RENDIDO PELAS TROPAS

Renan Filho tenta conter motim, após boicote à Força Tarefa

Adesão em massa à operação padrão pode fechar porto e aeroporto

acessibilidade:

Viaturas da Força Tarefa não saíram dos batalhões (Foto: Divulgação)O boicote em massa de policiais militares do serviço voluntário da Força Tarefa da Segurança Pública de Alagoas, com adesão estimada em mais de 90% no interior e de 60% de na capital do Estado, mobilizou o governo de Renan Filho (MDB) para tentar evitar que policiais e bombeiros militares concluam a promessa de aquartelamento a partir das 19h desta sexta-feira (13), bem como a retirada da brigada de incêndio do Aeroporto Zumbi dos Palmares e a interdição do Porto de Maceió.

O governo marcou para as 15h mais uma rodada de negociações com o movimento unificado das associações militares, na sede da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), mas não oferecerá os 10,61% de reposição de perdas salariais com a inflação, pleiteados pelos policiais e bombeiros militares. E a Seplag tinha sinalizado com apenas 3,8% de reposição para as tropas, na segunda-feira (9).

Mas a adesão em massa ao movimento e a negativa de Renan Filho de receber os representantes do movimento incentivou as tropas a exigir uma equiparação do reajuste ao percentual de 29% dado à categoria de delegados da Polícia Civil, previsto para ser aplicado a partir de janeiro de 2019, após dez anos sem aumento. Não está prevista a presença do governador nas negociações desta sexta.

Associações militares defendem que as tropas responsáveis pelos avanços na segurança pública de Alagoas merecem reconhecimento além de servirem como manequim de propaganda do governo de Renan Filho. E as viaturas amarelas da Força Tarefa estão estacionadas na maioria dos batalhões de Alagoas, desde a meia-noite de quinta-feira (12), e o acampamento que foi montado na Secretaria da Fazenda, no primeiro dia de mobilizações, será reerguido nesta sexta, na sede da Seplag.

NÃO TOLERA MOTIM

O comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Marcos Sampaio, publicou nota em que disse entender os anseios das categorias militares na busca por valorização profissional. Mas afirma que “não vai admitir radicalização ou indisciplina por parte dos policiais militares que aderirem ao movimento”, ao ressaltar que as negociações nunca foram encerradas.

Diante da posição do comandante da PM, um eventual aquartelamento deve ser tratado como crime de motim. E a paralisação de agentes de segurança já foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como inconstitucional, há um ano. Mas os líderes do movimento já afirmaram que não temem prisões nem consequências pelo movimento.

Questionada sobre os números de desligamento de policiais da Força Tarefa, a assessoria da PM disse que o prazo para as inscrições semanais se encerram nesta sexta-feira (13) e, por isso, a corporação só poderá ter número exato de inscrições na segunda-feira (16), quando é divulgado o levantamento geral das adesões. O serviço rende até R$ 1 mil a mais nos vencimentos mensais de cada policial. E a desvinculação à Força Tarefa não deve ser alvo de punições, porque o serviço é voluntário.

Até a manhã desta sexta, somente as viaturas da Força Tarefa foram atingidas pelo biocote. Mas as viaturas da escala normal de serviço seguem circulando, pelo menos até as 19h, quando param caso não haja acordo entre o governo e as tropas.

Reportar Erro