Calor, poluição e descaso

Treze toneladas de peixes mortos são retiradas da Lagoa Rodrigo de Freitas

Biólogos explicam que mortandade pode ter sido causada por condições climáticas e poluição

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A Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) retirou 13,6 toneladas de peixes mortos da Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio, nesta quinta-feira, 20. Nesta sexta-feira, 21, o trabalho de retirada deve continuar. A mortandade atingiu principalmente as savelhas, peixes mais fracos quando falta oxigenação na água. A companhia atuou com uma equipe de 90 garis e dez agentes de limpeza urbana.

De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, que estuda as lagoas do Rio, como Marapendi, da Tijuca e Rodrigo de Freitas, o forte calor na cidade contribuiu para a tragédia ambiental, mas este não foi o único fator da mortandade. Moscatelli disse que caminhou hoje cedo no entorno da Lagoa e reparou que parecia que os cardumes estavam em banho-maria. “A água estava quente, extremamente quente, e água quente não é muito bom, porque ela reduz a concentração de oxigênio”, disse.

“A princípio, você tem lançamento de esgoto, tem o canal do Jardim de Alah que está assoreado e não está havendo troca de água. E esse maçarico ligado. Eu já entrei aqui dentro da água e a água parece banho-maria. Não tem oxigênio para os peixes e o bicho está morrendo”, explicou o biólogo.

Para o biólogo David Zee, o risco desta mortandade era iminente dado o calor excessivo. Segundo ele, a água poluída da Lagoa funciona como alimento para o crescimento acelerado e anormal de microalgas, e o aumento das horas de insolação torna esse processo ainda mais rápido.

Em nota, a Secretaria de Conservação do Município do Rio (Seconserva) informou que os órgãos ambientais estão em alerta desde a madrugada, devido à mortandade de toneladas de peixes. “Os órgãos ambientais envolvidos no monitoramento da Lagoa estão em alerta desde esta madrugada, quando se registrou tendência declinante nos valores das concentrações de oxigênio dissolvido na água, com forte perda desses níveis, chegando no início da madrugada até as 10h, da manhã ao valor = < 0,1mg/L, indicando início de anoxia, ou seja,  ausência ou diminuição de oxigênio na água”.

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