desde que joga como Rússia. Os soviéticos que os antecederam como time até 1990 chegaram a ser semifinalistas em 1966, mas o formato da competição era outro.
O time chegou à Copa como o pior do ranking da Fifa na disputa, e o próprio Putin lamentou que só poderia torcer pelo bom desempenho da organização do Mundial.
Tchertchesov, ciente do perigo à frente, recuou um zagueiro e jogou um 5-3-2 ancorado em contra-ataques.
Deixou o goleador do time, Tcherishev, no banco -assim como a Espanha deixou Iniesta.
O recurso deu certo até que, uma subida de Nacho pela direita, Jirkov derrubou o espanhol. Assim como no confronto da primeira fase contra o Uruguai, os russos foram pegos numa jogada ensaiada.
Ela mirava Sergio Ramos, mas Ignashevitch cortou e mandou para a própria meta. Foi o gol contra feito pelo jogador mais velho na história das Copas -ele tem quase 39 anos.
A jogada foi tão atrapalhada que a Fifa levou três minutos para confirmar a autoria do gol, aos 11min.
Após duas boas chegadas na área espanhola, o atacante Dziuba cabeceou e teve a bola interceptada pela mão de Piqué.
O pênalti colocou o Lujniki abaixo, e o mesmo Dziuba bateu com força aos 40min. De Gea tomou o sexto gol em sete chutes contra sua meta, a pior defesa dos times então na competição.
Os gritos de “Rossia” eram ensurdecedores. Dziuba comemorou batendo continência a Tchertchenov, uma referência ao primeiro jogo da Copa, quando saiu do banco para fazer um gol contra a Arábia Saudita, cobrando então sua permanência ao técnico -que o saudou em obediência.
No segundo tempo, a Espanha voltou algo melhor, mas sem objetividade.
Aos 15min, o craque Tcherishev entrou em campo, e foi ovacionado. Seis minutos depois, foi a vez da Espanha colocar em campo seu maior nome, Iniesta.
O time espanhol manteve seu ritmo, sem encontrar o caminho do gol. A Rússia nem tampouco ameaçava com perigo De Gea.
A dez minutos do final do primeiro tempo, o ritmo intensificou-se e os espanhóis quase marcaram com dois chutes seguidos de Iniesta e Aspas, pegos por Akinfeev.
O jogo chegou ao fim e, mesmo com quatro minutos de acréscimos, não viu um vencedor.
A primeira prorrogação da Copa, sob um calor de 26 graus, começou no mesmo ritmo, com a Rússia retraída num 5-4-1.
Nada notável aconteceu no primeiro tempo extra, e no segundo ficou claro que os russos já estavam de olho nos pênaltis.
A grande chance ocorreu para a Espanha aos 3min. Rodrigo avançou pela direita e chutou cruzado, obrigando grande defesa de Akinfeev. O rebote foi pego por Carvajal, que chutou em cima da zaga.
O veterano goleiro e capitão russo, 14 anos na seleção, foi o esteio do time na prorrogação.
Para complicar as coisas, aos 10min começou a chover bastante, deixando a bola escorregadia. O telão anunciava o minuto de acréscimo quando Akinfeev caiu para uma última defesa.
Os pênaltis foram todos batidos com eficácia pelos russos, deixando a pecha de vilões para Koke e Aspas.
​A Rússia agora pegará o vencedor do confronto entre Croácia e Dinamarca.

ESPANHA
De Gea; Nacho (Carvajal), Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Busquets; Asensio (Rodrigo), Koke, David Silva (Iniesta) e Isco; Diego Costa (Aspas).
T.: Fernando Hierro

RÚSSIA
Akinfeev; Mário Fernandes, Kutepov, Ignashevich, Kudryashov e Zhirkov (Granat); Samedov (Cheryshev), Kuzyayev (Erokhin), Zobnin e Golovin; Dzyuba (Smolov).
T.: Stanislav Cherchesov

Árbitro: Bjorn Kuipers (Holanda)
Assistentes: Sander van Roekel e Erwin Zeinstra (Holanda)
Cartões amarelos: Piqué (Espanha); Kutepov e Zobnin (Rússia)
Gols: Ignashevich (contra), aos 11 minutos do primeiro tempo, e Dzyuba (Rússia), aos 40 minutos do primeiro tempo.

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