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Renan Filho requenta atração de fábrica para justificar R$ 612 mil gastos na China

Alardeada como negócio fechado na China, fábrica da GsPak já havia sido anunciada em 2018

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A veiculação oficial de uma propaganda enganosa inaugurou a exposição de justificativas do governador Renan Filho (MDB) para o gasto, sem licitação, de pelo menos R$ 612,5 mil com a pomposa viagem de uma comitiva do Governo de Alagoas à China. Na segunda-feira (22), o chefe do Executivo alagoano comemorou o que chamou de seu primeiro negócio fechado durante o evento chamado “Alagoas Summit”, que seria a instalação em Alagoas da empresa GsPak, fabricante chinesa de embalagens, com investimentos de R$ 187 milhões. Mas o negócio já havia sido fechado e anunciando, inclusive com concessão de benefícios fiscais aprovados desde o ano passado.

“E a notícia boa é que já garantimos R$ 187 milhões em investimentos através da GSPak”, foi como Renan Filho anunciou a “novidade”, celebrada também pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, integrante da comitiva: “Fazendo história, muito bom governador!”.

O que ambos sabem é que a história que pode estar sendo feita na China é a de jogada de marketing político mais cara já bancada pela população de um dos estados mais pobres do Brasil. Porque a própria indústria chinesa anunciou em julho de 2018 a instalação de duas fábricas no Brasil, uma no Paraná e outra em Alagoas, conforme lembrado pela reportagem do jornalista Carlos Nealdo, publicada pela Gazetaweb, nesta terça-feira (23).

Após o anúncio, o Conselho Estadual do Desenvolvimento Econômico e Social (Conedes) aprovou, em outubro do ano passado, a concessão dos incentivos fiscais para a empresa, com investimentos de R$ 177 milhões no Estado, alardeados à época pelo próprio governo.

“A GsPak é o terceiro player do mundo em embalagens longa vida, uma indústria chinesa com tecnologia própria e que fará com que Alagoas seja detentora do primeiro grande investimento da GsPak fora da China. Existe uma dificuldade técnica em relação à umidade. Então, eles iniciam a produção no Paraná e depois trazem para ser finalizada aqui, o que é muito importante para o Estado”, comemorou à época o mesmo Rafael Brito, que presidiu o conselho, que aprovou benefícios para indústria chinesa não pagar quase nada de impostos.

Governador Renan Filho discursa diante de investidores no Alagoas Summit, em Pequim. Foto: Agência Alagoas

Os incentivos fiscais, garantidos por meio do Programa de Desenvolvimento Integrado (Prodesin), foram oficializados por meio do decreto nº 63.724, assinado pelo governador Renan Filho no dia 25 de janeiro deste ano. Publicado no Diário Oficial do Estado três dias depois, o documento designava as secretarias do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) e da Fazenda (Sefaz) para adotar os procedimentos operacionais necessários à execução do decreto, “conforme determina a lei do Prodesin”.

Segundo o governo, os incentivos fiscais garantirão uma redução de 92% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na saída dos produtos industrializados em todo o território alagoano, “além do diferimento do ICMS sobre os bens destinados ao ativo fixo, sobre a matéria-prima utilizada na fabricação de produtos e na aquisição interna de energia elétrica e gás natural”.

Em princípio programada para se instalar no município de Rio Largo, a GsPak pode acabar indo para o polo industrial de Marechal Deodoro onde, segundo a fonte, há melhor estrutura de funcionamento. Pelas contas do governo, a nova indústria deve gerar até 400 empregos diretos no Estado.

Nesta quarta-feira (24), o governador também tratou como novidade a duplicação da capacidade da fábrica de fibras ópticas ZTT, no Polo Industrial de Marechal Deodoro. Mas a empresa já previa ampliar a fábrica de Alagoas, conforme o próprio governo antecipou em material de divulgação da missão, em junho.

Assista:

https://www.facebook.com/RenanFilhoAL/videos/646819572503124/

Missão China

Autorizada pelo decreto nº 65.970, de 22 de maio deste ano, a “Missão China”-  como vem sendo chamada pelo governo – conta com a participação de 12 representantes do governo de Alagoas, entre eles o governador Renan Filho, os secretários de Estado Mozart Amaral (Transporte e Desenvolvimento Urbano), Maurício Quintella Malta Lessa (Infraestrutura), George Santoro (Fazenda), Fabrício Marques Santos (Planejamento, Gestão e Patrimônio), Enio Lins de Oliveira (Comunicação) e Gustavo Ressurreição Lopes (presidente do Instituto do Meio Ambiente). Leia mais sobre o evento que custou mais de meio milhão do dinheiro dos alagoanos. (Com informações da Gazetaweb)

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