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FHC trocou e-mails com Marcelo Odebrecht pedindo apoio a candidatos tucanos

Ex-presidente pediu doações da empreiteira para senadores tucanos

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um laudo da Polícia Federal (PF) feito de um disco rígido de Marcelo Odebrecht mostra uma troca de e-mails entre o empresário e o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Nos e-mails, anexados a um dos processos em que o ex-presidente Lula é réu na Lava Jato, FHC pede doação para a campanha de dois candidatos tucanos ao Senado.

No primeiro e-mail, FHC pede ajuda de Marcelo Odebrecht a Antero Paes de Barros, do Mato Grosso. “Recordando nossa conversa no jantar de outro dia, envio-lhe um SOS. O candidato ao senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros, ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima. Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo os dado (sic) bancários (…)”, dizia o conteúdo do e-mail enviado em 2010. À época, Fernando Henrique não ocupava mais cargo público.

Em reposta, Marcelo Odebrecht afirma que o apoio ao candidato já havia sido solicitado. “Vou pedir para verificarem sua disponibilidade para lhe apresentar um balanço. Forte abraço”, concluiu.

Alguns meses depois, FHC mandou um novo e-mail ao empresário. Dessa vez, pedindo apoio a Flexa Ribeiro, do Pará:

“Estimados amigos: desculpem a insistência e nem mesmo sei se já atenderam o que lhes pedi, mas olhando o quadro geral, há dois possíveis senadores que precisam atenção: 1. Antero Paes de Barros, de Mato Grosso; 2. Flexa Ribeiro, do Pará. Ainda há tempo para eles alcançarem, no caso na verdade é manterem, a posição que os leva ao êxito. Abraços, Fernando Henrique Cardoso.”

Marcelo Odebrecht respondeu que iria confirmar o apoio a Flexa e informou que Antero já estava sabendo que a empreiteira iria apoiá-lo. Nas mensagens trocadas por Odebrecht e FHC não há menção de valores nem a confirmação de que as doações foram feitas.

O laudo da PF inclui ainda uma troca de e-mails entre André Amaro, executivo do grupo, e Marcelo Odebrecht. Na mensagem intitulada “iFHC”, Amaro afirma que a contribuição será de “1,8 mi em 24 meses, conforme acertado no último encontro dos empresários no Instituto”. Em resposta, o empresário disse: “Parece que meu pai puxou para cima. Deixe meu pai avisado”.

Antero Paes de Barros perdeu as eleições de 2010, enquanto Flexa Ribeiro foi eleito. Nas prestações de contas dos dois então candidatos não constam doações do Grupo Odebrecht.

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