Museus em chamas

Só 2 dos 13 programas presidenciais falam em proteção a museus

Sete candidatos trazem proposta para cultura, sem especificar os museus, e quatro não têm nenhuma proposta sobre o tema

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Museu Nacional, no Rio, e Museu da Língua Portuguesa pegaram fogo e perderam seus acervos

O Museu Nacional do Rio de Janeiro teve na noite deste domingo, 3, a maior parte do seu acervo destruído em um incêndio que durou quase sete horas. O descaso com a cultura no país é apontado com o causador da tragédia.

Em dezembro de 2015, um incêndio de proporções similares atingiu principalmente a torre do Museu da Língua Portuguesa, instalado no prédio da Estação da Luz, no centro de São Paulo. Deixou uma vítima e, além de destruir parcialmente o imóvel, consumiu todo seu acervo, em sua maioria, digital.

Em novembro de 2013, houve um incêndio nos interiores do auditório Simón Bolívar, parte integrante do complexo do Memorial da América Latina, também em São Paulo, que deixou 11 bombeiros feridos. Além do prédio, a principal obra atingida foi uma tapeçaria da artista Tomie Ohtake que recobria inteiramente uma de suas paredes. Ainda na capital, em maio de 2010, o fogo destruiu um dos maiores acervos vivos de cobras tropicais do mundo, estimado em 80 mil exemplares, além de milhares de aranhas e escorpiões.

Ainda em São Paulo, o Museu do Ipiranga, que conta a história da Independência do Brasil, fechou há 5 anos para reforma por problemas de estrutura. Previsão de reabertura é em 2022.

Extinção do Ministério da Cultura

Em 2016, para reduzir os gastos do governo federal, o presidente Michel Temer chegou a extinguir o Ministério da Cultura, na leva da reforma ministerial. Após protestos, o emedebista voltou atrás.

Propostas dos presidenciáveis

Levantamento realizado pela Agência Lupa, mostra que dos 13 candidatos à Presidência da República, apenas dois trazem proposta específica, relacionada à política de museus: Marina Silva (Rede) e o PT – que tinha Lula como candidato, mas este está impedido de concorrer às eleições.

Sem especificar uma política de museus, sete candidatos falaram em seus programas de governo sobre a questão da Cultura. São eles: Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Eymael (DC), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), João Amoedo (Novo) e João Goulart Filho (PPL).

Mas há quem não tenha citado uma proposta sequer para a Cultura e nem aos museus. É o caso do Cabo Daciolo (Patriota), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Vera Lucia (PSTU).

No caso de Alvaro Dias, a única promessa é a “Cultura livre com Cartão Cultura”.

Ciro Gomes promete “preservação e ampliação de nosso patrimônio artístico-cultural”.

Eymael faz três promessas amplas para a cultura, incluindo “resgate e valorização da cultura e da identidade nacional”.

Alckmin atrela as políticas culturais a pautas econômicas em seu plano de governo. Afirma que o desenvolvimento da indústria criativa auxiliará o empreendedorismo em cultura. Também diz que reconhece as diversas manifestações artísticas como parte de um desenvolvimento econômico. Porém, o candidato não traz nenhuma proposta sobre a preservação do patrimônio cultural ou uma valorização dos museus.

Boulos dedicou oito páginas do seu programa à cultura e define oito promessas para a área, incluindo 2% do PIB. Entretanto, Boulos não apresenta nenhuma proposta relacionada de forma direta à política de museus.

Amoêdo afirma que implementará “novas formas de financiamento de cultura, do esporte e da ciência com fundos patrimoniais de doações”.

João Goulart Filho fala em restabelecer uma política cultural e focar em produzir ambientes digitais de memória.

O PT, que teve Lula considerado inelegível na última sexta-feira, 31, afirma em seu programa de governo que fortalecerá o Iphan e o Ibram para “proteção e promoção do patrimônio cultural e de fortalecimento da política nacional de museus”.

E Marina incluiu a política de valorização de museus em seu programa. “Nos comprometemos a oferecer condições de funcionamento a museus, arquivos e bibliotecas”.

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