Pisca-pisca

Quedas de energia e apagões em Alagoas põem em xeque privatização da Ceal

Defensoria ameaça processar a Equatorial e Aneel foi acionada pelo deputado JHC

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Dirigentes da Equatorial Energia em coletiva em Maceió. Foto: Ascom Equatorial

As três semanas seguintes à efetivação da privatização da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) levaram os alagoanos a conviver com o “pisca-pisca” no sistema de distribuição assumido pela empresa Equatorial e herdado da Eletrobras. Diante disso, diversas autoridades já procuraram a nova concessionária para questionar sobre dois apagões e faltas de energia frequentes na capital e no interior de Alagoas. Os temas já foram debatidos nas redes sociais e passaram pelas casas legislativas e gabinetes de órgãos de controle.

Nesta quinta-feira (4), a Defensoria Pública Estadual cobrou da distribuidora a compensação de danos aos consumidores e alertou que levará o caso à Justiça, caso necessário. E o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), formalizou reclamação para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) investigas as quedas de energia frequentes.

O defensor público-geral do Estado de Alagoas, Ricardo Melro, cobrou explicações sobre as medidas adotadas para acabar com o problema. E a gerente jurídica da Equatorial, Karine Morais, e o engenheiro do Centro de Operação Integrado da empresa, Jarson Amaral, informaram que as chuvas registradas geraram quedas de energia no interior alagoano e um dos apagões foi uma falha na rede elétrica local e outros dois casos teriam ocorridos em subestações da Chesf.

A Equatorial garantiu ainda que toda rede elétrica do estado está passando por uma reestruturação para evitar novos apagões, já que se encontraria defasada desde a época da Eletrobras.

O defensor público-geral sugeriu que a empresa adote novos procedimentos que acelerem a compensação de danos e facilitem o acesso ao direito aos cidadãos de uma forma menos burocrática, salientando, ainda, que não descarta levar o caso para a justiça.

E a empresa se comprometeu em apresentar um projeto de reestruturação da rede de energia com etapas e prazos, que servirá para a Defensoria Pública acompanhar de perto a atividade para melhorar os serviços ao consumidor.

O deputado JHC protocolou hoje uma representação junto à Aneel. E o vice-prefeito de Maceió (AL), Marcelo Palmeira (PP), foi uma das autoridades a cobrar, pessoalmente, do presidente da Equatorial Alagoas, Humberto Soares, soluções contra os prejuízos para os usuários, na semana passada.

“Esperamos que não ocorram mais interrupções. Vi alguns detalhes sobre estrutura e foram mostrados os reparos emergenciais que estão sendo feitos. Ficaremos atentos a essas melhorias”, disse o vice-prefeito.

Humberto Soares admitiu que não é comum ocorrer uma sequência de interrupções de fornecimento de energia como essa. Mas garantiu que a empresa irá direcionar recursos para aumentar a confiabilidade na rede de Maceió. “Hoje temos dois pontos de suprimento e nove subestações. Existe a necessidade de investimento para que elas possam ser interligadas e numa eventual falha tenhamos um estabelecimento mais rápido”, disse Soares.

A Equatorial Energia assumiu, em 18 de março, o controle da Ceal, injetando R$ 545,77 milhões no capital da antiga distribuidora de energia Eletrobras Alagoas, comprada pela bagatela de R$ 50 mil em leilão realizado em dezembro de 2018. Os novos dirigentes da empresa que possui R$ 1,8 bilhão em dívidas anunciaram em entrevista coletiva que haverá reajuste tarifário e um programa de demissões voluntárias (PDV) para quem quiser se desligar da empresa que tem folha com 1.214 trabalhadores. E revelaram que a Ceal tinha R$ 7 mil em caixa, em janeiro deste ano.

A Equatorial virou meme nas redes sociais, por ter explicado que o apagão ocorrido dois dias antes de assumir o controle da Ceal foi causado por um cassaco, que provocou curto-circuito na rede de distribuição. O animal marsupial é uma espécie de gambá comum na região e também conhecido como timbu e gambá-de-orelha-branca. (Com informações da Ascom da Defensoria Pública de Alagoas e Secom Maceió)

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