Corrupção na Alerj

MPF pede condenação de Jorge Picciani, Paulo Melo e Albertassi, na Cadeia Velha

Alegações finais aponta trio como integrante do núcleo político da organização criminosa

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Presos na operacao Cadeia Velha Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Foto: Fernando Frazão/ABr

O Ministério Público Federal (MPF) formalizou alegações finais no processo da Operação Cadeia Velha, em que pede a condenação dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB e acusados de um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio. .

Picciani, Melo e Albertassi são apontados pelos procuradores como integrantes do núcleo político da organização criminosa que se uniu a empresários para utilizar seus cargos para enriquecer pessoalmente e se fortalecer politicamente, em troca de vantagens ilegais ou blindagem de interesses de setores da economia.

O MPF relembra que Edson Albertassi foi indicado ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, em novembro do ano passado, na vaga de um ex-conselheiro que delatou um esquema de corrupção no tribunal, Jonas Lopes. À época outros indicados teriam desistido de concorrer por sofrer pressões. E o Psol conseguiu uma liminar na Justiça para evitar a indicação, também alvo de ação da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros-substitutos dos Tribunais de Contas.

Edson Albertassi é acusado pelo MPF de tentar reverter a decisão judicial através de contatos com integrantes do Ministério Público e da Justiça, bem como junto ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB). A conversa ocorreu na pouco antes da Operação Cadeia Velha e foi interceptada há um ano.

Na conversa, Albertassi diz que a desembargadora responsável deu 72 horas para manifestações sobre a ação da associação. E Pezão então pergunta sobre a desembargadora: “quem é essa mulher?”. E Albertassi responde: “Maria Inês Galvão”. E os dois afirmam que não a conhecem. O nome correto da desembargadora é Maria Inês Gaspar.

A investigação também mostra outra ligação em que o grupo tenta influenciar votações na Alerj. No diálogo o presidente da Alerj, Jorge Picciani, conversa com o deputado estadual Bruno Dauaire, logo depois de o Tribunal Regional Federal da 2ª Região decretar a prisão de Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, em 16 de novembro de 2017. E Picciani pede a Dauaire que vote contra a manutenção das prisões, na sessão da Alerj convocada para o dia seguinte, às 15h.

“Preciso de você”, apela Picciani na ligação interceptada. “Amanhã você vai estar cedo aí?”, responde Dauaire, ao demonstrar apoio. E Picciani responde: “Não, amanhã vocês é que vão me fazer voltar”. Mas o deputado Bruno Dauaire foi a única abstenção na votação em que 39 deputados votaram pela revogação das prisões, com 19 votos contra.

Os procuradores defendem que foi evidenciada não só a força da organização criminosa, como seus tentáculos em diversos setores do estado. E não se admiram com o fato de, quase um ano depois da Cadeia Velha, a Alerj não ter aberto nenhum procedimento disciplinar contra os três deputados, que mantém a mesma estrutura, assessores mais próximos, salários e verbas de gabinetes.

Outro lado

A defesa de Albertassi afirmou à Globonews que o MPF  teria desconsiderado “todas as provas colhidas, que interpretam os fatos e insistem cegamente na condenação de um inocente”.

Também à reportagem de Marcelo Gomes, da Globonews defensores de Paulo Melo reafirmam a inocência do deputado e disse que não há gravação telefônica, conta no exterior e nem qualquer prova contra ele, apenas a palavra de delatores.

Já a assessoria do governador do Rio respondeu que a indicação de Albertassi para o Tribunal de Contas do Rio ocorreu após três conselheiros substitutos desistirem e que Pezão não tinha qualquer participação em atos ilícitos eventualmente praticados por Albertassi.

A defesa Jorge Picciani não se posicionou. (Com informações da Globonews)

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