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Pesquisadores detectam dois casos da nova variante do coronavírus em São Paulo

Vírus é da mesma 'família' que surgiu no Reino Unido; testes atuais podem apresentar falsos negativos

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Testes para detecção do Covid-19. Foto: Roque Sá/Agência Senado

A nova variante do coronavírus foi detectada em São Paulos. Os dois casos da mesma cepa que surgiu no Reino Unido foram descobertos pelo laboratório de diagnóstico Dasa. A descoberta foi comunicada ao Instituto Adolfo Lutz e à Vigilância Sanitária.

A empresa afirmou que foram analisadas 400 amostras de saliva, coletadas por testes de RT-PCR. Esse tipo de teste, considerado padrão ouro de diagnóstico, detecta o código genético (RNA, nesse caso) do vírus nas amostras.

A variante, chamada de B.1.1.7, já foi registrada em pelo menos outros 17 países.

De acordo com o secretário de Saúde de SãoPaulo, Jean Gorinchteyn, os casos foram identificados em um homem e uma mulher que retornaram ao Brasil após uma viagem do Reino Unido.

Segundo ele, apesar de se tratar de uma variante oriunda da Europa, ainda não há resultados clínicos que comprovem se a cepa identificada em São Paulo é mais transmissível, como a mutação encontrada no Reino Unido.

“Nós sabemos que esse vírus tem como origem o Reino Unido. Agora a gente está olhando a sequência de uma forma clara – cada uma das bandas genéticas desse vírus – para saber se ele tem as modificações estruturais similares às modificações apresentadas e identificadas no Reino Unido”, afirmou o secretário à CNN Brasil.

Essa nova variante tem mutações que afetam a maneira como o vírus se fixa nas células humanas e é 56% mais contagiosa, segundo pesquisadores. Ainda não há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas.

No Reino Unido, ela já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O laboratório disse que está trabalhando com o Instituto de Medicina Tropical da USP para gerar material que permita testar a eficiência dos testes de diagnósticos do coronavírus.

A preocupação é que os testes atuais possam apresentar falsos negativos, quando uma pessoa está doente mas o exame não aponta a presença do vírus.

“Alguns testes de imunologia e de sorologia que só identificam a proteína S podem apresentar resultados falso negativos nos diagnósticos dessa nova variante. Estamos antecipando a avaliação para definir os exames que sofram menos interferência em seu desempenho de diagnóstico, numa eventual expansão desta variante no Brasil”, explicou o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana.

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