CPI da Pandemia

Nise Yamaguchi contesta Barra Torres e diz que não solicitou mudança de bula da cloroquina

Médica foi convidada a participar, pois foi conhecida por ser defensora do uso da cloroquina como tratamento à Covid

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Nise Yamaguchi defende que imunidade de rebanho é um fato, e que será conquistada por vacina. Foto: TV Senado/Reprodução

A médica Nise Yamaguchi participa da CPI da Pandemia, nesta terça-feira (1°), afirmou que não participa e desconhece um gabinete paralelo do governo Bolsonaro. “O que eu tenho são opiniões públicas”, complementa que “eu entendo que o governo seja um só”, diz a imunologista.

Em depoimento à CPI, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou que a mudança da bula da cloroquina teria sido solicitada pela médica. Nise contesta a declaração do diretor, “eu não fiz nenhuma minuta, eu não conhecia esse papel. Eu não minutei”.

Questionada sobre a defesa da imunidade de rebanho, Nise diz que no início da pandemia, era uma opção favorável, pois ainda não se sabia como a pandemia decorreria em relação aos tipos de vírus. “A imunidade de rebanho é um fato, ela não deve ser interpretada”.

Nise, no entanto, afirma que com as novas informações e descobertas sobre o coronavírus, a imunidade coletiva “é um fato que deve ser alcançado pelas vacinas”, diz a imunologista.

Compra de vacinas

Questionada sobre o posicionamento de Bolsonaro na compra de vacinas, Nise diz que nunca o aconselhou sobre a implementação dos imunizantes no país. “Eu nunca conversei sobre vacinas com o presidente. […] Eu não estou aqui para apoiar ou desapoiar a conduta de nenhuma pessoa, estou aqui para afirmar a minha posição científica”.

“Os estudos científicos da vacinas estão acontecendo, ainda não foram liberados. A minha opinião é técnica e eu vou me manter na minha decisão”, a médica diz sobre o atraso na compra de vacinas pelo governo federal, informando que não expressará opinião de caráter pessoal.

Lockdown

Nise Yamaguchi declarou, em vídeo exibido na CPI, que 85% das pessoas contaminadas durante certo período da pandemia estavam em isolamento. “Esse dado foi dado pelo governador de Nova Iorque, eles fizeram um estudo mostrando que o lockdown somente não seria eficiente”, afirma a médica e complementa que medidas isoladas não funcionam, os cuidados devem ser integrados.

Tratamento precoce

O relator Renan Calheiros questiona se Nise ainda apoia o uso da hidroxicloroquina como tratamento à Covid. “Vacina não é tratamento, vacina é prevenção. Outra coisa é o tratamento inicial, que se chama precoce, e um não compete com o outro”.

Calheiros insiste sobre a importância do uso da cloroquina e das vacinas. “Objetivamente, existem dois lados a medicina da prevenção, que a vacina, e a medicina do tratamento, que é o medicamento”. A médica explica que vacina não trata a doença já instalada, mas que ambos são duas vias diferentes para o controle da pandemia.

“Nós temos vários estados que utilizaram o tratamento precoce e as mortes diminuíram”, diz Nise sobre a eficiência. “Claro que teve eficácia. Teve até um anúncio das universidades europeias que teríamos milhares de mortes em março passado”.

“Creio que houve uma conspiração política, sim. Entendemos que houve mesmo perseguição de médicos que prescreveram o medicamento, excluindo a autonomia dos médicos”, afirma a imunologista. Ela diz que os medicamentos têm segurança para uso.

 

 

A transmissão do depoimento da médica Nise Yamaguche está disponível no canal da TV Senado.

 

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