30 milhões de registros

SP: Carnaval vai ter sistema de reconhecimento facial para identificar suspeitos

Doria inaugura ferramenta que compara vídeos nas ruas com banco de 30 milhões de registros

acessibilidade:
Doria inaugura sistema de reconhecimento facial em SP. Foto: Governo do Estado de SP/Divulgação

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta terça-feira, 28, que a polícia do estado terá ajuda, pela primeira vez, de um computador de reconhecimento facial para tentar identificar rostos de criminosos, suspeitos de crimes e até pessoas desaparecidas durante o carnaval.

A nova tecnologia está no Laboratório de Identificação Biométrica, da Polícia Civil, no centro da capital paulista, inaugurado nesta terça.

O sistema é seguro e será acessado somente pela polícia, afirma o governo paulista.

“O serviço estará disponível e operante para a Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Científica, mais a Guarda Civil Metropolitana aqui da capital de São Paulo, sem contar as outras cidades metropolitanas e as outras cidades do interior que terão Carnaval”, disse o governador.

A ferramenta é capaz de reconhecer rostos a partir de frames de vídeo ou fotos. Para isso, um software compara as imagens com um banco de dados com mais de 30 milhões de registros —fotografias digitalizadas de carteiras de identidade, imagens captadas em locais de crime e fragmentos de impressões digitais.

Em seguida, o aparelho oferece um ranking de 20 pessoas com características similares ao rosto do criminoso analisado. Caberá à investigação policial determinar qual deles é o que mais se assemelha ao suspeito. No entanto, a tecnologia ainda não possibilita realizar a análise de rostos em movimento.

“É a mais moderna plataforma digital do país nos estados. É tecnologia a serviço da segurança pública e que melhora a eficiência investigativa. E, ao analisar casos já ocorridos, permite que se tenha um histórico para evitar novos crimes ou como combater crimes dessa natureza”, afirmou Doria.

Alguns pesquisadores da área, no entanto, fazem duras críticas ao uso do reconhecimento facial no Brasil, dizendo que os projetos implementados têm sido pouco eficazes e transparentes.

Foi na Bahia o primeiro teste durante o Carnaval. Nos quatro dias da Micareta de Feira de Santana, o sistema captou rostos de mais 1,3 milhão de pessoas e gerou 903 alertas, mas só 33 mandados de prisão foram cumpridos (4%).

Segundo os pesquisadores, diferente da digital, no caso do rosto humano as possibilidades de haver diferenças ou modificações são grandes, ainda mais com uma imagem distante e em movimento.

O estudo chegou ao perfil dos presos por reconhecimento facial, que segue a tendência da população carcerária do país: 90% eram negros, 88% homens, com idade média de 35 anos e abordados principalmente por tráfico de drogas (24%) e roubo (24%).

Já houve também casos de detidos por engano. Foi o que aconteceu com uma mulher e um homem no Rio de Janeiro, em julho do ano passado. No caso dela, descobriu-se que a procurada por homicídio já estava na prisão havia quatro anos, o que levou a PM a dizer que pediria uma revisão na base de dados da Polícia Civil.

O Delegado-Geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, de São Paulo, afirmou que a tecnologia não será a única prova para prender alguém.

“O reconhecimento facial não vai ser utilizado isoladamente como meio de prova. Nós vamos ‘linkar’ a outros procedimentos da Polícia Civil e formar um conjunto que vai determinar se um sujeito, que é o suspeito, praticou um delito ou não”, disse Fontes. (Folhapress)

Reportar Erro