Atitude repudiada

Vereador do Rio se nega a votar por ser o número 24 da lista, depois pede desculpas

Marcelino D’Almeida (PP) evitou votar com número atribuído ao veado no jogo do bicho

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O vereador carioca Marcelino D’Almeida (PP) se calou e se recusou a votar duas vezes, na sessão da Câmara do Rio que aprovou a encampação da Linha Amarela, na última terça-feira (5), porque seu número na chamada nominal era o 24, atribuído ao veado no jogo do bicho; animal pejorativamente associado a homossexuais. Depois da repercussão da polêmica e de a Câmara repudiar sua atitude, o vereador publicou um vídeo nesta quinta-feira (7) pedindo desculpas.

Marcelino D’Almeida justificou ter adotado uma atitude de descontração, numa “votação tensa”, realizada nominalmente, com a lista numerada, por causa de um problema nos terminais de votação da Câmara. E afirmou ter se surpreendido com a repercussão, ao ressaltar que tem respeito pelo ser humano e não tem preconceito com relação a diversidade sexual e de gênero

“Estava lá votando porque teve um problema, tem que ser nominal. Aí a votação, da descontração das pessoas, porque já estava todo mundo tenso. Eu preferi votar na segunda chamada. E não esperava essa repercussão toda que deram sobre meu nome. Eu sou uma pessoa que tem uma idade, já tenho um trabalho há mais de 25 anos. E sempre respeitando as pessoas. Já tenho cinco mandatos dentro do poder legislativo, já fui do executivo também. E jamais desrespeitei alguém”, justificou o vereador.

“Convivo com vários amigos artistas, amigos meus pessoais, e nunca tive esse desrespeito com ninguém. Quero pedir desculpas para as pessoas que se sentiram ofendidas, que foi nenhuma intenção minha de querer fazer alguma chacota com alguém, jamais faria isso. Eu quero só pedir desculpa a quem se sentiu ofendido. E pode contar comigo que eu não sou um cara preconceituoso”, concluiu Marcelino D’Almeida, no vídeo.

Repúdio

O presidente da Comissão de Ética da Câmara do Rio, Fernando William (PDT), criticou ontem a atitude de Marcelino D’Almeida, que considerou infantil. “Eu acho um ato infantil, para ser bem claro. O legislativo é exatamente o equilíbrio, o respeito à diversidade. Vamos discutir o que é importante verdadeiramente para o interesse público e não ficar com brincadeirazinhas ou atitudes que acabam não sendo absolutamente à altura do Poder Legislativo”, afirmou William.

O presidente da Casa, vereador Jorge Felippe (MDB) também repudiou a atitude de Marcelino. “Uma decisão infeliz, não há razão disso. E qualquer outra implicação não cabe à presidência tomar nenhuma atitude, existe Comissão de Ética”, frisou.

A rejeição de votar por ter sido listado com número 24 fez com que Marcelino D’Almeida descumprisse as regras da própria Câmara. O regimento interno prevê que o vereador presente à sessão não pode abrir mão de votar. (Com informações do G1)

 

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