Trensalão tucano

Secretário de Transportes de SP, atual e 6 ex-presidentes do Metrô viram réus

Trens parados custaram R$ 615 milhões aos cofres públicos

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Governo paulista comprou por R$ 615 milhões, em 2011, 26 trens que ficaram sem uso, uma vez que a linha 5-Lilás não estava pronta (Foto: Reprodução)

A Justiça de São Paulo aceitou denúncia contra seis ex-presidentes do Metrô e três executivos do Governo paulista por improbidade administrativa na compra de 26 trens por R$ 615 milhões, em 2011, que ficaram sem uso, uma vez que a linha 5-Lilás não estava pronta.

Tornaram-se réus: Sérgio Avelleda, atual chefe de gabinete do prefeito Bruno Covas (PSDB); Clodoaldo Pelissioni, atual secretário de Transportes Metropolitanos; Jorge Fagali; Peter Walker; Luiz Antonio Pacheco; e o atual presidente do Metrô, Paulo Menezes de Figueiredo. Jurandir Fernandes, ex-secretário de Transportes Metropolitanos, Laércio Biazzotti, e Dadiv Turubuk, ex-executivos do governo de São Paulo, também responderão ao processo.

Os trens foram comprados pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2011, mesmo estando as obras paradas para os trilhos da linha a que eles serviriam. Isso porque em 2010 o governo teve de paralisar a construção da linha 5-Lilás devido a denúncias de irregularidades na licitação.

“Segundo informações técnicas constantes dos autos, o teste definitivo do trem só poderia ser realizado na própria linha e, mesmo estando os trens parados sem uso em diversos locais, há mais ou menos quatro anos, além de outros desgastes do produto adquirido, e também o serviço de assistência técnica que pode ter sido afetado, exigindo nova contratação”, disse o juiz Adriano Marcos Laroca ao aceitar a denúncia.

A Linha-5 Lilás havia sido prometida por Alckmin para 2014. A estação Moema, no entanto, foi inaugurada apenas no último mês de abril de 2018, última semana do ex-governador à frente do Palácio dos Bandeirantes, mas ainda faltam várias estações a serem abertas.

De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o ponto central da denúncia, de 2016, é a definição da bitola dos trens. As peças compradas não teriam o tamanho correto para serem utilizadas na linha 5, o que “revela o total desprezo pela coisa pública, eis que, a mesma linha 5-Lilás do Metrô tem trens com bitolas diferentes; qual seja os trens que partem num sentido do trajeto devem ser trocados por outros”.

Na época, o promotor Marcelo Milani avaliou que isso mostrava “ser impossível a completa integração das linhas em manifesto prejuízo ao erário e principalmente a população usuária, tendo em vista que na situação atual nunca ocorrerá a total integração das linhas do Metrô”.

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