Ronaldo Lessa nega reaproximação política com Renan Filho

Conjecturas pré-fabricadas para a véspera do agressivo 2º turno em Maceió dão conta de que o deputado federal e ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) teria tido “conversas políticas” com o governador Renan Filho (PMDB), com perspectivas de indicação de um secretário na reforma administrativa que o chefe do Executivo de Alagoas fará para o início de 2017. Mas o fato é que a reaproximação foi meramente institucional, para tratativas sobre emendas parlamentares entre o governador peemedebista e o deputado que coordena a bancada federal alagoana no Congresso Nacional.

Não há proximidade política partidária entre Lessa e o peemedebista filho do Presidente do Senado, apesar da torcida de entusiastas que blindam o enfraquecimento político do governador Renan Filho. Tudo não passa de um fato criado para a divulgação com objetivos eleitoreiros.

Até porque passaram-se poucos meses desde a atitude politicamente pequena da retirada de cargos indicados pelo PDT de Lessa, após o deputado anunciar apoio à reeleição do prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSDB). O rompimento deselegante foi feito sem aviso, quando Renan Filho ainda flertava com a pré-candidatura do tucano à reeleição e mantinha seu atual candidato a prefeito, Cícero Almeida, o Ciço (PMDB), como última alternativa.

O entusiasmo de Lessa ao anunciar apoio a Rui foi interpretado como desrespeito ao poder supremo dos Renans, uma tentativa de forçar a barra. E o parlamentar e ex-governador foi tratado como um mero segurador de bandeira, que não deveria ter se antecipado à tentativa de aliança dos Calheiros com o prefeito tucano, que não deu certo porque Rui não respondeu às expectativas do governador e do presidente do Senado de se comprometer a ficar fora de seus caminhos e não disputar eleição majoritária em 2018.

“Praticamente impossível”

Um ex-assessor e amigo do deputado Ronaldo Lessa levou os questionamentos do Diário do Poder ao pedetista, que negou a aproximação política e confirmou que, nos contatos recentes mantidos com Renan Filho, trataram exclusivamente sobre a definição do destino de emendas parlamentares. Papel que desempenha como coordenador da bancada e parlamentar, não como aliado ou pretenso aliado político do governador.

Lessa é um dos principais articuladores da candidatura de Rui Palmeira, que lidera as pesquisas contra o candidato do governador e, de acordo com os últimos dados dos levantamentos do Instituto Paraná e Ibope, tende a impor uma derrota vexatória contra os Renans, já que os números apontam para uma diferença de mais de 30 pontos percentuais do prefeito tucano sobre Ciço, um recordista de votos em 2008 na capital alagoana.

Sobre o fato de o governador ter enxotado o PDT como resposta à aliança com o tucano, Lessa já disse ao Diário do Poder, em agosto, que considerou a atitude de Renan Filho um equívoco de quem tenta fazer política sozinho. Mas não admitiu ter ingressado na oposição e considerou o governo do peemedebista como bom.

Hoje, o parlamentar deixou a seguinte frase, sobre o fato de a notícia de reaproximação ter sido plantada para criar fato político negativo para o prefeito tucano: “É praticamente impossível de eu romper com o Rui Palmeira”.

Se o factoide foi um recado do governador, Renan Filho precisará recorrer a outra tentativa, sem mensageiro, se achar mesmo necessário se precaver contra um eventual embate com o grupo de Lessa e Rui em 2018.