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Queimadas cresceram 30% no Brasil em setembro; Pantanal tem recorde

Já a Amazônia teve o segundo pior setembro de queimadas da década, segundo dados do Inpe

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Pantanal em chamas. Foto: Gustavo Basso/Nurphoto/Getty Images

Dados consolidados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que as queimadas que atingem o Pantanal em 2020 são as piores desde 1998 – mesmo ainda faltando 3 meses para o ano acabar.  Apenas em setembro deste ano, o bioma teve 8.106 focos de incêndio – recorde para o mês. É quase o triplo do mesmo mês do ano passado, quando 2.887 focos de fogo atraíram atenção internacional e motivaram uma força-tarefa do Corpo de Bombeiros local. O número representa aumento de 180,8%.

Comparado ao recorde anterior do mês de setembro (2007), o número registrado em 2020 é 47% superior e, em comparação com o recorde geral anterior do bioma alagadiço o valor de 2020 é 35% maior.

De 1º de janeiro a 30 de setembro, foram registrados 18.259 focos de inêndio no Pantanal. O ano que detinha esse título, até então, era 2005, com 12.536 (contabilizando os 12 meses). O aumento é de aproximadamente 46%.

Mesmo com a expectativa por chuvas na região para atenuar a forte seca, esse número tende a crescer até dezembro. A parcial do Inpe já contabiliza, por larga margem, a maior devastação registrada na maior planície úmida do mundo, que se estende pelos Estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, em 22 anos.

O satélite da Nasa de referência do Inpe revelam ainda que os focos de calor se alastram por diversos Estados ao longo de setembro. Durante os 30 dias do mês de setembro, foram registrados 69.329 focos de calor. O número é 30% maior em relação ao mesmo mês de 2019 e 36% se comparado com agosto de 2020.

A Amazônia concentra 46,2% dos focos de queimada, seguida do Cerrado (31,4%), Pantanal (11,7%), Mata Atlântica (6,2%), Caatinga (4,4%) e Pampa (0,1%).

Além da alta recorde no Pantanal, na Amazônia, o acréscimo de focos foi de 60,7%, se comparado a 2019. Também cresceram em 7,4% os registros de calor na Caatinga.

Segundo o dado mais recente do Inpe, até 31 de agosto, o Brasil perdeu 53.019 km² de mata nativa da Amazônia e do Pantanal juntos. O número equivale a 34 cidades de São Paulo.

Amazônia

No mês de setembro deste ano (o pior desde 2017), foram 32.017 focos de calor registrados na Amazônia; no mesmo período em 2019, o número foi de 19.925.

De de janeiro a 30 de setembro de 2019, foram registrados 66.749 pontos de fogo na região. No mesmo período deste ano, 76.030, um crescimento de 14%.

Prevenção

O Ibama gastou, até o dia 30 de julho, apenas 19% de seus recursos previstos para prevenção e controle de incêndios florestais. A lei orçamentária de 2020 destinou R$ 35,5 milhões para que o instituto tomasse iniciativas que poderiam conter o avanço do fogo em ecossistemas, mas somente R$ 6,8 milhões foram investidos nos primeiros sete meses do ano.

Em maio, o Ibama ainda recebeu R$ 50 milhões não previstos na LOA deste ano para o combate e prevenção às queimadas. O aporte, recuperado pela Operação Lava Jato em ações envolvendo a Petrobras e direcionado ao instituto após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, também foi pouco aproveitado pelo governo federal, a despeito das emergências registradas nos dois principais biomas do país. Do montante, apenas R$ 13.016.507 (26%) foram utilizados pelo Ibama.

Ambientalistas alertam que a maioria dos investimentos contra queimadas em florestas deve ser realizado antes da estação seca nos biomas, ou seja, entre abril e junho. Nos meses seguintes, os incêndios proliferam e já não há mais tempo para tomar medidas preventivas.

A contratação de brigadistas do Ibama em 2020 só foi concluída no final de julho. Em anos anteriores, essa contratação era normalmente concluída entre os meses de abril e junho.

Neste ano, o Ibama contratou 1.485 brigadistas para atuar em todo o Brasil. O número é semelhante ao contratado em 2019 (1.481), mas inferior ao contratado em 2018, quando 1.565 brigadistas foram selecionados pelo Ibama para atuar no combate a incêndios florestais.

 

 

 

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