Luta por indenizações

Vítimas de danos geológicos protestam contra Braskem e cobram do STJ

Cerca de 1.500 vitimas deixarão as moradias em áreas de maior risco, nos próximos dias

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Protesto de vítimas de desastre geológico diante da Braskem, em Maceió (AL). Foto: Reprodução Gazetaweb

Moradores dos bairros de Maceió (AL) ameaçados pela tragédia geológica atribuída à atividade de extração de sal-gema pela Braskem protestaram na manhã desta quinta-feira (28) diante da unidade da mineradora, no bairro do Mutange. Além da mineradora, políticos e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) foram alvos da manifestação.

As vítimas de tremores de terra, rachaduras em imóveis e afundamento do solo fecharam temporariamente a avenida Major Cícero de Góes Monteiro, cobrando indenização para amenizar a angústia e os prejuízos causados pelo problema.

Os manifestantes exibiram faixas afirmando que não devem deixar suas moradias, sem receber pelo prejuízo causado pela Braskem, segundo estudo científico do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). “Braskem a tragédia é sua! As casas são nossas. Só sairemos com indenizações”, dizia uma faixa assinada pela Associação do Mutange.

E também dirigiram críticas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo ministro-presidente João Otávio de Noronha, suspendeu, em 9 de agosto, a decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) que havia bloqueado o valor de R$ 3,6  bilhões da Braskem, para antecipar pagamentos de indenizações a milhares de moradores dos bairros atingidos pelos danos geológicos. “STJ, por que tanta injustiça?”, questionava outra faixa.

A crítica também foi direcionada à classe política, através do questionamento do movimento SOS Pinheiro ao prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), e ao governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). “Renan e Rui, qual tipo cadáver vocês ainda querem?”, perguntavam os manifestantes.

O protesto marcado pelas redes sociais reuniu moradores do Mutange, Bebedouro, Pinheiro e Bom Parto, afetados pelo desastre. E os manifestantes receberam apoio de comerciantes da região e integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), cuja sede está localizada no Mutange.

Veja imagens do protesto divulgadas pela Gazetaweb:

O desastre

Parte das famílias atingidas já deixaram suas casas e apartamentos por orientação da Defesa Civil e com ajuda humanitária do governo federal para o aluguel social. E, nos próximos dias, cerca de 1.500 vitimas deixarão as moradias em áreas de maior risco.

O desastre geológico atribuído à mineradora atinge cerca de 40 mil moradores dos bairros de Maceió. A Braskem vem apontando inconsistências na conclusão da CPRM, enquanto a autarquia federal reafirma que a mineradora causou o problema de instabilidade no solo, fissuras, afundamentos e tremores de terra por meio da extração de sal-gema, ao longo de cerca de 40 anos.

Respeito, diálogo e remoção

Por meio de nota, a Braskem afirmou que compreende e respeita o direito de manifestação das pessoas, e disse que vem mantendo diálogo com a comunidade e os representantes dos equipamentos públicos e privados localizados na região de resguardo. E informou sobre o encerramento das atividades e a remoção das vítimas.

Leia a íntegra da nota:

A Braskem compreende e respeita o direito de manifestação das pessoas, e vem mantendo diálogo com a comunidade e os representantes dos equipamentos públicos e privados localizados na região de resguardo.

As medidas para encerrar definitivamente a extração de sal e fechar todos os 35 poços em Maceió foram apresentadas à Agência Nacional de Mineração e demais autoridades, e incluem a criação de uma área de resguardo em torno de 15 poços. 

A estimativa é de remoção de aproximadamente 400 imóveis e 1.500 pessoas, mas o perímetro final da área de resguardo e as ações de realocação de pessoas estão sendo planejados em conjunto com a Defesa Civil de Maceió e outros órgãos públicos responsáveis. 

A empresa se coloca à disposição para esclarecer dúvidas pelo telefone 0800-006-3029. O serviço está disponível das 9h às 18h e as ligações são gratuitas. A população também pode entrar em contato por meio dos pontos de atendimento nos bairros Bebedouro e Alto do Céu. Anote os endereços:

– Associação dos Moradores e Amigos de Bebedouro

Rua Coronel Paranhos, 950

Funcionamento: 9h às 12h 

– Associação dos Moradores do Alto do Céu

Rua Santa Julia, 252

Funcionamento: 14h às 18h

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