Taxistas e motoristas do Uber brigam em SP e no Rio
Na capital paulista, grupo cercou carros e passageiros na saída de festa da 'Vogue'
Um grupo de taxistas cercou e intimidou motoristas da Uber e passageiros que queriam usar o aplicativo na saída da festa da revista Vogue, realizada no Hotel Unique, nos Jardins, zona sul de São Paulo, na noite desta quinta-feira, 28. Eles fizeram um cerco em todos os carros pretos que estavam em frente ao hotel, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na altura do número 4.700, e hostilizaram os motoristas à noite e durante a madrugada, impedindo os passageiros de utilizar o serviço. No mesmo dia, houve confronto entre taxistas e motoristas da Uber na zona sul do Rio.
De acordo com a Polícia Militar, o tumultou em São Paulo começou por volta das 22 horas e se estendeu pela madrugada, até por volta das 4h40, quando o grupo dispersou. Viaturas acompanharam a situção, mas não houve intervenção. Ninguém foi detido.
No Rio, aconteceu uma briga em um posto de gasolina, na Lagoa Ridrigo de Freitas. Dois motoristas da Uber que estavam no local teriam sido abordados por cerca de 20 taxistas. Na confusão, carros foram depredados. Motoristas dos dois lados apresentaram versões diferentes sobre quem teria começado a confusão, que foi parar na delegacia.
Segundo os condutores do aplicativo, taxistas teriam tentado intimidá-los. Já estes disseram que os motoristas da Uber que os teriam agredido. Policiais tiveram de ser chamados ao local para conter a confusão.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi (Simtetaxis), Antonio Raimundo Matias, o Ceará, disse que a categoria continuará com os protestos. "Ficamos sabendo que teria essa festa e que a Uber estava fazendo promoções para os clientes. Mais uma vez a Prefeitura não tomou atitudes e foi conivente", disse. "O prefeito Fernando Haddad é o comandante deste navio que é São Paulo e está saindo fora, deixando o navio naufragar. Vamos continuar mobilizados para manter nosso ganha pão", afirmou.
Consulta pública. Horas antes dos confrontos, o prefeito Fernando Haddad (PT) havia afirmado que os taxistas vão "desaparecer pela concorrência predatória" caso não aceitem a regulação do transporte individual. E alertou aos taxistas: "Não temos condições de fiscalizar uma nuvem, que é do que se trata hoje. Quando o transporte clandestino era coletivo, havia os pontos de parada(para fiscalizar)", disse o prefeito, que também classificou como "reducionismo" críticas sobre a Prefeitura ser "contra ou a favor dos táxis". "O que está em jogo não é a existência do táxi, mas do taxista."
A consulta pública do decreto que regulamenta a Uber em São Paulo recebeu, ao todo, 5.865 contribuições entre dezembro e quarta-feira, 27. De acordo com dados apresentados pelo presidente da SP Negócios, Rodrigo Pirajá, 78% das contribuições opinativas foram favoráveis a regular o aplicativo.
O decreto determina que os motoristas só podem pegar passageiros por meio de aplicativo – e não na rua. Os condutores comprariam créditos por quilômetro rodado, com validade de até dois meses, e a Prefeitura estabelece um teto que pode ser cobrado pelo serviço. Também se prevê estímulos para quem trafegar fora do horário de rush, na periferia, tiver veículo adaptado para pessoas com deficiência ou faça corridas divididas. Nesse último caso, o passageiro deve aceitar dividir a viagem com outras pessoas. (AE)