Senhas para entrar

Temer afirma que governo cogita limitar entrada de venezuelanos no Brasil

Nesta terça, presidente autorizou o uso das Forças Armadas em Roraima

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Acampamento de refugiados venezuelanos montado pelo Exército Brasileiro e a Agência das Nações Unidas para Refugiados em Boa Vista. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta (29), em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, que o governo federal estuda limitar a entrada de venezuelanos em Roraima. Nesta terça (28), Temer autorizou o emprego das Forças Armadas para a garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado que recebe de 600 a 700 venezuelanos diariamente pela fronteira.

Para diminuir o número de entrada de venezuelanos por dia, o governo cogita fazer a distribuição de senhas para que a quantidade de imigrantes entrando pela fronteira caia para até 200 por dia.

Durante a entrevista, o presidente afirmou que outras medidas também podem ser tomadas pelo governo para organizar os serviços públicos de Roraima, que estão sendo pressionados pelo grande número de imigrantes venezuelanos.

“As coisas estavam caminhando em um ritmo desagradável entre o povo venezuelano e brasileiro”, disse Temer em referência ao ataque de brasileiros a venezuelanos que se abrigam em Paracaima, na fronteira com a Venezuela. Muitos imigrantes tiveram seus pertences destruídos pelos brasileiros e foram expulsos do país. O ataque dos brasileiros foi motivado pelo assalto seguido de espancamento sofrido por um comerciante local, que supostamente teria sido supostamente cometido por um dos imigrantes que vive no município.

Para Temer, a crise na Venezuela “coloca em desarmonia o próprio continente americano”. O presidente aproveitou a oportunidade para fazer novas críticas ao ditador venezuelano, Nicolás Maduro. “. “Há um ano e meio, propusemos ajuda humanitária e o governo [da Venezuela] recusou. A nossa política é de acolher no nosso país. Não é só política, é parte dos tratados internacionais.”

Crise na Venezuela

Motivados por uma grave crise economica em seu país, venezuelanos entram no Brasil em busca de uma vida melhor. Segundo a Casa Civil, no final de junho, havia 56.740 venezuelanos no estado, entre residentes e solicitantes de refúgio. Só em Boa Vista, a capital de Roraima, são 25 mil venezuelanos, o que equivale a 7,5% da população da cidade.

Como Roraima não suporta todos os imigrantes — os abrigos do estado têm capacidade para apenas 6 mil pessoas —, o governo federal iniciou recentemente um processo de interiorização permanente da população venezuelana que está no Brasil.

Entre abril e julho deste ano, o processo de interiorização dos migrantes que pediram refúgio ou residência no Brasil envolveu 690 venezuelanos. Eles foram transferidos para São Paulo, Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro.

Em uma outra etapa de interiorização que começou na última semana de julho, 130 venezuelanos foram transferidos de Boa Vista para outras quatro capitais. Os imigrantes estão em fase de adaptação em Brasília, Cuiabá, São Paulo e Rio de Janeiro. (Com informações da FolhaPress e da Agência Brasil)

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