Violência faz Justiça exigir torcida única em clássico do Alagoano
CRB ignora violência e Justiça veta torcida em duelo com CSA
Em decorrência da reincidência de atos de violência dentro e fora dos estádios envolvendo os dois maiores clubes de futebol alagoanos, a Justiça de Alagoas acatou o pedido do Ministério Público Estadual (MP/AL) e concedeu liminar para haja torcida única em todos os jogos entre os times CSA e CRB, durante o Campeonato Alagoano de 2017. A decisão já vale para o clássico deste próximo domingo (9).
A ação civil pública foi proposta pelos integrantes das Promotorias de Justiça do Torcedor e do Consumidor, Sandra Malta e Max Martins, pedindo liminarmente que o Juizado do Torcedor da Capital garantisse que fosse obedecido o acordo extrajudicial, formulado no âmbito da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas (TJ/AL), com recomendação conjunta do MP, feitos no mês de março.
O acordo com o TJ e a recomendação do MP haviam sido acatados por todos os presentes em duas ocasiões, inclusive os dirigentes dos dois clubes de futebol. Porém, explica a promotora Sandra Malta, a ação foi ajuizada porque “existia a clara possibilidade desse acordo ser descumprido e, por consequência, ficar ameaçada a segurança do torcedor”.
NÃO APRENDE
Em fevereiro, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), Ronaldo Botelho Piacente, concedeu liminar que suspendia o Campeonato Alagoano de Futebol de 2017, porque os clubes descumpriram pena decorrente da batalha brutal entre as torcidas do CSA e do CRB, na final da competição de 2016.
Uma clara sinalização do risco desse descumprimento voltar a ocorrer foi dada na última terça-feira (4), quando o deputado estadual e presidente do CRB, Marcos Barbosa (PRB), concedeu entrevistas afirmando que descumpriria o acordo e a recomendação, para garantir a presença dos torcedores do seu clube no chamado ‘clássico das multidões’, entre CSA e CRB, no domingo.
“Não vamos cumprir recomendação. Já cumprimos toda a punição que nos foi imposta pelo STJD, em virtude de batalha campal entre torcedores, no gramado do Trapichão, após a final do Alagoano 2016, e mostramos que a torcida correspondeu com a paz nos estádios. O torcedor tem o direito de ir ao estádio e, por isso, pedimos à FAF uma cópia daquilo que foi debatido na reunião. Não há decisão judicial. Se houver, cumprirei”, disse o deputado cartola, aliado do governador Renan Filho (PMDB).
O juiz Sérgio Carvalho, afirmou em sua decisão que as constantes trocas de ameaças nas redes sociais e a possibilidade iminente de outro confronto entre componentes das torcidas levaram ao deferimento do pedido realizado pelo MP. E considerou evidente “o perigo de dano irreversível no que tange à vida, à incolumidade física, aos bens materiais e imateriais dos consumidores/competidores, que se encontram vulneráveis diante da escalada de violência”.
CENAS TERRÍVEIS
Em maio de 2016, no Estádio Rei Pelé, dezenas de torcedores promoveram atos violência. E as cenas se repetiram no último mês de fevereiro, quando os dois times voltaram a se encontrar. Nesse último duelo, foram presas pessoas vestidas com uniformes das torcidas e envolvidas com atos de vandalismo.
Houve o flagrante de dois espancamentos de pessoas com os trajes dos clubes envolvidos na confusão. Além disso, logo após o jogo ocorreu confronto de torcedores, tentativa de depredação de patrimônio público e o flagrante de pessoas com camisas de torcidas organizadas consumido substâncias entorpecentes em via pública.
Em 2005, o MP de Alagoas ingressou com uma ação pedindo a extinção das torcidas organizadas Mancha Azul, composta por torcedores do CSA, e Comando Vermelho, criada para incentivar o CRB. Os autos se encontram em grau de apelação, mas as torcidas estão proibidas de frequentar estádios com roupas que lembrem as agremiações.
A promotora Sandra Malta lembrou que, já há alguns anos, o esporte conhecido como a maior paixão do brasileiro passou também a levar consigo um peso que vem lhe custando muito caro, em razão da violência nos estádios de futebol, principalmente pelas torcidas organizadas.
“Maceió não ficou excluída dessa triste realidade e já exibiu cenas terríveis nesse cenário. O Ministério Público não vai permitir que esse tipo de situação perdure, precisamos que o estádios voltem a ser de quem realmente vibra com seus times”, disse a integrante do MP. (Com informações do Ministério Público de Alagoas)