Após denúncia do ‘Diário do Poder’, Caixa suspende licitação milionária
Licitação de agências de 'live marketing' é suspeita de direcionamento
A Caixa Econômica Federal anunciou no início da noite desta quarta-feira (7) a suspensão do processo de licitação para escolher três novas agências de “live marketing” e promo, pela bagatela de R$120 milhões, com suspeita de direcionamento.
Em “aviso de suspensão” assinado por três integrantes da comissão de licitação, a Caixa confirmou a medida e a atribuiu à “necessidade de esclarecimentos requeridos por órgãos controladores, sem especificar nenhum deles.
O objetivo do esquema seria fazer a concorrência no prazo mais curto possível, a fim de que os contratos estejam assinados até 31 de dezembro, véspera da posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL), estabelecendo o “fato consumado”.
A licitação foi tocada por Gerson Bordignon, o superintendente nacional de Marketing da Caixa, considerado um “terreno minado”. Antecessores de Bordignon no cargo protagonizaram escândalos no âmbito de operações como a Lava Jato. Foi o caso de Clauir Luiz dos Santos, suspeito de atuar como elo do ex-deputado paranaense André Vargas, ex-secretário nacional de Comunicação do PT, condenado por corrupção em contratos milionários com agências de publicidade.
A Caixa divulgou um “aviso de suspensão”.
A pressa em realizar a licitação antes do final do governo Michel Temer é um dos principais fatores de suspeita envolvendo o certame. A Presidência da República passa ao largo da concorrência: fontes do governo garantem que a Caixa não compartilhou com o Palácio do Planalto o súbito interesse em fazer licitação e fechar contratos de R$120 milhões a toque de caixa.
No mercado, circulam informações sobre o suposto registro em cartório de declaração em que são antecipadas as três empresas para as quais a licitação estaria direcionada, para a divisão da verba milionária.
A equipe de transição do futuro governo foi informada dos detalhes sobre o suposto direcionamento.