Programa De Braços Abertos

Russomanno compara usuários de crack a 'zumbis'

Haddad rebate Russomanno sobre usuários de crack: 'seres humanos'

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O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, chamou os usuários de crack de 'zumbis' ao participar com adversários do colóquio “Diálogos com a cidade”, promovido nesta terça-feira, 20, pela Arquidiocese de São Paulo. “Estamos criando o que vemos nos filmes de ficção. Uma sociedade de zumbis e uma sociedade de pessoas de bem que fingem que não olham para o próximo”, afirmou Russomanno ao analisar o programa De Braços Abertos, de atendimento a usuários de drogas, da gestão petista atual. 

O prefeito e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), rebateu afirmando que “não são zumbis, mas seres humanos”. E convidou o candidato do PRB a visitar um dos hotéis usados pelos beneficiários do programa.  O deputado disse que o programa precisa “ser melhorado”. “O que fazemos hoje quando damos abrigo no hotel ou dinheiro no trabalho, é que essas pessoas continuam usando (droga). Se não coibir a droga, o processo só aumenta”. Russomanno voltou a defender que a Guarda Municipal possa fazer cordões de isolamento e revistas a pessoas que se dirigem à cracolândia. O candidato lembrou que muitos moradores de rua são alcoólatras. “Que políticas públicas temos para essas pessoas?”, questionou.

Segundo o petista, o trabalho de diminuição dos impactos do crack pode ser resumido em “trabalho, tratamento e teto”. Segundo ele, com isso, 80% dos usuários participantes dos programas reduziram o consumo.

Questionado sobre o projeto de construção de 1,5 mil unidades habitacionais para a população de rua, o prefeito disse que as locações sociais foram adotadas como alternativa ante a redução de receita causada pela suspensão do repasse referente ao programa Minha Casa Minha Vida. "Na falta de dinheiro do Minha Casa Minha Vida, fizemos um programa de locação social”, disse. Haddad afirmou que em novembro pretende ir a Brasília, junto com lideranças de movimentos de luta por moradia, para pressionar o governo federam pela liberação de recursos do MCMV.

Questionados pelo padre Julio Lanceloti se, no caso de passarem para o segundo turno, os candidatos aceitariam participar de uma assembleia com os moradores de rua, ambos aceitaram o compromisso, marcando o único momento de consenso entre os candidatos.

Tarifas. O prefeito qualificou como “chororô de empresários” a afirmação de que a Prefeitura está em débito com as empresas de transporte público. “Isso é chororô de empresário. Eles estão recebendo e está tudo em ordem. Às vezes tem uma semana de fluxo, mas nada que inspire cuidados neste momento”, disse.

Russomanno rebateu o petista e afirmou que o déficit é de R$ 2 bilhões com expectativa de chegar a R$ 2,5 bilhões até o final do ano. “A Prefeitura está devendo para as empresas de ônibus, neste mês, R$ 150 milhões, que está pagando com atraso. Acredito que até o final do ano esses atrasos vão aumentar e no governo seguinte teremos um déficit maior ainda. É dinheiro pagado de serviços já prestados”, afirmou.

Haddad e Russomanno também falaram sobre seus planos para a tarifa do transporte público. O candidato à reeleição disse que pretende manter a política adotada a partir de 2013, quando eclodiram os protestos na capital paulista pelo passe livre. “Vamos manter a política atual de reajuste abaixo da inflação e programa de gratuidades com foco a camadas vulneráveis”, disse ele, lembrando que já implantou o passe livre para estudantes e idosos. “Estamos com a proposta de fazer o passe livre para o desempregado”.

O candidato do PRB disse que não pensa “por enquanto” em aumento da tarifa. “Primeiro vou ver como está a situação da cidade”, disse. Segundo Russomanno, uma forma de melhorar a saúde financeira da prefeitura na área de transporte é combater a fraude. “Muita gente está ganhando dinheiro fraudando os bilhetes”, disse.

Adversários. Foram convidados para o evento os cinco principais candidatos. Marta Suplicy (PMDB) chegou a participar da fase inicial do colóquio, quando por seis minutos apresentou as principais propostas para a Prefeitura de São Paulo, mas teve de se ausentar na segunda etapa para atender a compromissos de campanha.

Luiza Erundina (PSOL) mandou uma carta lida em voz alta, na qual justificava sua ausência. A candidata, que é deputada federal e não se licenciou do cargo, afirmou que teve de ficar em Brasília para tentar impedir a aprovação do projeto que criminaliza o caixa 2, isentando investigados pela Operação Lava Jato, “para que essa vergonha não seja aprovada pela Câmara”, disse.

O candidato do PSDB, João Doria, que havia confirmado presença até o final da noite de segunda-feira, 19, não compareceu. Em nota, Doria afirmou que está priorizando, neste momento da campanha, o contato direto com as comunidades e se comprometeu a atender a diocese em uma entrevista. (AE)

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