Violência policial

Após atos de violência, PM de São Paulo passará por novo treinamento

Programa começará pelo alto comando da corporação

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O governador de São Paulo, João Doria. Foto: Valter Campanato/ABr
Ex-governador de São Paulo João Doria. (Foto: Valter Campanato/ABr)

Após atos de violência policial cometidos nos últimos dias, o governador de São Paulo, João Doria, disse hoje (22) que a polícia do estado passará por um novo treinamento. O programa, chamado de Retreinar, começará em julho pelo alto comando da Polícia Militar, mas será estendido para os policiais que trabalham nas ruas de todo o estado paulista.

Doria voltou a dizer que o governo paulista não é condescendente com a violência policial e que os atos violentos são cometidos por uma pequena parcela de policiais. Hoje pela manhã, o governador disse ter conversado sobre o programa de novo treinamento com o secretário de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, que está em isolamento domiciliar, após diagnóstico positivo de coronavírus.

“Falei a ele [secretário] para implementar o programa de retreinamento, o programa Retreinar, agora no mês de julho, para atender coronéis, tenente-coronéis, majores, capitães, tenentes e sargentos da Polícia Militar do estado de São Paulo, iniciando no comando da Polícia Militar, no quartel-general que fica no bairro da Luz, em São Paulo. E, depois, na Academia do Barro Branco”, disse Doria.

“Vamos retreinar todo o comando de nossas tropas para evitar que este 1% de maus policiais, que insistem em utilizar a violência desnecessária junto à população, possam compreender que isto não é aceitável na Polícia Militar do estado de São Paulo. Esse tipo de comportamento será investigado”, destacou Doria, acrescentando que os policiais julgados e responsabilizados por violência policial serão punidos e afastados em definitivo da corporação.

Abordagens violentas

Neste final de semana, circularam imagens, pelas redes sociais, de uma abordagem policial violenta em Carapicuíba, região metropolitana do estado. Na imagem, duas pessoas que estão em uma motocicleta são abordadas por policiais. Um policial militar aplica uma técnica de estrangulamento em uma das vítimas, que cai desacordada no chão.

Na semana passada, houve dois outros casos de violência policial. Em um deles, policiais militares estão sendo investigados por envolvimento na morte de um jovem negro de 15 anos. O jovem, identificado como Guilherme, desapareceu na noite de domingo (14), na Vila Clara, distrito de Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

Além desse caso, policiais militares de São Paulo foram flagrados, em imagens que circularam pelas redes sociais, agredindo pessoas rendidas no Jaçanã, na capital paulista, e em Barueri (SP).

“Condenamos os excessos policiais”, disse o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, Álvaro Camilo. “Recebi muitas mensagens de policiais militares para que a gente fosse rigoroso nas apurações do que aconteceu. Os próprios policiais condenam os excessos”, disse.

“Vamos retreinar todos os policiais de São Paulo, começando pelo comando. Primeiro, estão sendo reunidos todos os coronéis, depois os majores, capitães. A ideia é que, em 15 ou 20 dias, cheguemos na ponta da linha, nos sargentos, no cabo e no soldado para que todos relembrem o que aprenderam nas escolas: a defender o cidadão, a proteger e tratar as pessoas como gostariam de ser tratados porque essa é a linha da polícia de São Paulo”, destacou Camilo.

Segundo ele, 220 policiais militares já foram expulsos da PM somente na atual gestão.

O programa Retreinar, segundo Camilo, prevê reforçar ações nas áreas de direitos humanos, gestão e polícia comunitária.

Insubordinação

Doria e Camilo negam que esteja ocorrendo insubordinação de policiais em relação ao comando.

“O comando da Polícia Militar cabe ao governador. Confio na Polícia Militar do estado de São Paulo, confio na Polícia Civil e no comando da Secretaria de Segurança Pública. Temos menos de 0,4% [de policiais da Polícia Militar] com mau comportamento. Isto confere, portanto, que não há qualquer tipo de insubordinação, movimento ou práticas crescentes”, disse Doria.

“Isso faz parte, infelizmente, de uma média que temos que abaixar, reduzir ou, se possível, eliminar. Não há nenhum fator adicional que nos faça crer que haja qualquer movimento adicional ou circunstância além de uma normalidade condenável”, completou.

“Não há insubordinação de maneira nenhuma. O que temos aí é desvio de conduta. São casos isolados”, disse Álvaro Camilo. (ABr)

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