SP volta à fase vermelha com retomada das aulas presenciais na rede pública
Especialistas afirmam que ainda é cedo para flexibilização e temem colapso na saúde
O estado de São Paulo retornou nesta segunda-feira, 12, à Fase 1-Vermelha do Plano São Paulo, em que somente serviços considerados essenciais podem funcionar. A decisão foi anunciada pelo governo estadual na última sexta-feira, 9, após o estado registrar leve queda no número de novas internações. A fase vermelha vale até 18 de abril.
Dados do governo paulista, divulgados na sexta, apontam redução de 17,7% nas internações em relação à semana epidemiológica anterior e diminuição da taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva, que passou de 90% para 87,2% na Grande São Paulo, e de 88,4% para 88,3% no Estado.
Desde o dia 6 de março, todo o estado de São Paulo está na Fase 1-Vermelha do Plano São Paulo. Mas como a taxa de isolamento não estava crescendo a níveis considerados satisfatórios, o governo endureceu ainda mais essa medida. Com isso, desde o dia 15 de março entrou em funcionamento no estado a fase emergencial, com medidas ainda mais restritivas. As aulas da rede pública foram suspensas, jogos de futebol paralisados e cultos e celebrações religiosas coletivas foram proibidos. Foi estabelecido ainda um toque de recolher à noite.
Apesar de avançar para a Fase 1-Vermelha, algumas medidas tomadas na fase emergencial serão mantidas nessa nova etapa. Cultos e celebrações religiosas coletivas, que são considerados atividades essenciais e poderiam funcionar na Fase Vermelha, continuarão proibidos no estado, atendendo ao que ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.
Também será mantida a recomendação de escalonamento de horário de trabalho para as atividades essenciais que estão permitidas nessa etapa. Segundo o governo, continuam valendo também o toque de recolher, estabelecido entre as 20h e 5h, e a recomendação de teletrabalho.
Aulas
A prefeitura liberou a reabertura de todas as redes de ensino após o retorno do estado à fase vermelha da quarentena.
Na rede estadual, as unidades abrem nesta segunda e terça-feira, 13, para orientação de pais e alunos. O ensino presencial será retomado a partir de quarta, 14, mas o retorno será gradual, com limite de ocupação de 35%.
A prefeitura de São Paulo convocou os profissionais da rede para serem testados antes do retorno presencial.
Futebol
Os jogos de futebol e outros esportes, que estavam proibidos desde o dia 15 de março, poderão retornar agora, ainda sem a presença de público. Também vai ser permitido que os consumidores voltem a retirar suas encomendas diretamente nos restaurantes, shoppings e comércio. O consumo ou atendimento no local, no entanto, continua proibido. Outra mudança é que será permitida a abertura de lojas de materiais de construção.
Preocupação
Para profissionais da saúde, o recuo ainda é considerado lento comparado ao avanço da doença e a reabertura parcial das atividades pode levar a um cenário ainda mais dramático da pandemia.
“Ainda não é o momento [da reabertura]. Os hospitais, as estruturas hospitalares de terapia intensiva, a falta de médicos preparados, assim como equipe multidisciplinar, enfermagem e fisioterapia, estão na carga máxima. Não temos mais especialistas, então é uma situação bem dramática. A tendência é aumentar e colapsar o sistema mais ainda”, explicou o Coordenador da unidade de terapia intensiva do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, André Gasparoto, à rádio Jovem Pan.
Para o gerente de práticas médicas do hospital Sírio-Libânes, Felipe Duarte, ainda é precipitado mensurar a eficácia das medidas restritivas da fase emergencial para o controle da Covid-19. Ele explica que o sucesso das restrições, bem como adesão ou não da população ao isolamento social, será comprovado ao longo próximos dias.
“Se elas cumpriram [o isolamento], provavelmente a tendência de queda se mantém. Se não houve esse comportamento, é possível que daqui a uma semana ou 15 dias a gente observe um repique de pacientes. Nunca é imediato, você nunca pode falar que a medida foi eficaz uma semana depois. A gente precisa respeitar a história natural da doença”, alertou.
Duarte acredita que as restrições deveriam ser mantidas no Estado. “Apertar economicamente é muito difícil, mas as perdas são muito grandes, são muitas vidas. Esse esforço, ainda que seja muito difícil, é preciso manter. Tem que ter um equilíbrio, ainda não é hora de sair, entendendo a nossa mortalidade atual”, diz, relembrando os recordes de mortes registrados em São Paulo durante o período restritivo.